Stop and go
Ou seria go and stop? Porque estamos assim em nosso país: não restam dúvidas sobre uma melhora na economia, em relação a tempos recentemente passados. Está faltando, porém, engrenar. Ou seja, assim como tivemos tempo de queda contínua, precisamos urgente de um tempo de ascensão idem, que compense os estragos que a “tempestade perfeita” fez em todo o Brasil.
Os pilotos de aeronaves sabem que elas só caem quando há a coincidência de vários fatores negativos ao mesmo tempo, provocando, no linguajar deles, uma tempestade perfeita para comprometer a segurança do voo.
Assim ocorreu com o nosso país: governantes absurdamente despreparados para a sua missão, aliados a arrombadores do erário e, ao mesmo tempo, lideranças políticas carismáticas levando consigo multidões incapazes de se livrar do tapa-olho ideológico que já foi a desgraça de muitos países.
Resultou então que, em vez de a população em sua grande maioria se unir contra os graves erros que estavam sendo cometidos na administração pública, houve um racha nas preferências políticas, representado singelamente pelo notório “nós” contra “eles”.
Quando parecia, porém, que essa etapa estaria superada com a mudança no comando do país, ainda que a substituição ocorrendo com parceiros de chapa da última disputa presidencial, os interesses políticos falaram mais alto, revelando atritos até então não confessados.
A cruzada contra o atual presidente da República, que pode não ser flor que se cheire, mas é o que temos, além de ter sido escolhido de comum acordo com os hoje derrotados, contaminou todos os setores simpáticos a quem caiu fora.
Estamos agora nos aproximando da votação na Câmara Federal sobre se o presidente da República deve, ou não, ser julgado diante da nova denúncia contra ele interposta junto ao STF pela PGR, nos últimos momentos do comando de Rodrigo Janot.
Nossa opinião é que não, levando em conta que o atual ocupante do Palácio do Planalto está a menos de 15 meses de deixar o cargo, podendo os delitos a ele ora atribuídos serem apreciados pela Justiça a partir de 1º de janeiro de 2019.
Não estamos defendendo um eventual réu a ser processado por infringir o Código Penal. Defendemos – e tendo em vista a aparente fraqueza da denúncia – a necessidade de o país se reerguer dessa hecatombe que vem nos assolando há três anos.
Afastando agora o atual presidente da República, entraremos em nova convulsão política que não sabemos como terminará. Mas, com certeza, sabemos que reverterá o quadro de melhora, ainda que lenta, que estávamos atravessando.
Basta que imaginemos o saboroso prato feito que será apresentado ao STF, caso a Câmara dos Deputados autorize o julgamento. Se os nobres integrantes da Alta Corte – nem todos, mas grande parte deles – adoram serem alvos de grandes shows midiáticos, podemos imaginar o tempo que levará esse julgamento, apesar de o país sangrar em nova crise institucional.
Sem se falar na controvérsia que surgirá sobre quem deverá terminar o mandato de Temer, que era de Dilma.
Para os que discordam, aconselhamos velha lição sempre lembrada em momentos semelhantes: “Ruim com ele, pior sem ele”.
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O marketing brasileiro está salvo. Pelo menos, não será desta vez que mexerão com ele, através de um projeto de lei que corre no Senado e, ao que tudo indica – por já estar vivendo por 11 anos passando dos deputados federais para os senadores –, felizmente não prosperará.
Noticiamos sobre ele neste espaço do PROPMARK, na edição de 2/10 (Ameaça ao marketing), provocando um alerta no mercado que sensibilizou algumas lideranças.
Dalton Pastore, presidente da ESPM, abriu as portas da escola, que de há muito ensina marketing e tem o vocábulo no seu nome, para um debate entre os responsáveis pelas principais entidades do meio, com a curadoria de importantes e conhecidos advogados especializados na matéria.
Ao final dos trabalhos, chegou-se à conclusão de que é quase impossível que o projeto seja aprovado na Câmara Alta, não só pela sua pobreza de propósitos, como também pela confusão entre estes, ainda que reduzidos.
Nossa percepção é que se tratou de um projeto de lei com duas vertentes: a regulamentação do exercício da profissão, um vício parlamentar em nosso país, e a condenação do anglicismo, transformando o profissional que atua na atividade em mercadólogo e a própria atividade em mercadologia.
Uma guerrinha de viés ideológico em um mundo cada vez se utilizando mais, depois da chegada da web, não só do inglês como de outros idiomas.
Além do mais, o que é usarmos algumas palavras no seu idioma original, facilitando a sua imediata absorção e compreensão, em um país que usa muito o idioma de outros?
O leitor se informará melhor sobre a reunião da ESPM, lendo a cobertura produzida pela nossa jornalista Jéssica Oliveira, nesta edição.
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Do ponto de vista do consumidor, a propaganda que lhe é destinada, via analógica ou digital, será sempre aplaudida, quando respeitar um dos pilares da história publicitária: a criatividade.
Exemplo disso vem nos brindando continuadamente a agência Talent Marcel, com as campanhas e peças isoladas do anunciante Tigre Tubos e Conexões e também dos Postos Ipiranga, cliente da mesma agência. O público não só não se cansa de ver, como quer mais.
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Este Editorial é em homenagem ao publicitário e jornalista João Firme, incansável batalhador pela valorização da propaganda brasileira.
Armando Ferrentini é presidente da Editora Referência, que publica o PROPMARK e as revistas Marketing e Propaganda