Última Página: O dilema e as lições da vida
Fiquei chocada quando assisti ao documentário O Dilema das Redes (The Social Dilemma), disponível na Netflix. Muita coisa a gente já sabia sobre essa questão de ‘invasão de privacidade’ por meio de nossas contas nas redes sociais, mas o filme vai a fundo na demonstração sobre a manipulação de dados, como comprovadamente ocorreu nas eleições americanas, e os impactos das fake news para a sociedade. O longa de Jeff Orlowski faz ainda um alerta sobre o vício digital e uma crítica sobre a forma como os algoritmos ‘espionam’ a nossa vida.
Se você ainda não viu, vale ver. Acredito que o documentário deve ter provocado um abalo nesse território das big techs, levando o Facebook (uma das gigantes citadas no filme) a se posicionar por meio de comunicado divulgado na última semana, em que a rede de Mark Zuckerberg rebate cada ponto levantado no filme. Segundo a empresa, o longa limita a discussão sobre redes sociais ao sensacionalismo.
Em um dos trechos do texto, o Facebook afirma: “Nossas equipes não são incentivadas a criar recursos que aumentam o tempo gasto em nossas plataformas. Em vez disso, queremos ter certeza de que vamos oferecer valor às pessoas, não apenas impulsionar seu uso”, rebatendo as críticas que os entrevistados no documentário (ex-executivos do Facebook, Instagram, Google, Pinterest, Twitter e especialistas em tecnologia) fazem de que as redes induzem as pessoas ao vício digital e os problemas que isso pode causar à saúde mental, por exemplo, para aumentar o tempo gasto dos usuários, visando o lucro com publicidade.
A lição que podemos tirar do filme, a meu ver, é que devemos usar as redes com moderação e ficar de olho no consumo elevado da internet por crianças e adolescentes, que na maioria das vezes não conseguem discernir o que é verdade ou fake news. Ou seja, são ‘mais influenciáveis’ e também suscetíveis aos algoritmos.
Como consumo bastante até por uma questão profissional, dificilmente vou abandonar as redes, mas também não acho que sou ‘viciadona’, consigo ter um equilíbrio no uso. Porém, conheço pessoas próximas ao meu círculo social que simplesmente apagaram os apps dessas plataformas do seu celular. O prejuízo, portanto, pode ser grande.
Vale lembrar que as redes sociais têm um lado muito bom, divertido. Elas facilitam, por exemplo, a conexão entre amigos e parentes distantes, algo que é inclusive citado no documentário, entre muitas outras facilidades. O alerta feito por O Dilema das Redes, que fica bem claro pra mim, é que as pessoas devem refletir, buscar o equilíbrio e também dificultar o trabalho dos algoritmos. O filme dá dicas, por exemplo, para desabilitar o maior número de notificações que você tenha no seu smartphone, para evitar ficar tão ligado no que acontece no mundo digital e viver mais a vida real, promovendo a tal desintoxicação digital.
Agora eu quero defender as redes: elas trazem informações, anúncios úteis e são um divisor de águas. Dá para imaginar a vida sem Google, YouTube, Facebook, Instagram ou Twitter? De jeito nenhum. Essas plataformas criaram uma categoria de serviço e movimentam bilhões em publicidade. E hoje já são consideradas como mídia de massa. O cuidado que todos devemos ter é com o o uso excessivo e zelar mais por seus dados pessoais na internet. Como na maioria das coisas na vida, tudo que é demais é ruim.