Varejo aposta em diversidade de itens e investimento em tecnologia
Na Páscoa, ovos de chocolate para pet. Para dias mais quentes, tapetes com temperatura em torno dos 5 graus C quando o animalzinho se deita nele. Para ocasiões especiais, pingentes e gravatas. E para embalar aquele fim de tarde bacana, que tal uma bebidinha? Sim, bebidas para cães e tutores. O portfólio é extenso.
Na Petz, por exemplo, são comercializados mais de 20 mil itens nacionais e importados nas áreas de aquarismo, higiene e beleza, medicamentos, brinquedos para cachorros e gatos etc. Ana Cecília de Paula e Silva, head de marketing e comunicação, conta que há uma área para criação de produtos. “A criação vem de várias inspirações, sempre observando as necessidades dos pets e seus tutores”, diz. “Nossa meta, dentro do nosso ecossistema, é expandir cada vez mais isso”, complementa.
Sendo um dos principais players do mercado, sua categoria de alimento foi a que mais cresceu – 71% no segundo trimestre deste ano, o que representa 56% do faturamento de produtos no período. Segundo a executiva, houve um aumento de quase cinco pontos percentuais em relação ao segundo trimestre do ano passado, quando a pandemia já havia chegado ao país.
Ana Cecília atribui esse crescimento à mudança de comportamento das pessoas, que passaram a tratar os pets como parte da família. “Com isso, aumentou a procura por produtos de maior qualidade e valor nutricional e itens voltados para questões de segurança”, aponta.
Em agosto e depois de quase uma década de relação como parceiros comerciais, a Petz anunciou acordo para a aquisição da Zee.Dog, plataforma pet presente em 42 países. Na ocasião, Sergio Zimerman, CEO e fundador da Petz, disse que a união das duas plataformas representa “um movimento único de transformação e consolidação do mercado pet no mundo”. “E muito aderente à visão do Grupo Petz, de ser mundialmente reconhecido como o melhor ecossistema pet até 2025. A Zee.Dog agrega à nossa operação seu know-how de branding, produtos, tech (58% do total de suas vendas são digitais), diversificação de canais, internacionalização (30% das vendas fora do Brasil) e um time de empreendedores com mindset disruptivo”, disse.
Já Caio Bernardo, diretor comercial e de marketing da Cobasi, recorda outro movimento na construção de ecossistemas na vertical de negócios. A Cobasi, lembra, adquiriu a Pet Anjo no início deste ano, um marketpace que oferece um mix de serviços para os tutores. “Com essa aquisição, os serviços de dog walker, hospedagem, pet sitter e day care passaram a compor nossa proposta de valor para o cliente”, indica
O executivo ressalta também que os grandes players estão investindo forte na expansão da sua rede de lojas, o que, para ele, funcionam como mini hubs para entrega last mile dos pedidos vindos do canal digital e na digitalização das suas operações.
Ele conta que a Cobasi tem previsão de inaugurar 40 lojas este ano e já está presente em 10 estados mais o Distrito Federal, com quase 130 unidades. “E vemos nossos canais digitais crescendo acima de três dígitos nos últimos anos, ganhando cada vez mais participação no negócio”, acrescenta.
Nesse contexto, houve ainda um aporte de R$ 300 milhões do fundo Kinea, que serão destinados ao aceleramento do crescimento das operações.
A expectativa do Instituto Pet Brasil é que o mercado, que fechou 2020 com um faturamento de R$ 40 bilhões, termine este ano com R$ 46,5 bilhões. E muito desse avanço está relacionado ao setor de varejo, pilar importante nessa engrenagem que funciona cada dia melhor.
Rede de franquias de pet shops, a Petland tem uma aposta bem caseira para esse bom momento do segmento: criada em 2018, a marca própria Pet Choice ganhou destaque no cardápio de produtos. “(Pet Choice) é o produto que mais vende, ele representa 41% das vendas na categoria de tapetes higiênicos em nossas lojas”, diz Eduardo Bachur, gerente de marketing da Petland.
A empresa tem mais de 50 mil itens cadastrados nas mais de 300 lojas da rede. “É um mercado muito dinâmico, com desenvolvimento de novas coleções e demandas diferentes por região”, ressalta o executivo de marketing. Ele explica ainda que os produtos são classificados em cinco categorias principais: alimentos, acessórios, higiene, limpeza e medicamentos.
A Petland trabalha, em todas as unidades de negócio, com ferramentas de análise de dados e BI, que guiam as tomadas de decisões. “Temos uma parceria bem próxima com os principais fornecedores do mercado e, desta forma, sempre atualizamos o catálogo com as novidades comercializadas na rede Petland”, afirma Bachur.
