TakeOff: A epidemia da solidão e as conexões humanas
Evento realizado pela Hands reuniu CMOs brasileiros para refletirem sobre os conteúdos absorvidos no SXSW 2025
Os CMOs brasileiros que participaram do segundo dia do TakeOff, evento promovido pela Hands Ag na SP House, em Austin, nesta segunda-feira (10), levantaram dois temas importantes que dão o tom às discussões do South by Southwest (SXSW) neste ano: a epidemia da solidão e as conexões humanas. A mediação dos painéis é de Marcelo Lenhard, CEO da Hands.
Se nas últimas edições do festival de inovação a tônica foi sobre o impacto da inteligência artificial no mercado, desta vez a preocupação é sobre como convergir a tecnologia e a humanização. Como reduzir o uso de redes sociais para evitar o isolamento e como estimular as conexões emocionais.
“A expetativa maior é sobre a convergência da tecnologia e a humanização. A palestra do Maeda (John Maeda) foi polêmica, mas eu tirei muitos insights. Ele disse que estamos saindo da era do UX (User Experience) para agentes autônomos, que não vão mais dar simples respostas e sim resolver tarefas complexas e que precisam de uma adaptabilidade humana. Outro ponto é sobre trazer fontes e citações para dar mais credibilidade ao trabalho. No final, quem vai escolher e confiar nas marcas são as pessoas”, ressaltou Thalita Martorelli, CMO da Cielo.
Pela primeira vez no SXSW, o CMO da Betano, Guilherme Figueiredo, disse que esperava por um festival de tecnologia e inovação, mas que em vez disso está vendo um evento de conexões humanas. “Uma das conferências que vi e me impactou muito foi sobre solidão, como as pessoas estão solitárias e como a tecnologia ajuda e atrapalha, ao mesmo tempo. É, sem dúvida, o ponto alto do festival”, afirmou ele.
CMO da Seara, Tannia Fukuda trouxe para o painel o tema da epidemia da solidão e uma reflexão sobre como o marketing pode reverter essa realidade. “Entrei numa palestra que reunia uma médica, uma adolescente e uma pedagoga, que mostraram dados de uma pesquisa em que 70% dos adolescentes estão sofrendo de algum problema de saúde mental".
A executiva ressaltou que a epidemia da solidão pode estar mais latente nos Estados Unidos, mas que se espalha. "É muito difícil, porque em vez de buscarem a cura, eles se isolam cada mais vez nas redes sociais. O vídeo game tem para esses jovens o mesmo efeito de colocarem um moletom no verão como se fosse um escudo de proteção. Pensei muito sobre o nosso papel, como marqueteiros, para mudar esse jogo”, refletiu ela.
Por sua vez, Eduardo Picarelli, CMO da Heineken, frisou que para ele o SXSW se mostrou um festival de comportamento. Também estreante no evento, uma das palestras que chamou a sua atenção foi a de uma doula da morte. “A palestrante contou que busca ajudar as pessoas a morrerem. O seu ponto de vista é que a morte é o final, mas alertou para o fato de que tudo que vem antes pode ser mudado. Ou seja, a gente não se prepara como ser humano para o fim das coisas, para a renovação e o fim de períodos curtos”, destacou.
O último dia do TakeOff acontece nesta terça (11), novamente na SP House, que está instalada em frente ao Austin Convention Center, onde ocorrem as principais palestras do SXSW. Depois de compilar as tendências, a Hands realiza o evento em São Paulo, em 27 de março, quando apresentará ao mercado as 10 diretrizes estratégicas mais importantes observadas no festival de inovação.