Depois de faturar um bocado ajudando empresas de tecnologia a crescer, o antropólogo, futurista e analista digital Brian Solis sofreu as consequências do excesso de conexão digital: no ano passado, perdeu o prazo de entrega de seu oitavo livro para a editora e percebeu que tinha um problema.  Seu novo livro, Life Scale, é resultado dessa crise que levou a uma profunda investigação sobre si mesmo e sobre como o vício em tecnologia pode atuar de forma predatória impedindo uma vida criativa e, principalmente, distraindo as pessoas dos seus  projetos e metas realmente importantes.

“Todos os dias nos sentimos distraídos, mas vamos tocando a vida, sem nos dar conta daquilo que não estamos realizando. Não percebi como tinha se tornado difícil, para mim, dar conta dos meus projetos até o dia em que não consegui entregar o projeto do meu último livro para a editora. O primeiro sintoma foi cometer mais erros do que normalmente cometia. Meus originais voltavam sempre com muitas correções”, relatou.

Basicamente, o recado de Solis no SXSW – e que ele dá no seu livro – é que a criatividade depende de individualidade. Depende de viver a vida como se ninguém estivesse olhando. Ou seja, a antítese de tudo o que se faz hoje em dia, viciados que somos em redes sociais, em likes, em aprovação alheia.

“Passamos em média duas horas por dia olhando para a tela do celular em busca de mensagens, chegando redes sociais, e-mail. Em busca de validação, de aprovação. Passamos boa parte do nosso tempo assistindo momentos alheios. Temos tabs demais abertos no nosso browser, e a ilusão de que conseguimos fazer um monte de coisas ao mesmo tempo só nos distancia daquilo que precisa realmente ser feito”, comentou Solis.

Ele disse que acreditava ser efliz e criativo. Ser bom marido, bom pais. Mas começou a perceber que estava dando apenas o mínimo de atenção ao que realmente importava, dispersando-se no fantástico mundo do acúmulo de coisas, de momentos efêmeros de prazer, e da conexão com o que realmente lhe faz feliz.

“A tecnologia, os apps, nos divertem e nos distanciam daquilo que realmente queremos. Eles transformam comportamentos, criam sentimentos e sensações e assim não sabemos mais quem realmente somos”, disse.

Segundo ele, viver uma vida plena e criativa exige a desconexão. Ele sugere que se trabalhe em turnos de concentração plena de cerca de 25 minutos, intervalados, como treinamento. Até chegar à capacidade de ficar 90 minutos focado e concentrados naquilo que ele chama de “Deep Work”. Ao acordar, pela manhã, Solis sugere que se pratique inicialmente alguma atividade criativa – desconectado de e-mails, redes, toda a tecnologia.

“Precisamos recobrar nossa capacidade de focar.”, concluiu.

Cobertura patrocinada por BETC/HAVAS