“Tentamos colocar as emissoras na web”
O diretor-geral da Abert (Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão), Luis Roberto Antonik, defende que a relevância do rádio está ligada à maneira como o meio se aliou ao digital. O executivo conta como o rádio faz para se manter em uma realidade na qual a disputa pela atenção dos consumidores cresce a cada dia. “O que faz o rádio se manter é ele não ter brigado com as novas tecnologias. Ele se aliou: está em todas as redes sociais, repete o sinal em streaming na internet, faz webcasting…”, afirma o executivo. Confira a seguir os principais trechos da entrevista concedida ao PROPMARK.
Luis Roberto Antonik, diretor-geral da Abert: “O rádio não quer ser o táxi frente ao Uber”
Relevância
O segredo do rádio para continuar sendo um meio importante mesmo com a chegada das novas tecnologias é ter muita relevância. Entre todas as mídias, o rádio está em segundo lugar e muito distante do terceiro. O rádio tem uma relevância estúpida. Eu sempre brinco que quando você vai a uma emissora de rádio parece que está em uma nave espacial. As rádios são muito tecnológicas. O que faz o rádio se manter é não ter brigado com as novas tecnologias. Ele se aliou: está em todas as redes sociais, repete o sinal em streaming na internet, faz transmissão com imagem… A Abert (Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão) tem vários programas que incentivam essas coisas. Por exemplo, a antena de AM não cabe no aparelho celular, por isso incentivamos a mudança para FM, que tem muitas outras desvantagens, mas essa questão da antena é matadora.
Digital
Temos 250 milhões de aparelhos celulares no Brasil. 75% deles têm receptor de FM integrado. E ainda dá para escutar pela banda larga. As emissoras têm apps para iOS, Android, webcasting… O rádio não quer ser o táxi frente ao Uber. E é isso que tem mantido o meio rádio. Na Abert, tem um programa com o intuito de fortalecer o meio. Tentamos colocar todas as emissoras na internet. Se não tiver site ou app, a gente faz de graça. O número de emissoras adaptadas à mobilidade cresceu bastante nos últimos dois anos. Além disso, o rádio tem algo que ninguém tem: serviço local. O rádio está lá na horinha. Ele se adaptou à realidade digital muito rapidamente.
Vantagens
Mesmo nesta crise toda, o rádio vem se saindo muito bem. Primeiro porque é uma mídia muito segmentada. Existem mais ou menos 30 tipos de emissoras: sertaneja, gospel, de trânsito, de futebol… é fácil de anunciar porque atinge o público diretamente e é uma mídia baratíssima e eficiente. As pessoas não ficam trocando de rádio. Quem escuta rádio, escuta sempre as mesmas emissoras. Outra coisa, as medições de audiências estão muito em voga e, recentemente, as mídias sociais foram desacreditadas. A medição da audiência da rádio, como da TV, é mais garantida, acertada. A terceira vantagem é o preço. Se comparar com qualquer outro meio, o rádio é muito barato.
Opções
As várias opções para sintonizar o rádio se complementam. Quando o sujeito entra no carro, ele liga o rádio imediatamente. O celular tem uma variação: 100% dos aparelhos até R$ 300 são equipados com receptor de FM; 89% dos que custam até R$ 700 e 57% dos que custam acima de R$ 1.000 têm a tecnologia. Além disso, o rádio pode ser sintonizado usando a banda larga. Para esse público que compra smartphones, gasta mais de R$ 1.000 no aparelho, usar a banda larga não é um problema. Com os apps e os simulcast (transmissões simultâneas do sinal na internet), as pessoas escutam rádio no computador no trabalho, por exemplo. O rádio tem muita ligação com eventos. As pessoas gostam de saber o que vai ser realizado em sua cidade, por exemplo. O que você percebe hoje é que a audiência está muito espalhada.
Marcas
Essa segmentação dos tipos de rádio é muito boa para os anunciantes. O que o meio rádio precisava fazer – e a gente tem trabalhado muito nisso – é organizar as informações para as agências de publicidade, passar isso tudo para um banco de dados. Por exemplo, em Santa Catarina, há um pool de emissoras. A marca faz anúncio em 148 emissoras. No Brasil, temos 10 mil emissoras de rádio, incluindo comunitárias e educativas. Só as comerciais, são 4.650. Imagina, quando for fazer uma propaganda, ter de falar com todas. Melhor seria se houvesse um pool. Temos um programa para melhorar essas parcerias também.