The Bold Type: profissionais relembram líderes que marcaram suas carreiras

Lançada em 2017, a série norte-americana The Bold Type, produção do canal fechado Freeform, chegou ao Brasil em maio pela Netflix. A trama segue Jane Sloan (Katie Stevens), Kat Edison (Aisha Dee) e Sutton Brady (Meghann Fahy), que trabalham na revista Scarlet, liderada pela editora-chefe Jacqueline Carlyle (Melora Hardin).

Adaptado para o português como “Poder Feminino”, o seriado aborda diversos assuntos como racismo, machismo, política, diversidade sexual e equidade de gênero. Costurado nisso tudo, um dos pontos que mais chama atenção é o impacto positivo de uma liderança comprometida com um propósito e disposta a abrir caminhos para outras mulheres. Jacqueline é o ponto de apoio de suas funcionárias: acolhe as diferenças, incentiva a aperfeiçoar o trabalho, encoraja a tentar coisas novas, corrige erros com respeito e tranquilidade, entre outros exemplos.

Diante de um mercado em que todos esses temas são tão relevantes e no qual tanto se fala sobre desenvolver e valorizar lideranças, PROPMARK consultou diversas empresas em busca de bons exemplos reais.

A seguir, profissionais relembram atitudes de lideranças que influenciaram positivamente seu crescimento profissional. Com relatos pessoais, elas mostram como os exemplos que vivenciaram agora reverberam através de gerações e impactam diretamente a evolução da indústria.

Carolina Loureiro: “A mulher que mais marcou e ainda marca a minha carreira é a Laura Aguiar. Nos conhecemos antes de eu entrar na Ambev, em uma aula do curso de Sommelier de Cervejas em 2016. Ela era uma das professoras e desde então vi nela uma inspiração, pois estava no início da minha carreia como cervejeira e buscando qual caminho seguir. Passados alguns meses, entrei na Ambev, e minha admiração só aumentou. Achava incrível a forma como ela transmitia o conhecimento e a forma de sempre ser humilde e querer aprender com todos os colegas. Coloquei como meu objetivo profissional fazer parte da equipe dela. Essa oportunidade veio em 2018, quando ela assumiu o desafio de começar uma nova área voltada a conhecimento cervejeiro dentro da Ambev e me convidou. Acho que esse foi o momento mais importante da minha carreira. Laura sempre fez questão de me ensinar e também aprender comigo, incentivando e me dando autonomia para tocar o negócio. Quando estávamos trabalhando em times diferentes e eu estava passando por algumas dificuldades pessoais e profissionais, e comecei a duvidar da minha capacidade e das minhas próprias entregas. Por coincidência, nessa mesma época, surgiu mais um grande desafio que era o de aumentar criar a área de Conhecimento e Cultura Cervejeira e abraçar novos projetos. Laura foi escolhida para ser a líder dessa nova área e em nenhum momento duvidou do meu trabalho. Acreditou em mim e me pediu para ser o seu braço direito. Para mim essa foi uma grande conquista profissional! Graças a ela hoje me sinto uma profissional mais completa e segura no ambiente corporativo.”

Laura Aguiar: “Tive a oportunidade de cruzar com duas mulheres incríveis, as quais me trouxeram aprendizados importantes. A primeira é a Daniela Dezordi, que hoje não trabalha mais na Ambev, mas que na época era Mestre-Cervejeira e Especialista de Matérias-Primas. Eu a conheci quando entrei na Ambev, ainda como estagiária. Foi a primeira mestre-cervejeira mulher que eu conheci, o que por si só já foi bastante inspirador. Naquele período, eu tive pouco contato com ela. Ela, já com alguns anos de casa, trabalhava no Centro de Engenharia da Ambev, que fica no interior de São Paulo e eu, trabalhava em uma das maltarias no sul do país. No ano seguinte, quando fui contratada pelo Programa de Talentos da companhia, a Daniela era uma das profissionais que ajudava na formação das pessoas contratadas. Percebi que ela tinha uma atenção especial às mulheres que demostravam vontade em atuar na área e em serem cervejeiras. O grande marco para mim foi quando retornei do curso e tive de ser realocada. Vi na Daniela uma preocupação genuína em acompanhar e saber para onde estavam indo as mulheres cervejeiras, se estava tudo certo, qual caminho a carreira delas estava tomando. A palavra sororidade não estava tão em alta como hoje, mas acredito que foi a primeira vez que a vivenciei. A Daniela me inspirou a entender a importância de ser uma líder atenta ao assunto e de formar times igualmente atentos, com mulheres alavancando a carreira umas das outras. Outra grande profissional que me inspirou foi Cilene Saorin. Eu a conheci em 2015, quando foi minha professora no curso de Sommelier de Cervejas. No primeiro dia, ela contou sobre sua carreira, que por muitos anos foi dedicada à grande indústria. Depois ela seguiu outros caminhos, se tornou autônoma, passando a trabalhar com o ensino cervejeiro. Eu achei aquilo inspirador! Embora eu goste muito de trabalhar na grande indústria, entendi que poderia explorar outros caminhos nesse mercado. Hoje também sou professora. Com a Cilene entendi que era uma possibilidade de caminho para mim, que também podia ensinar e me especializar ainda mais. Essa foi uma inspiração que me realiza todos os dias quando posso dividir conhecimento sobre cervejas com quem busca se especializar no assunto.”

