Veículos se mobilizam e mudam a forma de noticiar ataques escolares
Decisão foi tomada após um pedido do Ministério Público de Santa Cataria e com base em pesquisas sobre o tema
Após a sequência de ataques em escolas do Brasil, veículos de comunicação tomaram a decisão de mudar suas políticas e, a partir de agora, não irão mais divulgar a foto e nem o nome dos autores dos crimes.
A decisão, tomada após o último caso que deixou quatro crianças mortas em uma creche de Blumenau, foi acatada pelo Grupo Globo, CNN e Estadão até o momento.
No caso do Grupo Globo, a notícia foi dada durante o Jornal Nacional desta quarta-feira (5). Antes, a emissora tinha como norma divulgar os dados do criminoso apenas uma vez.
A CNN informou a mudança durante o jornal noturno CNN Prime Time. Segundo a emissora, o posicionamento atende a um pedido do Ministério Público de Santa Catarina.
Já o Estadão publicou uma thread no Twitter, explicando a decisão e informou que a medida foi tomada com base em "pesquisas mostram que essa exposição pode levar a um efeito de contágio, de valorização e de estímulo do ato de violência em indivíduos e comunidades de ódio, o que resulta em novos casos".
O Sleeping Giants Brasil também entrou na campanha de mobilização dos veículos e lançou um vídeo onde pede para que as emissoras acatem a decisão de não estampar os rostos e nomes dos autores dos crimes.
Estudos realizados principalmente nos Estados Unidos, onde já foram registrados mais de 100 tiroteios em massa até março deste ano de acordo com o Gun Violence Archive, que consiste em um grupo de pesquisa que rastreia esse tipo de ocorrência usando documentos da polícia, confirmam esse efeito contágio e apontaram que para cada um ataque à escola são desencadeados outros três.
“Em grande parte isso acontece por conta da visibilidade que esses casos acabam tendo. Existe um fenômeno chamado efeito contágio. A partir do momento que você divulga, que você traz muita visibilidade para essa situação, de uma determinada forma, você acaba estimulando casos semelhantes. Assim que a notícia começou a circular, a gente começou a ver, em vários veículos, vídeos do momento da agressão. Esse tipo de exibição é extremamente prejudicial”, explicou Marta Avancini, jornalista e editora da Associação de Jornalistas de Edicação (Jeduca) para a Agência Brasil.
(Crédito: Amanna Avena na Unsplash)