O mercado de podcasts cresce em opções de qualidade nos Estados Unidos, e dois grandes players conversaram sobre as suas perspectivas no SXSW refletindo sobre o futuro do áudio. NYT e Endeavor, dois players que se dedicam aos podcasts explorando, respectivamente, conteúdo jornalístico e entretenimento, concordam que o sucesso de um podcast passa pela qualidade do conteúdo, capaz de criar o hábito nas pessoas.

Para o NYT, a experiência com o matutino “The Daily” tem sido interessante.

“É uma nova forma de jornalismo, como se fosse a primeira página do jornal comentada em áudio, e vem revolucionando nossa audiência e o storytelling”, dissse Sebastian Tomich, global head of advertising and marketing solutions da The New York Times Company.

Segundo ele, para as novas gerações, áudio é tudo. Os comandos mais triviais são em áudio, uma vez que para jovens em mercados como os EUA, por exemplo, assistentes de voz como Alexa e Google já fazem parte do dia a dia, além dos comandos de voz já comuns no celular.

O NYT não cobra dos usuários pelo acesso ao podcast The Daily, mas Tomich acredita que é uma questão de tempo e que, eventualmente, o jornal poderá vir a cobrar por seus projetos em áudio. Lembrando que, em junho, o jornal entrará também na TV, com um documentário semanal “The Weekly” nos canais Fx e Hulu.

Lisa LaCour, head of marketing da Endeavor, que criou no ano passado a Endeavor Audio, diz que há algo de mágico no podcast, e tem a ver com a sensação de intimidade com quem apresenta.  O engajamento é poderoso.

Quando questionados sobre formatos de publicidade nos podcasts, Tomich foi categórico: não gosta de apresentadores que vendem “o peixe” dos patrocinadores no ar, nem tampouco de spots de rádio veiculados sem qualquer adaptação ao formato podcast. No NYT, em geral, a área de branded content  – o T Brand Studio – produz os spots, embora haja alguns clientes que ainda preferem usar seus próprios formatos.

“Há tanta fraude na publicidade digital, que eu acredito que o espaço dos podcasts acabou se transformando em algo mais seguro e garantido, onde não há bots, por exemplo”, destacou Tomich.

Lisa chamou a atenção para as marcas, como MasterCard, que há estão trabalhando suas identidades sonoras para este novo mundo dos conteúdos em áudio, as chamadas “Sonic Brands”.

“Um novo mundo se abre com os assistentes de áudio, como a perspectiva de voltar aos velhos tempos em que a família se reunia em torno do rádio para ouvir um programa, por exemplo. Há muitas possibilidades de experiências em áudio”, disse Lisa.

Tomich acredita que ainda é cedo para esperar tanto das assistentes de voz, pois elas representam uma parcela muito pequena da população, ainda.   O uso, ainda se restringe a ouvir música e checar se vai chover, principalmente porque a grande maioria ainda não conhece ou não explorou as potencialidades dos devices, considerados um pouco ameaçadores à privacidade.

“Acredito que ainda vai demorar uns 2 ou 3 anos para que esses assistentes sejam de fato usados em toda a sua potencialidade. Mas de uma forma ou de outra, a voz é o futuro. Então vale fazer experiências e, para as marcas, é bom ir se familiarizando com o ambiente”, concluiu.

Cobertura patrocinada por BETC/HAVAS