Veículos de massa ganham fôlego nas eleições municipais

Encerrado no dia 26 de setembro o prazo da Justiça Eleitoral para o registro dos candidatos às eleições municipais 2020, emissoras de rádio e TV também tiveram o mesmo deadline para entregar seus planos de mídia voltados ao período. Os veículos de massa, tradicionalmente, contribuem com ampla cobertura, debates e sabatinas individuais, e, apesar dos ajustes devido à pandemia da Covid-19, a oferta de conteúdo será robusta.

Em meio às mudanças no calendário eleitoral que levaram para 15 de novembro o primeiro turno, e 29 de novembro, o segundo, o cenário deve intensificar a relevância dos meios de comunicação. Desde as eleições de 2018, é crescente as discussões sobre fake news, levando a imprensa tradicional a ser ainda mais cirúrgica em sua cobertura.

Primeiro turno das eleições municipais está previsto para 15 de novembro (José Cruz/Agência Brasil)

A Band, por exemplo, inaugura os debates na TV, com encontro dos candidatos à Prefeitura de São Paulo e de outras 15 cidades na próxima quinta-feira (1º). Segundo Rodolfo Schneider, diretor-executivo de Jornalismo e Esporte, trata-se de uma cobertura enorme, que ganhou mais espaço por causa da pandemia. “Depois da força das redes sociais nas eleições de 2018, o próprio presidente Bolsonaro é demonstração disso, já existia uma relevância muito grande das emissoras, mas, com a pandemia, muitos candidatos se recusando a sair, ir para a rua, se expor, eventualmente, expor outras pessoas, e serem fotografados ou filmados se aglomerando, o que pode gerar desgaste muito grande, os veículos de comunicação de massa ganham mais importância”, afirma.

Para Antonio Guerreiro, vice-presidente de jornalismo da Record TV, privilegiar a voz do eleitor e a prestação de serviço estão no centro das estratégias do grupo. Assim como a segurança e a saúde dos candidatos, sobretudo, durante os debates na emissora. Foi feito um protocolo rigoroso com recursos como testes rápidos e outros tipos de proteção no cenário para o encontro com os candidatos. No primeiro turno, o evento foi marcado para 7 de novembro.

Antonio Guerreiro, vice-presidente de jornalismo da Record TV

“No início, nós discutimos todas as possibilidades. O formato remoto traria uma série de dificuldades e possíveis problemas, como uma queda de conexão que poderia prejudicar um dos candidatos. Acreditamos que o debate presencial garante mais igualdade entre todos e uma interação entre eles, o que também é importante para a avaliação do público”, argumenta.

Caminho semelhante seguirá o SBT, que realizará seu debate do primeiro turno em 31 de outubro. O encontro contemplará candidatos de dez partidos, seguindo como critério aqueles que têm cinco parlamentares ou mais no Congresso Nacional. Os candidatos também serão sabatinados individualmente em dias distintos ao longo da corrida eleitoral. “O SBT acredita na conjugação das plataformas e assim cobrirá esta eleição, com matérias e entrevistas na TV, além do nosso site de notícias, o SBTNews”, destaca José Occhiuso, diretor nacional de Jornalismo da emissora.

Já a Globo, que historicamente promove o último debate antes das eleições, anunciou na semana passada que o evento está condionado a um acordo entre os candidatos. Em nota oficial, a emissora detalhou que “no planejamento, já prevíamos um debate sem plateia ou convidados e com um número muito reduzido de assessores por candidato. Mas, ainda assim, o desafio de manter a segurança de todos é gigantesco”. Para tentar diminuir os riscos, a emissora propos que só fará debates no primeiro turno onde houver acordo entre os partidos para que apenas os quatro melhor colocados na pesquisa eleitoral mais recente (Ibope ou DataFolha) participem.

Douglas Tavolaro, CEO da CNN Brasil (FOTO – Diego Padgurschi / CNN Brasil)

Pelos mesmos motivos de contágio, as entrevistas em estúdio com os candidatos também não serão feitas. A data prevista para o debate de 1º turno, em caso de acordo dos partidos, é 12 de novembro.
Para Rodrigo Prando, cientista político da Universidade Presbiteriana Mackenzie, seria importante que o público tivesse acesso a todos os debates possíveis. Isso porque o formato, quando bem conduzido, esclarece e fomenta diálogos.

“Eles obrigam os candidatos, sem todo um aparato de mar- keting, controle e edição de vídeos, a se posicionarem sobre temáticas distintas. Sem debates há um empobrecimento da democracia”.

Estreando na cobertura eleitoral brasileira, a CNN Brasil também levará seu debate para múltiplas telas. Douglas Tavolaro, CEO e founder da emissora, dá detalhes sobre o evento, que será no dia 9 de novembro para o primeiro turno. “A CNN Brasil já nasceu multiplataforma, no Pay TV e no ambiente digital, em nosso site e nas redes sociais. A partir de outubro, faremos um intenso trabalho nas eleições municipais, com entrevistas, sabatinas, debates entre candidatos e cobertura de bastidores da política. A população precisa estar bem informada”.

Vale lembrar que além dos conteúdos jornalísticos, a população também passa a contar, a partir de 9 de outubro, com a propaganda eleitoral gratuita nos meios de comunicação. No digital, segundo determinações do TSE, os candidatos têm carta branca já a partir de 27 de setembro.