Um fenômeno além dos quadrinhos

 

“Marketing multimídia e sua eficiência para vender” não poderia ser um tema melhor para batizar a apresentação de Mauricio de Sousa neste sábado (16), durante o 5º Fórum de Marketing Empresarial, no Guarujá (SP), evento com promoção do Lide (Grupo de Líderes Empresariais) e da Editora Referência. Afinal, os produtos do empresário e cartunista mais famoso do país atingem hoje quase uma centena de países.

“Na Indonésia, a Mônica é líder feminista”, brincou Sousa, se referindo à sua mais famosa cria. “Já na China, o governo local passou a distribuir nossas histórias em quadrinhos na escola, para ajudar na alfabetização”, revelou, falando da importância das histórias infantis na educação, inclusive do Brasil. “Vendi dois milhões de livros no país no ano passado. este ano, quero vender três milhões. E, em 10 anos, vender tantos livros quanto gibis. Também estamos produzindo muitos desenhos para a televisão, que é um dos pontos promissores para o futuro”, completa.

Além das mídias mais tradicionais, o mundo digital é outro ponto cada vez mais forte dentro dos quadrinhos da turma da Mônica, área que concentra outros produtos, casos de jogos de computadores e aplicativos. Em entrevista recente ao propmark, também em função do Fórum de Marketing Empresarial, Sousa disse que a internet mudou o comportamento dos jovens de hoje em dia. “Anos atrás, jovens de 13, 14 anos, eram leitores dos gibis da Turma da Mônica. Na geração da internet, com 11, eles já acham coisa de criança. Por isso que em 2008 eu criei a Turma da Mônica Jovem, inspirada nos mangás japoneses”. Atualmente, a versão adolescente de Mônica, Cebolinha, Cascão e Magali chegam a vender mais de 500 mil exemplares por mês. “É um mangá caboclo”, costuma dizer.

O cartunista, que abordou também o processo de sucesso na Mauricio de Sousa Produções – empresa que reúne hoje 200 desenhistas –, falou ainda sobre a publicidade infantil. “Nós lutamos contra quem quer proibir. E vamos continuar lutando para melhorar o país”, disse. Aliás, as empresas que se ligaram aos produtos da Turma da Mônica já perceberam essa melhoria, com crescimento a curto e médio prazo na casa de 200%, 300%, variando caso a caso.

Companhias como Kimberly-Clark, a fabricante das fraldas das criações de Sousa, mudaram sua história após o acordo de licenciamento. A Kimberly, especificamente, quase deixou o Brasil no início da década passada e hoje tem em sua companhia local uma das mais rentáveis do mundo, sendo líder em fraldas. A Fischer, maior produtora de maças do Brasil, também deve muito de seu desempenho à marca, apesar de todas as restrições governamentais acerca dos personagens infantis em produtos alimentícios. Sem contar a Panini, editora responsável pelas suas publicações – que hoje são responsáveis por 86% do mercado de quadrinhos do Brasil.