Isabela Levy: “Entrei como estagiária na Africa em 2014, minha primeira experiência profissional. Ainda era muito insegura e tímida, mas tive a sorte de ter uma chefe incrível e inspiradora que, desde o começo, identificou a necessidade de me dar um empurrãozinho quando fosse preciso, a Fabi Antacli. Ela tem ‘cabeça de dono’, para ela é natural ver que o trabalho não é somente a sua função, mas que as áreas precisam ser interligadas para que a entrega e o resultado sejam os melhores possíveis. Ela tem um pouco de mídia, atendimento, criação, produção, planejamento. Isso tudo fora seu cargo oficial. Com muita paciência e empatia, Fabi sempre dividiu comigo histórias, erros, aprendizados, planos e sonhos – dentro e fora do trabalho. Como a área em que trabalhávamos era apenas formada por nós duas, existia um grande gap entre cargos, o que fazia com que eu também tivesse que me responsabilizar por questões importantes e que eu acreditava ainda não estar pronta. Foi nessa época que, durante uma conversa, Fabi me falou sobre ‘se jogar na piscina sem boia’, que os meus maiores aprendizados viriam se eu realmente me permitisse viver aquilo e complementou com ‘pode se jogar que eu estarei aqui sempre de olho caso você precise de ajuda’. Hoje, sete anos depois, mesmo em áreas diferentes, costumamos falar sobre a piscina sem boia em nossas conversas. Essa capacidade de sair da zona de conforto me abriu muitas oportunidades dentro da Africa e me preparou para os desafios que sempre aparecem quando estamos abertos ao novo.”

Fabiana Antacli: “Posso dizer que a minha ‘role model’ é a Olivia Machado, cofundadora da Africa, que acompanhou praticamente toda minha trajetória profissional, desde quando comecei como estagiária na DM9 nos anos 90. Até hoje, quando a encontro, costumo brincar dizendo ‘quero ser você quando crescer’. Mulher forte, elegante, determinada e ‘arretada’, como boa baiana que é. Mas, principalmente, uma grande amiga. O que sempre busquei ser para quem trabalha comigo. Olívia tinha um faro impressionante para sentir que algo não estava bem em relação ao trabalho ou na minha vida pessoal e me deixava sempre muito à vontade para compartilhar com ela. Excelente ouvinte, nunca saí de sua sala sem um sábio conselho ou sem uma direção, um empurrão para tomar alguma atitude ou decisão. Sempre acreditou em mim, me incentivando a fazer as coisas e não ter medo de errar. Eu sabia que poderia contar com ela quando precisasse. E é exatamente isso que tento fazer com quem trabalha comigo. Para mim, não sou chefe de ninguém porque, antes de mais nada, sou amiga. E é sendo amiga que faço com que se sintam fortes, seguras e confiantes para tratar com quem quer que seja na empresa, tendo a certeza que podem contar comigo para tudo e a qualquer hora, sabendo que nunca soltaremos as mãos.”

Bianca Ferreira: Vivi Pepe marcou minha carreira. Justamente quando eu estava grávida e me questionava sobre o futuro, ela teve o maior gesto de encorajamento que eu poderia receber: continuou me desafiando e me convidou a assumir um cargo estratégico, mesmo tendo de esperar meses para eu voltar! Se cheguei a duvidar de mim, ela sempre acreditou que eu seria uma profissional melhor – não apesar da maternidade, mas justamente por isso. Vivi me prova com exemplos e atitudes (como gravar reunião em que eu não posso estar porque é no horário da minha filha pra dormir), que é possível sermos mães, esposas e profissionais – se assim desejarmos.”

Viviane Pepe: “A Zil Ribas é uma referência como redatora muito importante e possivelmente a primeira mulher negra no papel de diretora de criação no Brasil. Conheci a Zil na McCann, onde ela era responsável pelas principais contas sendo fundamental em campanhas icônicas. Até hoje, a imagem da Zil é um recurso para mim pelos exemplos e me inspira não só pelo talento, mas pela força, coerência e coragem. Mesmo em um ambiente extremamente masculino e competitivo, fez questão de nunca perder sua essência. Sempre buscou que o trabalho falasse por si e, hoje, segue sua trajetória como roteirista e também mestra, generosamente compartilhando sua sabedoria com outras pessoas.”

Isabela Nascimento: “Tive oportunidade de trabalhar com a Vanessa Brandão em dois momentos da minha carreira, o atual e o da minha efetivação na Heineken, como analista de marketing jr. da marca Desperados em 2014. Tem uma coisa que aprendi naquela época e que me inspira até hoje que é sobre contar boas histórias. E normalmente como profissionais de marketing costumamos pensar somente no consumidor em si, mas as histórias que contamos para outros stakeholders, até mesmo internos, são tão relevantes quanto. São as histórias que encantam e que traduzem o que as marcas representam, que geram valor e fazem valer a pena nossa profissão. A Van valoriza muito as histórias e com ela aprendi a valorizar também.”

Vanessa Brandão: “Quando trabalhei com a Mari Stanisci aprendi que liderança e liderado podem ser complementares. Que quem lidera não é quem sabe tudo e sim quem sabe construir times, que valoriza o trabalho da equipe enquanto os desafia a buscar o melhor. Além disso aprendi que dá para criar um clima leve e divertido em times de alta performance. Estava assumindo meu primeiro cargo de gestão quando trabalhei com ela, e foi um momento importante para que eu ressignificasse esses conceitos e buscasse a líder que eu queria ser. Trabalhar com ela foi um momento de reafirmação e inspiração na minha carreira, além de muito leve e divertido apesar do grande desafio que tínhamos. Guardo com muito carinho essa época e a amizade que surgiu desde então.”

Daniela Valverde: “Conheci a Andrea Mota quando ainda trabalhava em um dos fabricantes do Sistema Coca-Cola Brasil, em 2008, início da minha carreira. Ela apresentava os projetos das marcas num ambiente que ainda era majoritariamente masculino e aquilo me despertava grande admiração. Ela empoderada, segura de si, de cara se tornou uma referência feminina pra mim. Dez anos depois, quando participei do processo seletivo para a Coca-Cola Brasil, vi o nome dela entre os entrevistadores e tremi na base. De todas, foi a entrevista que eu fiquei mais nervosa. Mas, logo de cara, vi que ela era mais que aquela pessoa que eu admirava, era empática, interessada e disponível. Lembro de ter ficado ainda mais empolgada pela posição, já que eu teria a oportunidade de trabalhar na mesma área que ela. E assim foi. Sempre fui mais conectada a processos, protocolos. Em várias situações, Andrea trouxe para mim uma perspectiva mais flexível, me mostrou que correr riscos muitas vezes faz parte do jogo e que tudo bem errar. Em 2020 ela passou a ser minha chefe direta e me ajudou muito com técnicas de negociação e de como chegar a um meio do caminho quando um projeto ou decisão deve considerar outras perspectivas e outras áreas, por exemplo. Ganhei uma autoconfiança que acabou sendo fundamental para eu alcançar um cargo mais alto de liderança num processo seletivo da empresa.”

