Telas reafirmam hegemonia na cobertura dos Jogos Olímpicos
Os Jogos Olímpicos são um dos eventos mais assistidos do planeta. Sem público, a edição de Tóquio transfere para as telas a emoção de vitórias capazes de projetar o lugar mais alto do pódio na própria luta travada contra a Covid-19.
A expectativa é de que a audiência ultrapasse os anos anteriores devido ao trabalho em home office, que permite mais flexibilidade para acompanhar as disputas.
Detentora dos direitos de transmissão dos Jogos Olímpicos de Tóquio no Brasil, a Globo pretende conectar o brasileiro à emoção do evento em todas as telas e plataformas. “A edição deste ano será ainda mais especial tanto para o público quanto para o mercado publicitário”, aposta Manzar Feres, diretora de negócios integrados em publicidade da Globo. Com TV aberta, fechada e meio digital, a estratégia promete otimizar as ações dos patrocinadores a partir da análise dos resultados e de informações obtidas a cada entrega.
O projeto tem dois novos formatos comerciais, o Splitscreen e o Squeezback, que permitem o compartilhamento da tela entre imagens da transmissão e mensagens dos patrocinadores, favorecendo a memorização de marca sem prejudicar a experiência de consumo do conteúdo.
Novos quadros, como o Minha Medalha, e séries chegam com análises de especialistas e ídolos do esporte como Hortência, Gustavo Borges e Diego Hypólito. Na TV por assinatura, o SporTV terá quatro canais com programação especial e mais de 45 sinais com competições ao vivo.
A cobertura será disponibilizada para os assinantes do pacote Globoplay+ e canais ao vivo, enquanto o ge.globo vai trazer notícias, quadro de medalhas, estatísticas e vídeos. Na TV aberta, a Globo exibirá mais de 200 horas de transmissão. O desafio incide nas limitações de logística, acesso e na ausência de torcedores nas arenas. Mas Renato Ribeiro, diretor de conteúdo de esporte da Globo, garante que a emissora está preparada.
Terá em Tóquio 50 profissionais, entre repórteres, cinegrafistas e produtores. O restante da operação será feita a partir do Brasil, inclusive as transmissões, o que “abre a possibilidade de uma participação maior do time de comentaristas, convidados e talentos do elenco”, enfatiza Ribeiro.
Serão cerca de 400 pessoas dedicadas à cobertura. A emissora terá uma central olímpica nos Estúdios Globo, no Rio de Janeiro, que seria originalmente construída na Baía de Tóquio. A expectativa é superar a marca de 1,5 mil horas de conteúdo olímpico.
Mas tem outra previsão que anima a equipe. “Existe a possibilidade de recorde de medalhas do país. Chegamos como favoritos em esportes que estreiam nesta edição, como o surfe e o skate”, torce Ribeiro. Inclusão e representatividade também devem marcar o evento.
“Contar essas histórias nos enche de orgulho e responsabilidade”, frisa o executivo. Uma pesquisa conduzida em abril pelo departamento de inteligência de mercado da Globo apontou que 70% dos brasileiros pretendem acompanhar os Jogos Olímpicos de Tóquio.
Arquibancada
Evento típico da televisão, os Jogos Olímpicos devem continuar transformando o sofá das pessoas na sua principal arquibancada. “Esperamos uma audiência maior mesmo com um fuso horário tão distinto”, prevê Lica Bueno, sócia e CSO da Suno United Creators e presidente do Grupo de Mídia.
A TV Band espera uma boa audiência. A emissora transmitirá os Jogos Olímpicos de Tóquio por meio do seu canal por assinatura, o BandSports, que tem os jogos sublicenciados da Rede Globo. “Claro que a situação da Covid-19 diminui muito a possibilidade de contar mais histórias, mas para quem está em casa não vai mudar muita coisa”, acredita Denis Gavazzi, diretor de esportes do Grupo Bandeirantes, que está à frente do BandSports.
A programação permanecerá 24 horas no ar ao vivo. Parte dos profissionais trabalhará em solo brasileiro, mas há também repórteres, apresentadores, narradores e produtores que vão a Tóquio. Até o momento, são 20 credenciados.
“Não vamos trabalhar com VT. Faremos programas para rever alguns bons momentos, mas teremos muito jornalismo”, promete Gavazzi.
A Band trabalha com uma campanha criada pela Agência Nacional que utiliza o slogan Aqui o esporte está em casa para divulgar uma cobertura que desde 2019 se dedica ao esporte olímpico. Entre as atrações, estão o Maratona BandSports, com Álvaro José, e o De Olho em Tóquio, com Glenda Kozlowski.
O coro da internet
Da torcida, emana também o grito digital. “Tóquio 2020 provavelmente serão os Jogos mais digitais e sociais de todos os tempos”, sugere Leo Lenz Cesar, diretor de parcerias esportivas do Facebook para a América Latina. Amir Somoggi, especialista em marketing esportivo e sócio-diretor da Sports Value, engrossa o coro.
“Mesmo com todas as dificuldades, deve ser o evento mais digital e engajado da história”, avalia Somoggi. De acordo com dados do Google Trends, as buscas relacionadas aos Jogos Olímpicos Tóquio 2020 registradas em março já eram 30% maiores que o volume observado no mesmo período dos Jogos Olímpicos Pequim 2008.
Já o Facebook treinou nos últimos meses centenas de profissionais em 12 países da América Latina sobre produtos, serviços e ferramentas capazes de elevar o engajamento de comitês e atletas a uma comunidade que hoje reúne mais de 700 milhões de fãs de esportes na plataforma globalmente.
“Perfis de atletas são as contas de esportes mais seguidas no Facebook e Instagram”, revela Leo Lenz Cesar.
Segundo a plataforma, mais de 570 milhões de pessoas seguem um perfil de atleta no Facebook. No Instagram, o número supera 490 milhões. Nos Jogos Olímpicos Rio 2016, cerca de 277 milhões de pessoas tiveram 1,5 bilhão de interações com o esporte apenas no Facebook.
O conteúdo gerado pelos atletas também terá um papel importante para mostrar os Jogos mundo afora, funcionando como lentes pelas quais as pessoas poderão vivenciar os torneios.