Temática ‘pets’ cresce nas redes, gera conteúdo e alavanca negócios

Em 2020, as buscas por adoção de pets foram recordes no Google. O interesse pelo assunto cresceu 20% em relação ao ano anterior, atingindo o maior ponto da série histórica da base de dados da plataforma, iniciada em 2004. Consequentemente, claro, houve um  boom na procura por pet shops, recorde também ano passado.

E essa história poderia continuar reverberando etapa por etapa até chegar ao conteúdo, que diariamente passa por uma de suas timelines. São conteúdos que, muitas vezes, começaram despretensiosos e se tornaram cases de negócios.

Com mais de 1 milhão de seguidores no Instagram e Facebook, Cansei de ser gato é um benchmark. O perfil protagonizado pelo gato Chico foi lançado pelas humanas Amanda Nori e Stéfany Guimarães em 2013 com o objetivo de criar conteúdos bem-humorados e educativos para gatos.

O uso do termo #MãeDePet aumentou mais de 20% ao longo do último ano (Imagens: Reprodução)

Um ano depois, o Cansei de ser Gato passou a comercializar produtos para felinos. Além disso, o CDSG está também no Spotify com o PodCat, um dos podcasts mais escutados na plataforma no ano passado. Em junho, a plataforma de conteúdo foi adquirida pela Petz.

Amanda Santos, publicitária de formação, é outro exemplo. Acostumada a resgatar gatos em situações de risco ou de rua na cidade de São Paulo, ela os abrigava de forma temporária, até que fosse possível encontrar pessoas responsáveis pela adoção. Foi quando a conexão entre Amanda e os felinos ficou evidente a ponto de as pessoas a convidarem para cuidar dos animais.

Em 2014, enxergando uma oportunidade no segmento, Amanda passou a ser catsitter de todos os animais que ajudou. Mas com o aumento da demanda, ela viu a necessidade de se especializar em comportamento felino e atendimento veterinário.  Em 2019, a empreendedora inaugurou o hotel A Casa do Gato, para abrigar os felinos durante as viagens de seus donos.

Ela também passou a comercializar produtos, como crochês de catnip feitos à mão, bebedouros e comedouros. “O trabalho, que antes era focado para um determinado público, com a chegada da quarentena se tornou ineficiente e assim tive de oferecer outros tipos de serviços e ressignificar meu negócio, impulsionando e anunciando também, coisa que eu não costumava fazer antes”, diz.

Mas as redes sociais vão além dos negócios. Vinicius Magalhães, estrategista de marcas do Twitter Next no Brasil, explica que a plataforma é palco de diversas conversas, o que pode se tornar um importante aliado na comunicação de marcas. As menções #MãeDePet e #PaiDePet, por exemplo, cresceram mais de 20% entre janeiro e agosto deste ano em comparação com o período em 2020.

Catitude é fruto da Amanda Santos, publicitária que passou a se dedicar ao negócio (Reprodução)

“As marcas que souberem entrar em conversas com contexto e no momento certo têm a oportunidade de estabelecer uma conexão legítima com sua audiência. Além disso, o engajamento com o assunto não está restrito  apenas a empresas do segmento, mas a qualquer empresa que tenha seu propósito em sinergia com o tema e possa se conectar de forma genuína”, ressalta o executivo.

YOUTUBE E TIKTOK
Alessandra Gambuzzi, diretora de projetos de marcas e conteúdo do YouTube Brasil, afirmou que, nos últimos anos, houve um crescimento de watchtime de conteúdo relacionado a pets na plataforma.

“Desde os shorts, nossos vídeos em formatos curtos, mostrando animais de estimação sendo fofos, até tutoriais que te ensinam a adestrar seu cachorro, opiniões dos usuários sobre a melhor areia para gatos ou canais de veterinários que explicam como cuidar do seu pet, há uma infinidade de conteúdos na plataforma”, afirma. “Quando assiste a esses vídeos, a audiência tem a intenção de se conectar profundamente com o universo pet. E isso faz do YouTube relevante para o consumidor e para as marcas”, completa.

Com mais de 100 milhões de usuários mensais e uma comunidade de amantes dos animais de estimação, a executiva fala que a plataforma oferece aos anunciantes opções para segmentar sua comunicação a essa audiência de engajados nesse tipo de conteúdo. “A inteligência de dados do YouTube ajuda as marcas desse setor e de qualquer outro que veja relevância em comunicar-se com essa audiência, a falar com os interessados pelo universo pet”, garante.

A cantora Marisa Monte escolheu o TikTok para lançar o single A Língua dos Animais, faixa de seu novo álbum que fala sobre a conexão com animais. O lançamento foi acompanhado pela campanha #AdoteComMarisa, feita em parceria com o Instituto Amor em Patas e o Instituto Luisa Mell. A ideia foi convidar os criadores de conteúdo para apresentarem os pets adotados.

A ação, que foi até o último dia 10, trabalhou com diferentes tipos de criadores de conteúdo, como especialistas em comportamento animal.

SOLIDARIEDADE NAS REDES
Um levantamento da Squid, martech especializada em marketing de influência e comunidades, aponta a categoria de Pet em 1º lugar na Taxa de Engajamento média na categoria post (20,96%) e em 8º lugar na categoria stories (5,34%). Em seguida estão Decoração do lar, móveis e jardim, Livros e Literatura, e Humor.

Rafael Arty, sócio e diretor-comercial da Squid, observa que em 2019 e começo de 2020 havia alta dos nichos lifestyle e viagens, mas a pandemia mudou o comportamento do usuário e seu consumo de conteúdo. “Nichos como pets, decoração do lar e literatura tiveram uma evidência interessante devido aos hábitos caseiros recém-adquiridos. No meio de tanta notícia ruim, quem não se sente contemplado em ver um lindo conteúdo pet para alegrar o dia ou um meme com bichinho no TikTok?”, reflete.

Trecho do clipe A Língua dos Animais: Marisa Monte escolheu TikTok para o lançamento

Além dos negócios, de imagens fofas e do bom humor (procure Catioro Reflexivo e Arrombadinhos Fofos do Kralho) que atraem milhões de seguidores ávidos por esse conteúdo principalmente no Instagram, as plataformas possibilitam ‘correntes do bem’, que vão de grupos de adoção a comunidades que se ajudam. 

As ações podem ser de vaquinhas para despesas emergenciais a força-tarefa para encontrar animais perdidos. Há grupos que se organizam por bairros e cidades em todo o país.

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