Andrea Mota: “Conheço a Marina Peixoto, diretora de diversidade da Coca-Cola Brasil, há 19 anos. Entramos praticamente juntas na Coca-Cola e fomos pares em diversos momentos. O que me inspira na Marina é a coragem que ela teve de construir uma carreira não convencional. Sempre movida a propósito, passou por diversas áreas da empresa, do RH à inovação, depois em comunicação e agora mais recente em diversidade. Acompanhei de perto todos esses movimentos, sempre com consistência de valores, sempre desbravadora, entrando em áreas que estavam começando. Eu sempre fui ao contrário. E quando em 2015 eu estava na dúvida sobre migrar de área, ela me disse que nem sempre as carreiras não convencionais, as movimentações que não são tão óbvias, serão percebidas pelos outros como uma mudança positiva. E aí ela me falou ‘precisa fazer sentido para você, para seus valores e pontos fortes. O importante é que você esteja sendo fiel aos seus princípios’. Isso me encorajou, me marcou muito e trago comigo até hoje.”

Juliana Oliveira: “Quando iniciei a minha trajetória no mundo da comunicação, nem imaginava o que estava por vir. A única certeza que eu tinha era a de que não me sentia representada nas mídias e campanhas publicitárias e isso precisava mudar. No início da vida acadêmica, já é um choque saber que a classe predominante das grandes agências é a dos não pretos, e já surgem diversos questionamentos de como iria entrar nesse espaço. Olho para trás e sei o quão difícil foi passar por toda a transição dos dois mundos, todos os conflitos e dualidade de achar que não pertencia àquele lugar, mas que, juntos, poderíamos escrever uma nova história para a comunicação e estar ali seria o primeiro passo. A Leo foi a minha primeira experiência no mundo corporativo e um grande desafio, de cara uma das maiores contas de varejo do país. Digo com propriedade que é essencial, no início da carreira, termos gestores como a Samanta Germano, com todo o cuidado e respeito que ela sempre demonstrou até mesmo quando eu ainda estava aprendendo. Sem nem perceber, a Sam, nos pequenos detalhes, foi fundamental para construir a minha confiança e a profissional que me tornei. Hoje, poder fazer a diferença no Papo Pretx, um coletivo da Leo para os novos profissionais que estão entrando no mercado publicitário. Agregar valor à vida desses talentos são dois grandes passos dados em prol dos líderes e comunicadores da próxima geração.”

Samanta Germano: “Minha relação com a publicidade veio de casa: nasci em meio a tintas, pincéis, desenhos, silks, canetas e aerógrafos. Cresci rodeada por arte. Meu pai, jovem desenhista negro, era muito ligado ao movimento artístico negro dos anos 70; produziu materiais de divulgação, campanhas, peças e anúncios publicitários, além de capas de discos. Minha mãe, Edna Maria Germano, mulher negra, quando bem jovem, iniciou sua carreira trabalhando como telefonista em uma grande empresa varejista. Teve a oportunidade de crescer e se especializar, passando a integrar o time de Marketing. Hoje, essa grande empresa faz parte do escopo de clientes da Leo Burnett e, não por coincidência, é uma conta que atendo há mais de 14 anos. Por isso, agradeço aos meus pais por serem minhas grandes inspirações para o meu ingresso no mercado publicitário. Com todas essas influências, decidi que minha profissão seria na área de comunicação e artes. Também comecei a desenhar, fiz cursos de aperfeiçoamento e optei por cursar a faculdade de Propaganda e Publicidade. Apesar de bater em muitas portas de agências com meu ‘portfólio’, não consegui oportunidade de estagiar em uma agência. Somente depois de me formar, consegui ingressar em uma agência house, por intermédio de minha mãe. Larguei a profissão por alguns anos (pois é pesado estar num lugar onde você não se vê), para trabalhar em projetos sociais voltados para o recorte racial. Mas decidi voltar e tentar transformar o ambiente publicitário, levando mais profissionais negros pra dentro da agência. Depois de muitos anos de profissão, na Leo Burnett, estou conseguindo, com o Coletivo Papo Pretex, incluir estudantes, criar oportunidades, desenvolver profissionais e levar pautas de interesse.”

Fran David: “Comecei a trabalhar com a Elise Passamani em março do ano passado. Quando ela me convidou para vir para a área, fizemos um bate-papo rotineiro para entender histórias, percepções e expectativas. Após saber um pouco mais de mim, lembro da sua fala acolhedora me dizendo que realmente eram muitas atribuições ser mãe, divorciada, cuidar de uma casa, de um carro, morar sozinha em São Paulo e trabalhar. Fiquei surpresa, pois até aquele momento nunca nenhum gestor ou gestora tinha abordado este assunto comigo ou demonstrado qualquer gesto de empatia por aquela vida que acontece todos os dias no paralelo da carreira profissional. Ela foi a primeira. Hoje, após 15 meses, tenho uma imensa gratidão por continuar a conviver com ela, que além de me incentivar, me acelerar e desacelerar quando preciso, também se preocupa com a mulher, com a mãe, a dona de casa e todos papeis exercidos por mim enquanto ser humano. Gestos como esse, valores como estes, só incentivam a replicar, a ser melhor a cada dia.”

