SXSW é curadoria das tendências que abastecem agências, mídia e anunciantes

Tech, Web3, inovação, metaverso, 5G e outras novidades atraem gente do mundo inteiro para Austin (EUA) em busca de networking e refresh para ideias e criatividade

Criado em 1987, o SXSW (South by Southwest), tornou a cidade de Austin (EUA) em polo de convergências para mentes criativas que trabalham para fomentar conexões palatáveis de tecnologia, inovação, lançamentos, cinema, música, educação, cultura e publicidade. E networking.

A edição de 2022, que começa nesta sexta-feira (11) e se estende até o dia 20, marca o retorno presencial, mas os organizadores sabem que o modelo híbrido ainda será intenso e a média de 400 mil visitantes não será quebrada.

A origem do evento é a música, que é uma das poucas coisas capazes de transportar pessoas às memórias históricas da vida. E estará na pauta e na agenda de entretenimento neste ano com cinema e interatividade, que formam as colunas de sustentação do evento e agregam temas como Web3, NFT, metaverso e 5G.

O Brasil vai em busca das novas soluções que se tornarão padrão em breve. E com uma delegação que inclui profissionais de agências, produtoras, mídia e observadores da cena mercadológica global.

“Estamos ansiosos para ouvir sobre a inovação de ponta reconfigurando a experiência humana, tendências em games e interatividade, realidade mista e aumentada, a promessa do metaverso, criptomoedas, o futuro das experiências sonoras, pautas sobre sustentabilidade e emergência climática, colaboração multilateral. Sempre atentos, claro, às ativações de marca que vão rolar por lá”, detalha a executiva Isabela Mantese, head de estratégia da AKM_PFM.

A Globo vai marcar presença no SXSW com uma delegação de 10 profissionais. Mas faz esquenta, para debater, o SXSW Edu, que acontece a partir desta segunda-feira (7) e termina na quinta (10).

“Iniciativas inovadoras relacionadas à educação”, nas palavras de Manzar Feres, diretora de negócios integrados da emissora, são o caminho. No dia 14, a Globo promove happy hour em Austin e vai produzir resumo dos principais eventos e palestras para ser baixado por meio de download.

Manzar Feres, diretora de negócios integrados da Globo (Fotos: Divulgação)

Os trackings que tratam sobre futuro, indústria tech, experiência de publicidade e branding, indústrias de mídia, TV e games sempre estiveram em nosso radar e são os que acompanhamos mais de perto. E, este ano, educação, que é um dos pilares do compromisso social da Globo, também ganha destaque. Além disso, com as transformações pelas quais o mundo todo está passando, não podemos deixar de acompanhar as discussões relacionadas às mudanças climáticas, ao engajamento civil e à tecnologia em medicina e saúde”, detalha Manzar, que também busca negócios e estreitar relacionamentos.

“A quantidade de informações e novidades compartilhadas nos dias de festival rende muitas e boas conversas, com pessoas interessadas em compreender as mudanças e olhar para o futuro. Claro que as oportunidades de encontros menos formais durante o evento geram networkings interessantes. O SXSW é também um grande investimento para negócios, especialmente para indústrias como a nossa, que tem passado por transformações e investido em inovação”, prossegue Manzar Feres.

Marcar presença após a hibernação imposta pela pandemia da Covid-19 é uma necessidade. Ian Black, CEO da New Vegas, e o CCO Vinicius Facco vão aproveitar esse momento presencial. “Acreditamos que o festival ainda tem um papel importantíssimo em fazer a nossa indústria ter contato com outras discussões que outros festivais voltados à criatividade não provocam e traz um pouco de temas mais amplos que não só a propaganda por si só, uma construção de sociedade mais legal lá na frente. Normalmente palestras com nomes inusitados significam conteúdo mais original. Além disso, vamos em busca de palestrantes que representem vozes contra-hegemônicas, como pensadores negros, que trazem perspectivas mais amplas e complexas sobre temas relacionados a Web3”, explicam Black e Facco.

Sumara Osório, CSO da VML&R: terceira vez no SXSW

Andrea Mendonça, chief growth officer da B&Partners, agrega a sua ansiedade
sobre o novo o que diz respeito às pessoas, planeta, sustentabilidade, empreendedorismo saúde e bem-estar. “O festival vai trazer temas muito relevantes nesse sentido como o Discovering the undiscovered, que vai mostrar como a inovação pode apresentar soluções para alguns dos maiores problemas contemporâneos; e o The power of inclusivity, que vai focar na importância de incorporar pontos de vista diversos, que é algo que sempre acreditei”, pondera Andrea.

Observar como a agenda do SXSW vai tratar a tecnologia, nas palavras de Douglas Nogueira, diretor de planejamento da Talent Marcel, é uma busca para encontrar soluções.

“Para quem saiu da periferia para Austin aos 40 anos de idade e 25 anos de CLT, debutar com dois anos de atraso por causa da pandemia, não é sacrifício nenhum”, diz ele, que acrescenta: “Como a tech pode nos ajudar a sermos mais humanos, inclusivos e saudáveis? Quero ver como essas questões estão sendo tratadas, além do metaverso. Existem sérias questões éticas, legais e de inclusão ainda sendo debatidas”.

Reencontros
“A inovação ganha um outro layer: como inovamos na forma de nos conectar, relacionar e interagir? Como a tecnologia nos ajuda a criar conexões mais saudáveis, verdadeiras?”, pergunta Karina Corchs, diretora-executiva de estratégia da R/GA. “Espero turbinar as trocas de experiência, de cultura, de olhares e voltar renovada e inspirada a criar um futuro mais humano. A era da (des)informação: como controlar a qualidade da informação em um universo de tantas mídias, canais e até mundos virtuais pulverizados; e como, de fato, promover ações e acelerar processos”, responde Karina.

