Trip se consolida na área de eventos

 

 

O projeto Casa TPM, que reuniu nos dias 4 e 5 de agosto, em São Paulo, cerca de 1.400 pessoas para discutir temas centrais do universo feminino atual, além de marcas como Natura, Docol e Renault, ilustra o processo de consolidação de uma área relativamente nova no escopo de trabalho da Trip Editora, apesar de permear sua atuação desde o início da empresa: a de eventos.

Antes uma atividade paralela da área de marketing, como conta o sócio-fundador e editor Paulo Lima, atualmente a disciplina é tratada por um departamento especial na Trip – comandado pela diretora de eventos e projetos especiais proprietários Ana Paula Wehba –, nascido em 2009, mas que ganhou volume de trabalho diferenciado desde o final de 2011, inclusive com presença internacional.

De acordo com Lima, o movimento demonstra apenas o amadurecimento de uma postura adotada desde a fundação da empresa, em união de elementos como demanda, oportunidade e know-how. “A Trip é uma empresa que nasceu pequena, independente, sem nenhum investidor. Essa atuação, que hoje tem várias denominações, como ‘multiplataforma’, já era realidade há 26 anos — tanto que nosso programa de rádio, o Trip FM, antecede a revista”, recorda, lembrando a experiência nesse segmento desde o início de suas operações. “Sempre fizemos muito evento. A comemoração do quarto ano da Trip foi no estádio do Pacaembu, apresentando o que viria a ser o triathlon e com direito a show do Ultraje a Rigor e participação do Pepê, que hoje  dá nome à praia do Rio de Janeiro. As festas da Trip sempre foram marcantes e eram acompanhadas de temas a serem discutidos e repercutidos. Além de funcionar para complementar receita, eles já eram, desde aquela época, uma forma de externar nosso ideário, nosso discurso”, detalha.

 

TRANSFORMADORES GUIA

O case de maior sucesso nessa área é o Trip Transformadores, que em 2012 chega à 6ª edição e já garantiu O Boticário e Itaú como patrocinadores, além do apoio de AlmapBBDO, Gol linhas Aéreas, H2OH!, Suzano Papel e Celulose, Audi, Grupo Ink, Rádio Eldorado e O Estado de S.Paulo. “Foi a partir do Transformadores que percebemos a possibilidade de gerar experiências que realmente faziam diferença para as pessoas e para as companhias que participavam, com poder de reverberação muito grande. Ele nasceu como uma ideia de comemorar os 20 anos da Trip de uma forma que saísse da mesmice e dos tradicionais ‘prêmios de revista’ e achamos como fórmula a ideia de homenagear pessoas que eram contra a competição e construíam coisas boas para todos os envolvidos. Com isso o Transformadores tornou-se uma plataforma própria, uma unidade dentro da divisão comandada pela Ana Paula”, ressalta Lima.

Além da Casa TPM e das edições do Trip Transformadores, destacam-se, nos últimos meses, os dois eventos realizados pela Trip em Nova York — sendo o primeiro no fim de 2011 para o lançamento da edição em inglês da revista, além da celebração de seus 25 anos, e o segundo para a exibição e discussão sobre o filme “Xingu”, com participação do diretor Cao Hamburger e de Carlos Saldanha, reunindo 300 convidados, em junho último. Para divulgar a próxima edição do Transformadores, que acontece em 24 de outubro – e será “o maior evento que a Trip já fez até hoje”, como classifica Lima –, também estão sendo realizados eventos de “aquecimento”, sendo o primeiro deles também em junho último, apresentando os 10 homenageados previamente e promovendo debate que envolveu Danilo Santos de Miranda, diretor do Sesc, e o rapper Criolo; e o segundo marcado para o início do próximo mês, intitulado “Ritmo e poesia” e homenageando Gilberto Gil no Cine Jóia, em São Paulo.

 

JUNTO DAS MARCAS

A participação das marcas nos eventos proprietários da Trip são, obviamente, fundamentais para sua viabilização e para tornar o projeto em si rentável. Porém, enfatiza Lima, os patrocinadores dos produtos já enxergam e entendem a oportunidade de exploração benéfica de suas abordagens diferenciadas. “Hoje as marcas participantes do Transformadores, por exemplo, já entenderam que isso é mais que um simples apoio financeiro, sendo algo que pode servir para inspirar atitudes dentro das empresas. O Itaú contratou a DM9DDB para fazer a ativação do patrocínio nesta edição, gerando nas redes sociais uma discussão que vai chegar ao nome de um 11º homenageado. Já O Boticário costuma levar alguns dos premiados para realizar palestras para suas equipes. Outros apoiadores fazem ações semelhantes por verem que não é só assinar um cheque, mas ter afinidade”, ressalta. “Claro que isso tem efeitos mercadológicos, a marca dos patrocinadores e da própria Trip se engrandece, mas todo mundo que está envolvido tem objetivos maiores do que simplesmente ‘se dar bem’. A meta central é achar um ponto de equilíbrio entre o interesse de todos os envolvidos. O Transformadores têm um pouco do chamado ‘setor 2,5’, unindo os interesses do segundo setor, formado pela iniciativa privada, com os do terceiro, como das ONGs, sendo benéfico para todo mundo”, reforça.

 

PARA FORA

Os outros eventos da casa também atraem interessados em pegar carona nas questões para as quais a Trip propõe discussões. Além dos patrocinadores já citados para Casa TPM, a RBS já revelou interesse em promover uma edição em Porto Alegre.  Parte do conteúdo captado durante o evento em São Paulo será transformada em pílulas a serem transmitidas no canal Glitz, na TV por assinatura. O ato de levar “Xingu” para Nova York contou com o patrocínio de Grupo Boticário e Itaú, que tem adotado nos últimos tempos uma política de internacionalização e pode inclusive estrear uma prática nova para a Trip, semelhante com o que aconteceu no ramo das revistas: levar sua expertise de conteúdo para marcas além de seu próprio portfólio. “Temos sim percebido a demanda de alguns de nossos clientes para desenvolver projetos de eventos. Tudo que foi criado por nós até o momento foi para a própria Trip e atraiu marcas, mas é possível também customizar isso. Existem projetos sendo pensados para a realização de eventos para o Itaú fora do país, por exemplo. Por enquanto, estamos focados nas nossas marcas, mas esse é um campo onde existe espaço”, analisa Lima. O publisher da Trip, porém, reforça que, assim como não compete com agências na concepção de projetos especiais e de conteúdo para alguns de seus clientes, trabalhando muitas vezes a seis mãos, a entrada no segmento de eventos funcionaria por parcerias, não como concorrência. “Não competimos com os promotores de eventos, pelo contrário. Conversamos com muitos deles para possíveis realizações em conjunto. Existe até uma vontade de fazer coisas bacanas com a Geo Eventos e com a XYZ Live, por exemplo. Nos vemos como complementares ao trabalho deles”, acrescenta.

Essa expansão para áreas fora de seu core business, que ainda é no ramo das revistas — onde a empresa possui dois títulos próprios e 12 customizados —, é também vista como natural. “Nunca fomos uma empresa que faz revistas, mas sim pensadores de conteúdos que podem se adequar a diferentes suportes. Antes, o impresso era nossa locomotiva e, eventualmente, colocávamos pequenos vagões atrás. Hoje o modelo é mais circular, com vários compartimentos — ainda com o de revistas como o principal. É como um disco voador: gira em torno de um eixo principal, que são nossas crenças e nosso ambiente editorial, e se desloca em uma direção contínua, com a colaboração de todos eles, em um único vetor”, ilustra Lima.