Elise Passamani: “Eu havia planejado um grande movimento de carreira quase 10 anos antes dele de fato acontecer. Migrar do backoffice para o frontoffice era uma meta, que virou sonho. Quando chegou o convite, bateu o medo, a insegurança, a sensação de que não daria conta e nem todo mundo que estava ao meu redor, me apoiou. Nestes dois momentos, o do convite e o da possibilidade de desistir, a Marcia Esteves estava lá, me puxando, literalmente, para o lado da mesa em que havia tanto desejado estar. Me fazendo acreditar que eu era capaz, afirmando que ela me suportaria, me ensinaria tudo o que pudesse e que caminharia ao meu lado. Eu me lembro bem de ouvir dela, repetidamente, todas as minhas qualidades. Virou quase um mantra. Ela batalhou pela posição, batalhou para me deixarem ir, batalhou para me fazer acreditar. Ela não desistiu até aquela meta, que tinha virado sonho, se tornar realidade. O movimento de carreira rolou, ela se tornou fundamental nesta nova caminhada, minha maior inspiração e a melhor gestora que eu podia ter.”

Milena Del’Aqua: “A Fabíola Negrucci foi a primeira líder que eu tive. Por ser meu primeiro emprego e com o agravante do home office, eu tinha várias dúvidas sobre mídia e sobre agência. Contudo, a Fabi conseguiu me ambientar, representar os valores da agência e ensinar mesmo com a distância, me ajudando a confiar em meu trabalho.”

Fabíola Negrucci: “Para cada fase da minha carreira tive uma líder inspiradora. Aqui vou citar a mulher que me ajudou a criar ‘casco’ na profissão, que me apresentou pessoas importantes do mercado e me colocou frente a desafios que jamais poderia imaginar. Após quatro anos do início da minha carreira, em 2010 ingressei na agência que era o meu sonho de estudante, a DPZ. Lá conheci a Adriana Favaro, hoje na Kantar IBOPE, mas que atuava como diretora geral de mídia, uma posição de liderança que, majoritariamente, era ocupada por homens no mercado. Isso foi um dos gatilhos para uma relação de admiração e confiança, repleta de momentos em que ela me instruiu e me incentivou, sempre em busca da minha evolução profissional e pessoal. Hoje, mesmo em empresas diferentes, a acompanho com a mesma admiração e acredito que consigo passar adiante cada aprendizado vivido na nossa jornada.”

Thamires Oliveira: “A Luiza Portella foi uma inspiração pra mim antes mesmo de trabalharmos juntas. Em 2018, ela me deu a primeira aula de um curso de planejamento que fiz. Na época, eu estava me formando e essas aulas foram muito esclarecedoras, pois a partir desse curso decidi que queria seguir na comunicação como estrategista/planejamento. Nesse primeiro contato, pude entender a fundo o papel do planejamento dentro do mercado e, principalmente, me sentir mais pertencente ao meio da comunicação, já que ela é uma mulher que lidera uma equipe e contas superimportantes. Nesse meio, que ainda é muito machista, conhecer profissionais e mulheres como a Lu é uma motivação e tanto, porque a partir dela acredito que também posso chegar longe. Em 2019, tive a oportunidade de trabalhar com ela na WMcCann. Hoje, em quase dois anos na agência, sinto que o meu crescimento profissional é fruto do acolhimento e do aprendizado que ela e a Fabi Lovate me dão. Esse suporte, para mim, foi e é fundamental, porque a proximidade e liberdade que tenho com as duas faz com que eu me sinta muito amparada. É um diferencial sentir que as minhas líderes caminham comigo e estão dispostas a segurar na minha mão e me ajudar em qualquer momento. A Lu sempre procura levantar pautas superimportantes e que precisam ser faladas dentro e fora das agências, o que eu considero como uma das coisas mais relevantes e que eu mais admiro no trabalho dela. Pretendo levar isso para o meu futuro como planejadora. É um privilégio poder dividir tanto tempo e aprendizado com ela.”

Luiza Portella: “A Renata Bokel muito me inspira em sua maneira de liderar, leve e carismática, sem ser apontando o erro ou fazendo ameaças para fazer uma correção, que costuma ser muito comum nas lideranças. Ela inspira novas perspectivas partindo do que já está vivo e tem brilho, seja um talento seu, seja um aspecto da ideia criativa. É uma habilidade muito própria de reconhecer o ‘botão’ que impulsiona (e não o que pressiona) em cada um e o mesmo para uma grande ideia. E se desenvolver em um ambiente de trabalho assim é muito poderoso e saudável, não só para mim, mas para todo mundo. Além disso, ter uma líder mulher é uma honra e uma inspiração diária. E vejo na Renata uma grande aliada e parceira para me apoiar nas minhas lutas e também apoiar o crescimento e inclusão de todas as mulheres.”

Diana Guimarães: “Ao começar na Natura há quase 15 anos como trainee, um dos privilégios que tive foi conhecer as diferentes áreas da empresa. Uma das que me encantou profundamente foi a área de força de Vendas, que traduz o modelo de negócio da Natura por meio de mais de 1 milhão de Consultoras de Beleza atuando em todos os municípios brasileiros, orientadas, guiadas e incentivadas por outras mulheres. Os diversos casos de realização pessoal e profissional vindos dessa grande rede feminina de apoio me cativaram. Trabalhei na área durante quatro anos e, posteriormente, migrei para outras áreas internas. Quando Cida Franco assumiu a posição de diretora me senti muito inspirada e minha admiração por ela cresceu ainda mais ao presenciar sua atuação diária pela equidade de gênero e para que outras mulheres pudessem crescer, sempre com um olhar voltado para a competência e a estratégia. Tenho uma admiração gigante por Cida, que me fez voltar a sonhar após me convidar para retornar à força de Vendas, área onde trabalho atualmente.”

