Vertical x horizontal
O mundo não é mais vertical, é horizontal! Impossível produzir, crescer, prosperar e ser competitivo, se as empresas permanecerem condenadas eternamente a fazer tudo dentro e não apenas e exclusivamente o essencial. Se a terceirização – o código de sucesso no Admirável Mundo Novo Plano e Colaborativo – continuar sendo um pecado capital, uma sentença de morte, neste Brasil velho, carcomido e depauperado.
Confesso a enorme dificuldade que tive em escrever este primeiro parágrafo. Nem mesmo conseguia acreditar no que estava escrevendo. Num momento do mundo em que as empresas nem mesmo base fixa têm, em que milhares de empresas nascem todos os dias mediante a soma e a colaboração de dezenas de profissionais nos mais distantes e inusitados lugares do mundo, em nosso país, no Brasil, terceirização continue sendo uma palavra proibida, um anátema definitivo e irreversível sobre nossas perspectivas e futuro, uma maldição decorrente do atraso e da burrice ideológica. No Brasil, por exemplo, o PGH, Projeto Genoma Humano, seria impossível. A legislação não permite. Sem esse projeto, o mundo não estaria dando agora o maior salto de todos os tempos no conhecimento da natureza humana e de infinitas possibilidades de garantir uma vida melhor para todos nós e em todos os sentidos.
Para mapear o genoma humano, centenas de laboratórios e milhares de profissionais, terceirizados e liderados por James D. Watson, dos Institutos Nacionais de Saúde dos Estados Unidos, iniciaram o projeto no ano de 1990 – 250 laboratórios terceirizados e conectados e mais de 5.000 cientistas terceirizados envolvidos, sob o patrocínio e tutela de 19 países. No dia 14 de abril de 2003, o projeto foi dado como concluído: sequencialmento conhecido e conquistado de 99% do genoma humana com uma precisão de 99,99%. Plantava-se ali a semente de um mundo infinitamente melhor. Sem a terceirização, sem a soma, sem a colaboração, sem a nova forma de se trabalhar do Admirável Mundo Novo essa conquista seria impossível. No Brasil, legalmente impossível! Acorda, Brasil!
A saúde no Brasil está na UTI. Rapidamente empresários se organizam e inovam criando empresas capazes de prestar serviços de qualidade mediante multiplicação de clínicas de atendimento acessíveis em todos os sentidos. Muito especialmente no tocante ao preço. O projeto só é possível e para em pé se os profissionais que trabalham nessas clínicas forem terceirizados, estiverem organizados no formato de cooperativas. A legislação trabalhista não permite, adverte o Ministério Público. Impossível esse tipo de terceirização. Os brasileiros que morram. A lei precede e inibe o natural, a realidade, o possível. Pode? Não deveria, mas esse é o flagelo de nosso país. Acorda, Brasil!
Num mundo Horizontal, o Brasil amarrou seu burro e futuro no Vertical. Deixando-se constranger e aprisionar a uma legislação estúpida e absolutamente fora da realidade. Sustentada por pelegos, sindicatos e demais agentes improdutivos da sociedade. Até quando? Enquanto o Brasil insistir em permanecer Vertical, o desemprego sempre se fará presente diante de qualquer tipo de crise, independentemente de sua natureza e caráter. E é o que está ocorrendo neste momento. Quase 13 milhões de desempregados. De resto, ser Horizontal não é mais uma alternativa no Mundo Novo que se avizinha. É a única alternativa.
Como já escrevi anteriormente, emprego não nasce em árvore. Emprego dá em empresa. Quando um maluco alucinado chamado empresário decide colocar seu sonho em pé não obstante o cipoal labiríntico e pantanoso da teia jurídico-legal de um país chamado Brasil. Colocada em pé, a “árvore empresa” gradativamente faz brotar empregos. Se fora do Brasil as empresas ganham competitividade sendo horizontais, terceirizando, como esperar que novos malucos empreendam verticalmente em nosso país?
Burrice e estupidez não são um anátema; é uma escolha. Triste, lamentável e socialmente irresponsável. Vamos continuar impassíveis diante do flagelo?
Francisco Alberto Madia de Souza é consultor de marketing (famadia@madiamm.com.br)