União de Omnicom e IPG enfraquece modelo baseado no símbolo das redes
Concentração acirra disputa com estruturas independentes e boutiques criativas, movimento que tende a se intensificar no cenário nacional
A compra do Interpublic Group (IPG) pelo grupo Omnicom sela a maior movimentação da história da propaganda mundial. Estimado em US$ 13 bilhões, o negócio anunciado em dezembro de 2024 foi concluído quase um ano depois, após a aprovação da última etapa regulatória pela União Europeia, no último mês de novembro.
Surge uma empresa com receita combinada de US$ 25,6 bilhões em 2023, à frente de Accenture Song, WPP e Publicis Groupe. O acordo resultou no encerramento das redes DDB e MullenLowe, que foram incorporadas à TBWA. A FCB teve o mesmo destino e foi absorvida pela BBDO. Estima-se que mais de quatro mil pessoas sejam demitidas. As mudanças foram divulgadas no dia primeiro de
dezembro.
“A notícia de que a fusão entre Omnicom e Interpublic Group resultaria no desaparecimento de redes globais icônicas reverberou como um terremoto silencioso na indústria. Para quem acompanha a trajetória da publicidade, trata-se de um marco: o fim do modelo em que o valor das agências estava vinculado ao peso simbólico de suas marcas”, avalia Gilberto Garcia, professor do curso de publicidade e propaganda da ESPM.
O movimento evidencia os meandros da conjuntura global da comunicação. O valor da indústria se deslocou. O mercado deixa a guerra de logotipos e passa a disputar arquiteturas de capacidade. “Não é mais o nome na porta que sustenta relevância, mas a plataforma que estrutura método, dados, operação e inteligência integrada. A fusão revela uma mudança profunda: a publicidade está deixando de ser apenas uma indústria de narrativas para tornar-se uma indústria de arquitetura de solução e governança organizacional”, diferencia o professor.
Imagem do topo: Unsplash
Leia a íntegra da matéria na edição impressa do dia 8 de dezembro.