Cida Franco, diretora de Vendas da Natura: “Cheguei na Natura há dez anos para trabalhar na área de atendimento. Com o passar do tempo, fui convidada a assumir um novo desafio na área de Relacionamento, já atuando de maneira próxima da área de força de Vendas e trabalhando a serviço da venda direta e de milhares de pessoas, em sua maioria mulheres empreendedoras, que buscam uma oportunidade através da consultoria de beleza. Para mim, descobrir esse lugar no qual cada ação e cada estratégia gera impacto positivo e transforma a vida de tantas mulheres e de suas famílias foi um grande privilégio. Ao longo de minha trajetória, fui conhecendo inúmeras mulheres da rede e da Natura que me inspiraram a continuar vivendo esse segmento e a venda direta com paixão e a atuar cada dia com mais propósito. Uma dessas mulheres é Josie Romero, vice-presidente de Operações, Logística e Suprimentos Natura &Co América Latina. Conheci a Josie no meu primeiro ano de Natura e sempre tivemos forte afinidade e conexão. É uma grande líder. À frente de uma das maiores áreas do grupo, lidera de maneira genuína, justa e coerente, colocando paixão em tudo o que faz. É uma grande força feminina que me inspira diariamente pela forma com que lidera seus times e o negócio.”

Martha Carvalho: “Em 2019, recém-chegada na cidade de São Paulo, mãe solo, com um filho com 18 anos, estava em busca de novos desafios e possibilidades para sentir o brilho, o gosto pelo novo e principalmente viver novas experiências. Ao final do ano, recebi uma ligação de Samantha Almeida, então Head de social da Ogilvy, que mudaria os rumos da minha vida profissional e pessoal. Assumi o cargo de Producer Lead na Ogilvy para atender Nestlé. Esse universo me abriu o coração, a mente e principalmente me trouxe um sentido à busca que eu ainda não sabia qual era. Hoje me vejo parte do futuro da transformação das narrativas das marcas que atendo. A Samantha é minha irmã, amiga e mentora que me aguçou a vontade de fazer parte desse mercado tão desafiador. Hoje me vejo dentro desse ecossistema construindo novas jornadas de inclusão e diversidade que podem e devem transformar as realidades da nossa sociedade. No início da pandemia, em 2020, fui convidada por Samantha para liderar o projeto #GenteQueFazBem na Nestlé, que consistiu na construção do apoio financeiro e de visibilidade para empreendedores, criando conexões reais à partir da criação de conteúdos para marcas da Nestlé. Já em 2021 produzi a campanha de social media para o Dia das Mães de Ninho, em mini-documentários. O projeto #OAmorQueTransforma me tocou profundamente e me sinto realizada em conhecer e acessar projetos tão importantes para o reconhecimento de uma sociedade igualitária, diversa e inclusiva.”

Samantha Almeida: “Vou falar sobre liderança sob muitas perspectivas porque acredito que ela não está conectada a um cargo, mas à capacidade de transformar o entorno. O líder nasce quando ele é legitimado pelas suas ações, conquistas e perspectiva de mundo. As mulheres que vieram antes de mim tiveram grande importância para a existência da minha jornada – e isso é algo que sempre vou ressaltar. A grande líder que conheci na minha vida foi e sempre será a minha mãe. Ela sempre esteve inconformada com a nossa própria situação e, utilizando das nossas ferramentas disponíveis, nos guiou a construir o que acreditava ser um futuro melhor. Tenho inspiração, também, em mulheres como Luana Genot, do Instituto ID_BR, que é uma transformadora efetiva; Helena Bertho, que traz mudanças para as companhias onde atua; Fernanda Calvet, com quem trabalhei na Clinique e me inspirou a agir de acordo com minha intuição; Rafaella Gobara, que foi minha parceira de trabalho na Avon e marcou muito minha trajetória; Fatima Pissarra e Preta Gil, as grandes empresárias do mercado de entretenimento do Brasil e que foram minhas líderes na Mynd. E é impossível não falar de Fiamma Zarife, que é uma líder humana e comprometida com a transformação corporativa no ambiente das empresas de tecnologia. Não é fácil ser uma mulher na liderança de uma empresa de tecnologia com foco em conversa pública – ainda mais no Brasil. É extremamente inspirador vê-la liderar. Na minha trajetória profissional tenho mulheres que foram líderes, duplas e pessoas em meu time, como Thalita Duarte e tantas outras, que me inspiraram muito a olhar para mim mesma e me ajudam a construir a minha própria liderança para um caminho de troca.”

Nathalia Santana: “Trabalho em RH há alguns anos e sempre vi a grande maioria da liderança, tanto minha quanto de outros departamentos, ser composta por homens, no geral brancos. O maior impacto disso, que é visível, é o quanto descredibilizam a nossa voz por sermos mulheres. E a visão que sempre me trouxe é que dificilmente eu chegaria a esse nível. Quando entrei na R/GA, abaixo de uma liderança feminina pertencente ao time executivo da empresa, foi um grande impacto para mim, de todas as formas. Acompanhei, nesses últimos dois anos, o quanto a Gabriela Kuhl persiste, se dedica, se esforça e luta para ser ouvida e também ouve os outros, em busca de tornar o ambiente que trabalhamos cada vez mais humano e empático. A Gabs me inspira.”

Gabriela Kuhl: “Seria injusto dizer que apenas uma mulher foi a grande inspiradora da minha carreira. Apesar do número de mulheres em posições de liderança ainda ser muito pequeno, tive a oportunidade de tê-las no início da minha carreira. Hoje, como diretora de RH, percebo o quanto cada gestora influenciou e fez parte da minha trajetória. Tive um referencial de profissionais que, com competência, foco e objetividade, assumiram posições de liderança. E por muitas vezes, acompanhei o quanto foi desafiador para todas elas superarem as barreiras encontradas. Cada líder feminino que tive o privilégio de trabalhar, me trouxe muitos ensinamentos: liderar pelo exemplo, resiliência, lutar pelos objetivos e sonhos, sem esquecer da humanização e essência pessoal. A sensibilidade de cada uma destas gestoras continua me acompanhando e a junção de todos os aprendizados me tornaram a profissional que sou hoje.” 