“Uma baita oportunidade para aprender”, é a conclusão de Tallis Gomes, cofundador e chairman do G4 Educação e fundador da Singu e da Easy Taxi. “É possível identificar tendências e oportunidades a serem exploradas, além de ameaças a serem contornadas e entender como outros setores estão evoluindo. O SXSW propicia condições para se fazer isso: atualizar-se; de quebra, em ambiente único”, reflete.

“Ver criativos, organizações, marcas e instituições públicas olhando para o mesmo lado e tentando encontrar caminhos para uma sociedade sustentável” é a expectativa de Carolina Braga, head de planning & insights do UOL, “num momento em que ‘fazer do mundo um lugar melhor’ vai além de campanhas de marca e se torna uma questão de sobrevivência”.

Carolina continua: “Vale destacar palestras sobre tecnologias que impactam diretamente no comportamento humano e, por consequência, no consumo de mídia.Representantes de grandes organizações revelam como a inteligência artificial pode nos ajudar a interagir com os consumidores também no metaverso. Ainda no campo da inteligência artificial e tecnologia, espero ver soluções eficazes, não só de publishers, mas também de governos que trabalham para combater intolerância e desinformação nas redes, em defesa das democracias”.

Douglas Nogueira, diretor de planejamento da Talent Marcel: encontro de soluções

Os reencontros são motivadores. Os encontros tête-à-tête, idem. “É olhar o futuro, as novas tecnologias, as novas relações humanas e de trabalho, as vozes emergentes. E, além disso, também tem a oportunidade de aprender um pouco de temas que talvez nunca passem perto do seu escopo técnico, mas que, com certeza, podem contribuir e muito para abrir a cabeça e trazer novos insights, como Health & MedTech, Cannabis e Transportes, no caso de alguém da nossa indústria. E tem o aprendizado de curto prazo, aquele que uma semana depois do evento já pode ser usado na prática, como benchmarks de diferentes segmentos, um novo report de tendências, uma metodologia ou até mesmo um framework, um jeito diferente de organizar o storytelling da sua apresentação”, relata Sumara Osório, CSO da VML&R, que vai estar no SXSW pela terceira vez.

“Em 2018 chamava a atenção a explosão da Cannabis e da Social Media, em 2019, a Blockchain e a AI. 2022 é o ano dos games, metaverso e Web3. O hotel Fairmont costuma ser o lugar do track de Advertising & Brand Experience e esses são basicamente os principais temas por lá também. A importância da diversidade também se destaca e é transversal a muitos dos temas, da produção de arte, conteúdo e tecnologia ao empreendedorismo e ambiente de trabalho. Os AR’s e VR’s permanecem em alta e influenciadores se transformam em creators. Cannabis cede um pouco de espaço para os psicodélicos e TikTok se transforma em tema, inclusive com um documentário sobre ele. As ativações e instalações também são um grande aprendizado na prática do que está por vir. Este ano, a Dell terá 4 dias de encontros sobre criatividade, imaginação e novas tecnologias; e o Michael Dell em pessoa tem uma featured session sobre emerging technologies”, elenca Sumara.

O isolamento social trouxe pressão e estresse para quem trabalha com referências, inspiração e criatividade. Essa tríade é o resumo de Bruna Pastorini, diretora de planejamento e dados da Druid. “Todo o processo de busca por referência precisou acontecer dentro de casa e 100% pela internet. Diante disso, ter a possibilidade de ir de uma quase total privação de referências para uma hiperexposição à inovação, à criatividade, à multiculturalidade e a toda atmosfera do SXSW é muito importante, é praticamente urgente”, considera Bruna.

“Acredito que estamos sedentos por esse momento de finalmente poder abrir a cabeça na intensidade de um SXSW, e sermos expostos ao que há de mais inovador. Este ano vamos ver os games, e todas as inovações que o game vem puxando, ganharem protagonismo nos painéis do evento. Com certeza, o SXSW vai oficializar o game como gerador de experiências e ferramenta para nós, publicitários, criarmos novas conexões entre marca e público. E vejo o SXSW puxando ainda mais nossa indústria para dentro dos games. Com certeza vamos voltar pra casa com a cabeça fervilhando de ideias e loucos pra colocar tudo em prática”, complementa a executiva da Druid.

O Google terá como representante do país o head de varejo Rodrigo Chamorro. Em sua opinião, informação, conteúdo alinhado com as tendências do mercado e visão para os novos comportamentos do consumidor estão na sua agenda. “O evento será uma oportunidade para conhecer pessoas e frequentar sessões que desafiem meu modo de pensar atual. A maioria das tarefas encontrou novos formatos de execução, a tecnologia ganhou novos usos e até mesmo redefinimos o relacionamento entre as pessoas. Além de tudo isso, o evento deve ser palco de debates sobre o papel de marcas, empresas e plataformas nesse novo contexto.

Descobrir o que ainda não está muito claro, discutir rumos que podem ser seguidos e aprender com as experiências dos outros será o mais interessante para mim na edição de 2022. O que é debatido no SXSW rapidamente se espalha e gera curiosidade. Esse interesse pelos novos temas abre portas para empresas que pensam diferente, novas agendas são criadas e a evolução acontece. Eventos como o SXSW mantêm a inovação na pauta, geram oportunidade e novos aprendizados e, por isso, eu considero tão importante participar”, finaliza Chamorro.