Transamérica reforça setor de eventos
Se depender de Heber Garrido, diretor do resort Transamérica Ilha de Comandatuba e do Transamérica Hospitality Group (THG) – conglomerado do Grupo Alfa que administra 21 empreendimentos hoteleiros espalhados pelo país –, Honduras terá ótimas instalações para se preparar para a Copa do Mundo de 2014. A seleção, maior zebra de um grupo que conta com a favorita França e também Suíça e Equador, não deve passar da primeira fase do Mundial, mas terá a oportunidade de ficar em um dos mais recentes empreendimentos da holding – o Transamérica Executive Porto Feliz, inaugurado no final do ano passado e que está a pouco mais de 100 quilômetros da capital paulista.
Porém, a Copa do Mundo não empolga o executivo. “O Mundial pode até servir como vitrine de negócios para o mercado corporativo, seja o setor de incentivos ou de eventos. Porém, as outras áreas não param e a Copa pode inclusive espanta o turismo de negócios do país”, afirma. “Este ano, por exemplo, projetamos um crescimento de 7% ante os 5% atingidos em 2013. Mas isso é pelo crescimento da rede como um todo, não por causa do futebol”, esclarece, falando que a ocupação média será a mesma de 2013 – em torno de 66%, apenas trocando um pouco o público de negócios pelo de turismo, mas sem grandes variações.
Tanto que não existe nenhum investimento específico da rede visando a Copa do Mundo, apesar de que os hotéis da rede irão abrigar a imprensa alemã, no Rio de Janeiro, e ela será a “casa” da Visa, um dos patrocinadores oficiais do evento, em São Paulo. “A nossa estratégia foi traçada exclusivamente para atender à demanda corretiva do ano. Continuamos investindo muito em pessoas. Um dos desafios de nossa indústria é justamente reter profissionais. Tecnologia também, onde possibilitamos hoje check in e check out mobile. Já em termos de ativo, nosso último investimento foi em um novo centro de convenções no hotel de Comandatuba, onde injetamos R$ 30 milhões. Em 2013, os eventos cresceram 70% dentro de nosso negócio e saltaram de uma representatividade de 30% para 50%”, revela Garrido.
Desde sua inauguração, o Hotel Transamérica Ilha de Comandatuba, na Bahia, é um dos principais resorts do país. Seu campo de golfe foi eleito recentemente o melhor do país pela conceituada revista americana Golf Digest, e possui “mimos” como pista exclusiva para jatos executivos. Outro carro-chefe da rede é o Hotel Transamérica São Paulo (cidade que abriga também a maioria dos empreendimentos do Transamérica Hospitality Group), na zona sul paulistana, e que ficou famoso em anos passados por abrigar praticamente quase todos os pilotos que vinham ao GP Brasil de Fórmula 1, até pela proximidade com o Autódromo de Interlagos. Os pilotos continuam vindo, mas o fluxo de turismo para o GP caiu. “Ainda temos ocupação de 100% durante o evento, mas já foi uma corrida de apelo muito maior”, afirma o executivo, lembrando que no ano passado a temporada já chegou decidida ao país, com o título antecipado do alemão Sebastian Vettel. Além, é claro, da falta de pilotos brasileiros brigando por posições de destaque.
Em relação às estratégias de marketing, a rede concentra seus investimentos em mídia impressa e, principalmente, digital, com atuação prioritária nas redes sociais. Mas o principal canal de interação com o público é por meio de eventos, ainda mais na unidade de Comandatuba. Casos do “Comandatuba Music Festival”, realizado em janeiro e que é um festival destinado ao público adolescente; e, em julho, o “Milan Soccer Comandatuba” e o “Fashion Weekend Kids”. O primeiro, uma clínica de futebol em parceria com o poderoso time italiano; e o segundo, um evento de moda onde as crianças participam de oficinas relacionadas ao meio, com o aval de grifes infantis.
Quanto aos preços durante o Mundial 2014, algo que está sendo amplamente criticado na mídia e redes sociais, Garrido diz que realmente há abusos, mas que o importante é que o preço seja justo e de acordo com a oferta e demanda do mercado. “Os hotéis terão que ter uma estrutura maior e sofisticada para atender o público de fora. É normal que os preços se elevem um pouco. Como foi mais caro ficar hospedado em Nova York este ano na época do Super Bowl”, diz.
Para os próximos anos, o executivo espera crescimento em alguns hotéis da rede, caso do Transamérica Prime Barra, na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro, que deve ter sua oferta dobrada até 2016 – afinal, ao contrário da Copa, os Jogos Olímpicos irão ocorrer em apenas uma cidade. E em Recife, onde são projetados mais quatro mil quartos na cidade. As cidades de Indaiatuba e Taboão da Serra, em São Paulo, e Cuiabá, capital mato-grossense, também ganharão suas unidades, assim como o Guarujá, no litoral paulista. Toda essa estrutura coloca a rede como a sexta maior hoteleira do país – porém, com operação 100% nacional. “O que precisamos é olhar para o turismo com maior seriedade. Priorizá-lo como indústria. E não cabe apenas a nós esse papel, mas principalmente ao governo e órgãos competentes”, conclui Garrido.