Mariana Dutra: “Para mim, a Andreia Tavares é uma inspiração em vários momentos, tanto no trabalho quanto na vida pessoal. E digo isso com a certeza de que não estou falando só por mim, mas por diversas mulheres que também trabalham com ela. A Deia é extremamente competente e tem um coração enorme, que acolhe a todos e nos inspira até mesmo sem perceber. Conviver e trabalhar com uma líder mulher é muito significativo, porque nos faz acreditar que existe espaço e oportunidade para todas nós. Representatividade importa.”

Andreia Tavares: “A Sumara Osório, CSO da VMLY&R, foi a primeira mulher para quem eu olhei e pensei ´quando eu crescer quero ser como ela´. A Su é uma profissional completa – genial e muito inspiradora no conteúdo, mas também super aberta para qualquer outra questão e conselho profissional. Ela nos ensina a lutar pelos nossos direitos, nos dá todo o apoio e força e ainda luta do nosso lado. Porque, além de tudo, a Su é mulher, mãe, filha e irmã. Lideranças femininas que entendam e lutem por um mundo corporativo igualitário são uma força e uma inspiração para nos lembrar da importância de lutar por aquilo que acreditamos.”

Rosangela Manfredini: “Há mais de vinte anos, a Dra. Carla Sarni me incentivou a empreender. Aquilo parecia algo distante. Jamais imaginei que poderia ter minha própria empresa. Os anos se passaram, fiz parte da equipe que  fundou a Gol Linhas Aéreas, atuando em RH com uma postura intraempreendedora e contando com a Dra. Carla, contribuindo com ações junto aos colaboradores. Esta proximidade me empoderava. Um dia, a Dra. me fez o convite para trabalhar com ela como diretora de GP e montar minha primeira clínica Sorridents. Ver como ela conduzia sua rede e a oportunidade de ser um RH que olha para a estratégia, foi a condição ideal para desenhar meu projeto. Comecei a empreender com meus cursos na área. A Dra, Carla participou de um deles e disse que eu podia mais.  Cinco anos depois, montei minha empresa especializada em gestão de pessoas. Ela esteve presente em todos os momentos. Ela inspira, ajuda a criar e a transformar sonhos em realidade.” 

Dra. Carla Sarni: “Eu vi grande potencial na Rosangela. Porém, a insegurança de deixar o fixo a impedia de seguir e realizar seus sonhos. Foi então que eu a incentivei a montar a sua empresa especializada em gestão de pessoas, chamada Fábrica de Talentos. Como eu precisava resolver alguns déficits na rede com os franqueados e queria transformá-los em franqueados de alta-performance, comecei a indicar a empresa dela para eles. Ao incentivá-la, passei adiante o que a Luiza Helena Trajano, do Magazine Luiza, me ensinou em um determinado momento da minha trajetória. Enquanto recebi alguns nãos, ela me guiou para um sim. Ela me abriu portas para conseguir quitar uma dívida que possivelmente resultaria na venda da empresa. Com essa atitude, aprendi que nem sempre o caminho mais fácil é o que nos faz chegar ao nosso objetivo.”

Bibiana Saldanha: “Ter tido uma mulher como líder foi e é essencial na minha carreira, me mostra um caminho, que é possível ser assertiva e ainda ser empática. Trabalhei com a Anna Martha pela primeira vez há oito anos e lembro nitidamente de uma conversa em que ela falou sobre a importância de olhar de verdade para as pessoas, com empatia para reconhecer as fortalezas e dificuldades de cada um. Levo esse aprendizado comigo sempre, especialmente quando preciso trazer pessoas novas para o meu time. Me fez ver que um grupo realmente diverso é essencial para o nosso trabalho, amplia o olhar e a criatividade, e é impossível apostar na diversidade sem respeito pela bagagem de cada um.”

Rafa Lotto: “Tive ótimas líderes na minha carreira, mas uma coisa que sempre me desanimava era ver que os cargos mais altos raramente eram ocupados por elas. Eram gerentes e diretoras, raramente vice-presidentes e nenhuma presidente. Trabalhei em três multinacionais diferentes, nenhuma delas liderada por uma mulher. Claudia Sender foi uma líder que marcou demais minha carreira, não só por ter sido uma pessoa que me ensinou muito no dia a dia mas por ter ocupado lugares que antes eram só dos homens, empresa em que trabalhamos juntas e fora dela. Claudia foi a primeira mulher presidente de uma cia aérea no Brasil. É muito bom conhecer de perto esses exemplos e poder se inspirar neles. Ela foi muito importante, para além do momento em que éramos chefe e subordinada. Quando decidi mudar radicalmente, deixar a vida corporativa para empreender, não trabalhávamos mais juntas mas busquei seu conselho e tive o maior incentivo e torcida dela. Uma história muito legal que passamos juntas, foi no gerenciamento de uma crise histórica da marca nas redes sociais (sem precedentes, sem benchmarks, sem referências no Brasil de como lidar com aquela situação). Nesses momentos de tensão é que conhecemos bem os limites das pessoas e lembro de ter sido uma época de muito aprendizado e parceria. De um dia pro outro eu passei a ter muita interação com o Board de diretores, que não era a realidade do meu dia a dia, e ela sempre separava um tempo para me preparar para esses encontros. Comento que essa crise foi um presente na minha carreira, mas tenho certeza que poderia ter sido uma ingrata lembrança, não fosse pela liderança dela nessa situação.”

