Via Varejo avalia experiência com T-Commerce, da Globo
Em agosto deste ano, Globo, Via Varejo e Y&R (antes da fusão com a VML) juntaram forças para colocar em prática algo digno dos Jetsons: o T-Commerce, o comércio em tempo real via televisão.
“Participar dessa inovação faz parte do novo momento da marca Casas Bahia, que está passando por uma transformação e inovando por meio de diversas melhorias no processo de compra dos clientes”, explica Ilca Sierra, diretora de marketing da Via Varejo.
Funciona assim: em momentos específicos do É de Casa aparece um carrinho de compras no canto direito alto da tela, significando que há produtos no cenário que podem ser encontrados no site da Casas Bahia. Com um clique no controle remoto, o usuário tem acesso ao QR Code e pode efetuar a compra.
Questionado sobre resultados e reação do público, Abel Ornellas, COO da marca, fala que o “feedback tem sido muito positivo”. “Afinal o T-Commerce é um recurso disruptivo e inovador, onde o consumidor conta com uma nova opção para efetuar suas compras, sem sair da ‘sala’. A inclusão da tecnologia em diferentes frentes possibilita uma nova experiência para as pessoas e se destaca por apoiar o processo de transformação digital dos brasileiros, por meio da entrega de conteúdo educativo, para que todas as pessoas compreendam a inovação e possam utilizá-la”, comenta o executivo.
Ornellas acredita que o comércio eletrônico se tornará, cada vez mais, uma via de mão dupla onde os espectadores podem interagir e comprar de suas marcas favoritas. “Somos os pioneiros no Brasil, mas cremos que este formato de interação tende a se popularizar cada vez mais no país, de forma a se tornar uma ferramenta cada vez mais explorada pelo mercado varejista”, afirma.
Para o executivo, os principais diferenciais do formato são comodidade, interação e segurança. “Essa inovação, acessível e na palma da mão, permite que a relação entre pessoas e conteúdo seja cada vez mais próxima. O T-Commerce promove novas oportunidades de marketing com a ampliação do leque de opções, não restringindo somente para as inserções comerciais ou de merchandising. É um modelo inovador, que une tecnologia e negócios na busca por soluções de comunicação com alto potencial de impacto”, completa.
Segundo Vivaldo Breternitz, professor da Faculdade de Computação e Informática da Universidade Presbiteriana Mackenzie, o formato pode ser embrião para outras inovações tecnológicas. Apesar disso, Breternitz não crê que o T-Commerce terá grande impacto.
“Parece-me que esse tipo de coisa poderia ser adequada para compras por impulso que, geralmente, têm um ticket pequeno. Você não vai comprar uma geladeira ou computador por impulso. Você vai fazer pesquisa de preço. Você vai comprar o relógio do galã ou os óculos da heroína. […] Essas compras pequenas acabam não gerando uma receita para você manter uma estrutura sofisticada no ar”, opina. Segundo o professor, pode ser que algo maior venha surgir a partir dessa aplicação, mas, para ele, o impacto ainda será pequeno. Vale lembrar que há alguns impeditivos para que o formato decole. A televisão precisa ser Smart, além de ter receptor digital integrado ou ligado a um conversor externo com antena apropriada para recepção de televisão digital (ou seja, quem recebe o sinal digital livre e gratuito na TV aberta) e cujo aparelho seja dotado de qualquer versão do sistema Ginga, camada de software responsável por dar suporte a aplicações de interatividade. Segundo a Globo, estima-se que, atualmente, 35 milhões de televisores estejam aptos a receber essa interatividade no Brasil.