TVs pagas associadas à ABTA não têm budget para as redes abertas
Oscar Simões, presidente da ABTA
Na próxima quarta-feira (29) o sinal digital chega à Grande São Paulo, um mercado que contempla 38 cidades e 19,7 milhões de indivíduos, segundo o GfK, com acesso à televisão, mas no mesmo dia se encerra a obrigatoriedade legal das operadoras de TV por assinatura exibirem nas suas respectivas grades a programação das redes abertas. A decisão tem amparo do Artigo 32 da Lei 12.485, que exigia a inclusão das TVs de sinal aberto até a implantação digital. A Simba Content, joint venture entre a Rede TV!, SBT e Record TV, pretende ser remunerada a partir de agora, mas a ABTA (Associação Brasileira de Televisão por Assinatura) explica que esse é um intento impossível de ser atendido.
“Esse é um tema preocupante porque qualquer iniciativa de aumento de custo no sistema é inviável. As TVs por assinatura têm elasticidade a preço. Quando há aumento para o usuário, dificulta-se a penetração do produto, que mostra resiliência diante das perdas da economia, que chegaram a 4,6% em 2016 enquanto as de TVs pagas a apenas 1,6%. O mercado já enfrenta uma pressão em relação à renda, então mexer no custo é simplesmente impraticável”, explica Oscar Simões, presidente da ABTA.
A NET divulgou comunicado que fala que já fechou acordo com a TVs Globo, Gazeta, Mega TV, Rede Gospel, Rede 21, Band e TV Cultura. O documento faz advertência à Simba para o risco da decisão sobre a suspensão ser por tempo indeterminado. O impacto negativo na audiência das três emissoras pode representar uma perda de 46 milhões de pessoas e 14 milhões de domicílios no plano nacional. O presidente da ABTA estima que a perda de audiência pode chegar a 20%. Simba divulgou comunicado (veja abaixo) no qual rompe com todas as operadoras “por falta de diálogo”.
“Não temos nenhuma objeção à Simba, mas não há condições para remunerar a presença das suas emissoras nesse novo cenário no qual as TVs fechadas estão respaldadas pela lei. A negociação é permitida, mas o consumidor das TVs a cabo têm a possibilidade de assistir às abertas se usarem a anteninha de acesso no seu monitor digital”, acrescenta Simões.
Para o presidente da Abert (Associação Brasileira das Emissoras de Rádio e Televisão), Luis Roberto Antonik, há um pequeno risco e TV digital não ser implantada em São Paulo. “É necessário que 90% dos domicílios estejam adaptados ao novo sistema. Mas uma pesquisa do Ibope realizada no último mês de janeiro mostra que 85% da região já estava pronta para o novo modelo. Acredito que não vai haver problema”.
De acordo com pesquisa realizada pelo GfK, 99,5% dos residentes na Grande São Paulo assistiram pelo menos a um minuto de TV no segundo semestre de 2016. Outro estudo, desta vez com com base em 16.930 entrevistas nas 15 principais regiões metropolitanas do país, indica que 45% dos domicílios de São Paulo têm pelo menos um aparelho de TV. Mais: “37% têm dois televisores e 17% têm três ou mais aparelhos em casa. Nosso Levantamento Socioeconômico também aponta que 71% desses televisores são de tela plana/LCD e 28% são de tubo. A TV segue como a principal interface de acesso a conteúdo de vídeo no Brasil”, detalha Flavio Ferrari, diretor-geral da divisão de Media Measurement da GfK no Brasil.
Confira o comunicado da Simba na íntegra:
“Informamos que a partir do dia 29 de março, quando o sinal analógico de televisão será desligado em São Paulo, as emissoras RecordTV, SBT e RedeTV! deixarão de exibir simultaneamente suas programações nas operadoras pagas NET, Claro, Embratel e Sky.
Estas empresas se recusam a negociar os direitos de transmissão com Record TV, SBT e RedeTV!, ao contrário do que já fazem com grupos estrangeiros e até com outras emissoras nacionais.
Juntas, Record TV, SBT e RedeTV! detêm grande parte da audiência da TV aberta.
Lamentamos a falta de diálogo das operadoras, o que impediu um acordo que respeitasse o desejo do público brasileiro.
São Paulo, 24 de março de 2017.
RecordTV, SBT e RedeTV“