Camila Levy: “Quando entrei na Liv Up, era estagiária e a única mulher do meu turno – era eu e mais três homens. Na mesma semana, a Vivi Kim, head de CXM, me chamou para falar sobre isso, sobre a ideia que a empresa tinha de trazer mais igualdade entre homens e mulheres e também se mostrou extremamente aberta a me ouvir caso eu passasse por alguma situação que não me sentisse confortável. Nunca precisei ou me senti mal em relação a isso, mas a abertura e cuidado que ela demonstrou com certeza me deixaram muito mais confortável e tranquila quanto a essas questões na empresa. A Liv Up é meu primeiro emprego, então com certeza mudou a visão que eu tinha sobre o que seria trabalhar em uma empresa, o acolhimento que receberia, além de reforçar os valores.”

Renata Moraes: ”Por muito tempo, fui uma pessoa insegura com tudo que eu fazia: trabalho, faculdade, questões pessoais. Enfim, na minha percepção nada do que eu fazia era motivo para ser reconhecida ou era o suficiente. Até que fui contratada pela Vivi Kim. A partir daí, foi uma sucessão de questões minhas que foram se resolvendo muito por conta das conversas que tivemos, que foram inúmeras, e em muitas delas ela fazia papel de psicóloga. A Vivi sempre fez questão de enaltecer os desafios que eu passava na época, mostrando e apontando que sou capaz de conquistar tudo aquilo que eu almejava.  Ela acreditou e apostou em mim mesmo quando eu mesma desacreditava na minha capacidade. Ter o apoio dela foi essencial! Para mim, isso é uma liderança inspiradora. Com certeza ela está entre as mulheres que mais me inspiram na vida. Sou e serei eternamente grata pela grande parcela na qual ela é responsável por quem eu sou hoje. Ter uma liderança que muda você até no âmbito pessoal é muito valioso. Sempre digo que minha entrada na Liv Up foi um divisor de águas e ela está diretamente ligada a isso!”

Viviane Kim: “Pra mim, liderança sempre foi muito mais reflexo sobre como influenciar positivamente as pessoas ao seu redor do que orquestrar os objetivos da área e das tarefas do dia a dia. Claro que essa parte também é importante, só que a influência – não no sentido de fazer as pessoas tomarem a decisão que você espera, mas sim como você ajuda a pessoa ser a melhor versão dela mesma – foi algo que apliquei na minha trajetória profissional desde o início, e acredito que uma das chaves do sucesso de ter um time com tanta performance e autonomia como é o de CXM da Liv Up, hoje. Mas isso só é possível se o ambiente que você está te dá essa liberdade de ser quem você é e se as trocas que você tem te permitem essa reflexão. Felizmente, tive os dois e aprendi muito com todas as outras mulheres que trabalham ou já trabalharam comigo direta ou indiretamente. E ser líder não necessariamente significa ter um time para coordenar, novamente está na influência. Uma mulher em específico, a Nat, que era estagiária de logística quando chegou, foi a que mais me ensinou sobre empoderamento feminino, sempre sinalizando pequenos exemplos do dia a dia que consideramos ‘normais’, como uma interrupção entre reuniões, piadinhas etc. Isso me fez ficar muito mais alerta e vigilante para criar ambientes em que essas ações fossem evitadas.”

Fernanda Rossi: “Quando conheci a Isabelle Tanugi, eu tinha 22 anos e atuava como atendimento em uma grande agência de publicidade. Na época, me sentia bastante desestimulada com o trabalho e pensava seriamente em mudar de carreira. Eu adorava publicidade, mas na agência não estava conseguindo encontrar o meu lugar. Foi quando uma grande marca internacional de cosméticos, que até então apenas adaptava para o Brasil suas campanhas globais, resolveu fazer seu primeiro comercial produzido por aqui. Foi uma comoção na agência pois tratava-se do seu cliente mais importante e a campanha tinha de ser um sucesso. Era fundamental manter o alto padrão internacional dos filmes da marca. Consultamos as mais conceituadas produtoras da época e me lembro que todas apresentaram pessoalmente seus orçamentos e tratamentos para o cliente, mas nada agradava. Até que surgiu aquela francesa linda e poderosa numa reunião. Não teve pra ninguém! Ela era firme, totalmente segura de seu trabalho e facilmente convenceu a todos de que a Zohar seria a melhor escolha. Filmamos por sete dias em uma ilha paradisíaca na região de Angra dos Reis/RJ. Eu, menina, acompanhando a filmagem, me encantei com todo aquele ‘circo’ armado, achei linda a magia do set, com seus cenários, figurinos e atores. Fiquei impressionadíssima com a eficiência da equipe, as pessoas indo e vindo ocupadas e com propósito. Tudo funcionava como um balé… Pela primeira vez eu me sentia orgulhosa e animada por ter feito parte daquele trabalho. Pensei: ‘É isso! Eu quero ser como essa francesa!’ Mandei um e’mail para ela pedindo emprego e um mês depois comecei na Zohar como sua assistente. Tive sorte! Já se vão 20 anos e continuamos juntas, agora sócias e amigas. Minha musa inspiradora.”

Isabelle Tanugi: “Era final dos anos 70 em Paris… Apesar de uma paixão profunda pelas artes plásticas e o cinema, eu estava decidida a cursar Economia e Geopolitica, convencida de que minha paixão pelo cinema não poderia se reverter em uma profissão viável. Litza Bain, grande artista de pintura sobre seda, me levou até seu Atelier em Montmartre. Ali, cercada e cores e materiais, aprendi esta técnica milenar. Olhar a matéria, olhar as cores, procurar no horizonte alguma forma que pudesse inspirar meus desenhos. Litza se contentava do prazer em dividir a sua arte com inúmeros artistas (Kima Guitar, Jeanne Marie Robic, Cecile Patryl Morel, Theo Dahan…) que passaram e aprenderam com ela. Com Litza aprendi o olhar. Costumávamos conversar muito sobre as minhas paixões pela imagem e ela sempre me incentivou a buscar além da realidade imediata. De seu microatelier, ela fez projetos de marketing gigantescos e muito divertidos, envolvendo, numa ocasião, designers europeus reunidos em um andar inteiro do hotel Hilton, em Paris, cada um decorando um quarto diferente com um material na época muito revolucionário, hoje em dia utilizado em todo material hospitalar. O Famoso TNT. Então o marketing poderia ser fun? Com certeza! Com Litza tudo se tornava divertido, inovador e ousado. Acho que não teria tido a coragem de chegar no Brasil sozinha, sem dinheiro e começar uma carreira nova se não me lembrasse sempre dessa aprendizagem. Para Litza Bain. Memórias saudosas.”