A Petlove também aposta no trabalho de mapeamento das ‘dores e necessidades’ do consumidor por meio de pesquisas ou nos próprios canais de comunicação. “Apostamos em marcas exclusivas, como é o caso da Future Pet, linha de itens de uso diário, como coleiras e guias, da Me.Au, de areia e tapetes higiênicos e da ração True”, afirma Marcio Waldman, fundador da Petlove.
ALIMENTAÇÃO
Dos tempos dos avós, nos quais era comum alimentar o cão ou o gato com restos de comida, até hoje, muita coisa mudou. Tem ração para determinada raça, porte e idade, entre outras infinitas possibilidades permitidas pela tecnologia.
Fernando Jun Suzuki, diretor de marketing de produtos e trade marketing da Premier Pet, afirmou que a companhia aposta em tecnologias de diversos países, como Alemanha, Estados Unidos e Itália, entre outros. “Dessa forma, conseguimos produzir alimentos altamente balanceados e com formulações exclusivas que auxiliam em uma vida mais saudável e longeva”, diz.
Caminho esse também seguido pela Nestlé Purina, que tem um instituto em que especialistas trabalham no desenvolvimento de produtos. “Para o lançamento de Purina One foram dez anos de estudos que hoje garantem que o produto proporcione benefícios visíveis em 28 dias como mais energia, pele saudável, fortalecimentos da imunidade e melhora na digestibilidade”, garante o executivo. A Nestlé Purina tem ainda 15 marcas nos segmentos de alimento seco, snacks e areia para gatos.
Gerente de marketing da Mars Petcare, Roberto Valdrighi ressalta a mudança no comportamento do consumidor. “As pessoas estão mais alertas aos rótulos para verificar se aquele produto é de fato uma alimentação saudável e agradável ao seu pet, incluindo quesito como ingredientes, composição, variedades de produtos, nutrição e sabor”, afirma.
Segundo Valdrighi, a Mars trabalha com um portfólio e tecnologias que cobrem as necessidades nutricionais dos pets e vão além. “Também temos uma linha de petiscos, incluindo produtos que trazem prazer e cuidados com higiene bucal, como os sachês e o Dentastix”, cita.
Além da tecnologia, a alimentação mais sustentável também anda em voga. A Royal Canin é um exemplo. Como conta Natalia Lopes, gerente de comunicação e assuntos científicos da marca, a tecnologia é aplicada não somente nas etapas produtivas, análise de ingredientes e no desenvolvimento de matérias-primas mais sustentáveis, mas também no desenvolvimento de uma variedade de ferramentas e serviços que ajudarão a aumentar os cuidados aos pets e à sua qualidade de vida.
“O próprio mercado cria as mais variadas categorias, como premium, super premium e suas variantes, como forma de mostrar o nicho de seus produtos”, ressalta.
Outro tipo de alimentação no radar dos tutores é a natural que, inclusive, dá nome ao negócio: Pegada Natural. Fundada em 2016, a empresa nasceu na necessidade dos sócios em proporcionar alimentação preparada com ingredientes frescos para a Nina, pet da família que sofria com problemas de saúde pelo uso de ultraprocessados.
“Surgiu então a ideia de estender esses benefícios para os demais cães e, em 2016, investiram na indústria para produção dos alimentos congelados em parceria com especialistas em nutrição animal e em segurança alimentar”, fala Grazielle Figueiredo, fundadora da Pegada Natural, que revela ainda que houve um aumento de 20% nas vendas online durante a pandemia.
Com vendas em petshops, em clínicas veterinárias e através do próprio e-commerce, a marca oferece comida para cachorros – por enquanto, só para cães, como afirma Figueiredo – já balanceada e suplementada de vitaminas, nos sabores carne aveia, frango com quinoa e suíno com beterraba, entre outros.
Especial Mercado Pet
– R$46,5 bi em 2021: Laços entre humanos e pets impulsionam mercado no Brasil
– Humanos e pets: o que explica a conexão que atrai cada vez mais marcas?
– Pet influencer: humor, criatividade e engajamento atraem publicidade
– Varejo aposta em diversidade de itens e investimento em tecnologia
– Criatividade e tecnologia levam marcas ao coração do pet lover
– Temática ‘pets’ cresce nas redes, gera conteúdo e alavanca negócios
– Facilitar a convivência de tutores e pets influencia decisão de consumo
– Turismo investe para atender e mimar animais de estimação
– Marcas saem do core business em busca de relação com pet lover
– PROPMARK Live recebe Família Turbo: Gudan, Blant e seus humanos
– PROPCAST conversa com Leonardo Bagarolo sobre Mada e Bica