Um olhar sobre o mercado publicitário sergipano

Podemos dizer que as agências de propaganda sergipanas de 20 anos atrás já não são mais as mesmas. Ao longo do tempo, elas se aperfeiçoaram e hoje se apresentam capacitadas para os desafios da comunicação.

O que vimos, ano a ano, foi um crescimento qualitativo das agências, a profissionalização da categoria, o que contribuiu para o atendimento de qualquer cliente e a participação nas licitações em pé de igualdade com agências de fora do estado que costumavam vir para Sergipe para suprir essa demanda.

Não quero dizer que isso não mais acontece, mas a disputa agora é justa. O que ocorre em Sergipe é uma restrição do mercado. Os clientes maiores têm o poder de decisão fora do estado, ou seja, o marketing não está aqui, o que acaba incorrendo em fatos pitorescos, como, por exemplo, uma chamada em outdoor para uma ação “corriqueira” do sergipano: comprar pantufas – como se isso fosse possível com a temperatura média de 29 graus que temos aqui.

Uma agência local jamais cogitaria o uso de pantufas pelo sergipano. Mas os setores de marketing das empresas maiores que chegam a Sergipe estão em suas respectivas sedes e, muitas vezes, desconhecem os hábitos e costumes locais.

Já os clientes menores, locais, não acompanharam a evolução das agências publicitárias e não trabalham com regularidade, nem sempre contam com um setor de marketing no seu organograma e desconhecem a necessidade de estabelecer uma estratégia de divulgação dos seus produtos ou da empresa, de forma contínua. O investimento de publicidade é visto como gasto e, numa época de crise, as restrições aumentam, quando deveria ser o contrário. Resumindo, o que acontece é que as agências locais deixam de contar com uma boa fatia do comércio local.

Com o advento do digital e das redes sociais, houve uma mudança de comportamento da classe empresarial e dos profissionais da área, que se reorganizaram e, com estruturas mais enxutas, começaram a atender os clientes de pequeno porte.

Novas possibilidades surgiram para ambos. Pequenos negócios, como restaurantes, padarias e mercadinhos, viram a necessidade de estar na rede, de serem vistos e aprovados. Esse movimento criou a necessidade de atendimento por parte das agências de propaganda, o que provocou a revitalização e a adequação de muitas e o nascimento de outras para esse atendimento específico, com foco no digital.

As grandes contas no estado estão restritas ao setor público, além de empresas de construção civil, escolas e universidades, e são elas que movimentam as agências maiores. É por essas contas que as agências maiores disputam o atendimento.

Quando tudo parecia acomodado, chegou a pandemia, que pegou todo mundo de surpresa, inclusive as agências de publicidade, que procuram se adaptar à situação, assumindo o home office e oferecendo novas estratégias para pequenos e grandes clientes. Em Sergipe, se alguns clientes se retraíram, outros expandiram e mantiveram o mercado aquecido. E é assim que ele se encontra.

Manuel Vasconcelos é presidente do Sinapro-SE e CEO da Agência Conceito Comunicação Integrada (manuel@conceito.net)