“Todos têm de entender os deveres com a privacidade”, diz Michael Biltz

Michael Biltz, diretor-executivo da Accenture Technology & Innovation Office, fala que as empresas estão aprendendo com o Facebook após escândalo que revelou o vazamento de dados de milhões de pessoas pela consultoria Cambridge Analytica. Para ele, ao construir tecnologias é fácil esquecer que não é só um produto ou serviço, mas mudar como as pessoas vivem. “Algoritmos mostram e não mostram coisas, criam um ponto de vista.” Veja a seguir os principais pontos da entrevista.

Gustavo Rampini/Divulgação

Michael Biltz esteve no Brasil para o 17º Fórum Empresarial Lide em Recife (PE)

Efeito Facebook
A maioria das empresas está percebendo que estavam usando dados para criar produtos e serviços. Mas já que estamos mudando como as coisas funcionam, todos têm de dar um passo atrás e entender os novos deveres com a privacidade, parceiros e informações. É um novo mundo, as empresas não estão construindo produtos ou serviços, mas sistemas. É mais trabalho e responsabilidade.

Aprendizado
Todos estão aprendendo com o Facebook. Mas ainda não sabemos como devemos lidar. Se um carro automático se envolve em um acidente, de quem é a culpa? Da pessoa, da estrada, dos engenheiros? Não sabemos. E são esses tipos de perguntas que precisamos começar a fazer agora, repensar o que será normal e o que não.

Accenture
A Accenture está em quase todos os países e indústrias, e tem conexão com as pessoas que já estão fazendo essas coisas. Serviços financeiros e saúde lidam com questões de privacidade e informações sensíveis há muito tempo. Mas agora outras áreas que provavelmente nunca tiveram de se preocupar estão percebendo que pode ser problema delas também. Ter conexão e entendimento nos coloca em posição única de ver holisticamente.

Dados reais
Precisamos não apenas ter dados, mas ter certeza que estamos verificando eles. É mau jornalismo não checar as fontes e estamos nessa posição de checar nossas fontes para tudo. O que você vai usar de dados determina o que fazer com eles. Se sou a Netflix ou o Spotify determinando a recomendação de filme ou a próxima música, não importa. Mas se estou tomando grandes decisões, por exemplo, sobre investimento, expansão etc., essas coisas são muito importantes. Não basta ter dados, mas saber que estão certos. E há tantas maneiras de dados serem falsos, as pessoas mentem, omitem, se influenciam…

Contexto
Se quer saber quão feliz é uma população e perguntar no Natal, a resposta deve ser ‘feliz’, mas se perguntar um dia após uma tragédia, provavelmente não será. Não são só os dados, mas o que está em torno deles. É preciso entender isso antes de tomar grandes decisões sobre você, a companhia e o que vai fazer em seguida.

Gustavo Rampini/Divulgação

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