Laura Chiavone, diretora de Agências do Facebook no Brasil: “Ser boa mãe e boa profissional é um desafio e tanto para todas as mulheres. Fato. Agora, não bastasse o desafio natural de encontrar o melhor formato de viver estes dois grandes projetos de vida em coexistência, o desafio se torna árduo quando consideramos todas as expectativas sociais e estereótipos culturais com que temos que lidar. Os ideais de mãe, os ideais de profissional que absorvemos ou que são cobrados de nós pela família, parceiros, amigos, pelas histórias que assistimos na TV ao longo dos anos. Uma tarefa constante de entendermos as nossas próprias expectativas e dialogar com as pressões que sentimos. Muitas mulheres inspiradoras fazem parte da minha trajetória, que consciente ou inconscientemente, contribuíram de forma decisiva para grandes conquistas. Aqui, gostaria de ressaltar duas que foram fundamentais para eu me sentir confiante a respeito destes dois projetos de vida, e ao mesmo tempo confortável em me expor com vulnerabilidade. A primeira delas, não poderia ser diferente, é a minha mãe. Passei a minha infância, nos anos 80, brincando de esconde-esconde na agência de publicidade onde a Celia Belem, minha mãe, era vice-presidente de Planejamento. Eu a via sair de casa de manhã e voltando tarde, toda arrumada com suas blusas de seda de ombreiras e lendo as entrevistas que dava aos jornais. Aprendi pelo exemplo dela, que mulheres trabalham, têm uma voz potente que deve ser ouvida, constroem famílias, redes de apoio importantes e são desafiadas todos os dias. Crescendo, mesmo sem imaginar que trabalharia na mesma indústria, nunca tive um pingo de dúvida de que a maternidade e a profissão eram projetos de uma vida só e que podem contribuir um com o outro em harmonia. Mais velha, após me tornar mãe e ter amigas mães, é que fui impactada pela pressão social e cultural que nunca havia percebido através da minha mãe – ela enganava bem 😉 Quando meu filho tinha dois anos, fui fazer o MBA em Creative Leadership na Berlin School. Lá, tive a sorte e privilégio de conhecer a Roberta Di Pace, que se tornou uma grande referência. A Roberta tem uma carreira impecável na nossa indústria e é mãe fantástica de seus três filhos, que hoje já são adultos. Convivendo com a Roberta durante longas semanas, observei com muita admiração sua dedicação aos filhos, ao lado de trabalho e tarefas da escola. A vi conversando com eles, aconselhando e ouvindo tudo o que eles tinham para contar. Depois, ela se virava empolgada para nós do grupo de trabalho, e voltávamos a discutir finanças e o mercado de capitais. Aprendi com ela que é possível encontrar auto-realização nesta longa maratona com doçura, planejamento e consistência nos relacionamentos que criamos. Além de uma grande amiga, adotei a Roberta como minha mentora, um role model de quem sempre recebo grande inspiração, orientações sensatas e sensíveis. A gente não pode ser o que não pode ver.”

Raffaella Martellini: ‘’Tive a sorte de trabalhar com líderes mulheres que muito me inspiraram. Todas elas, cada uma à sua maneira, contribuíram com o meu desenvolvimento no universo corporativo, mas, principalmente, me auxiliaram em relação à autoconfiança. Olhar para o lado e saber que outras mulheres chegaram lá é, sem dúvidas, encorajador e um combustível extra para acreditar que é possível. Um dos nomes que mais marcou a minha história foi o da Thais Souza Nicolau. Nossa jornada compartilhada me fez crescer como ser humano e me permitiu acreditar ainda mais em mim. Foram muitas conversas, feedbacks e até promoções, que me fizeram valorizar ainda mais a importância de líderes empáticas e que acreditem em seus times. A confiança e as trocas fizeram com que eu passasse de uma profissional tímida para alguém que acredita em si mesma, carrega certezas e um poder imenso de tomada de decisões estratégicas, tanto para a minha vida pessoal quanto na trajetória profissional. Hoje, tenho mais certeza sobre o futuro, projetos, sonhos e sobre onde pretendo estar daqui algum tempo. A liderança feminina tem um imenso poder de inspiração sobre outras mulheres. No Burger King do Brasil, cruzei e troquei com muitas profissionais empoderadas que me permitiram enxergar as minhas maiores qualidades e fragilidades – para que pudessem ser trabalhadas da melhor maneira possível. Sou muito mais forte depois que tive a oportunidade de dividir a minha trajetória com elas.‘’

Thais Nicolau: “A pessoa que mais me inspirou a ser a líder que eu sou hoje foi a Isabel Patrão, que era Diretora de Marketing na Mattel. Ela mostrou que pode-se ter um cargo de liderança sem precisar se ajustar a um papel mais masculinizado, mantendo a essência da sua personalidade. Suas características eram a empatia, a habilidade de fazer provocações e questionamentos que levavam o marketing e as campanhas a outro nível de excelência de uma forma leve, delicada e inspiradora. Nossos 10 anos de convivência me moldaram a ser a executiva que sou hoje: acreditando que uma equipe engajada move montanhas e entrega todos os resultados possíveis. Que feedback e parceria são conquistados através de empatia, contextualização da situação e do desafio, por inspiração e fazendo aquilo que você prega e acredita.”