Vida dura
Está sendo difícil para os brasileiros de boa vontade aguentar tudo o que vem sendo revelado pela imprensa nos últimos meses, semanas e dias, sobre a corrupção sistêmica que tomou conta do país nos últimos anos.
Sempre tivemos escândalos na administração pública em todos os níveis. Mas eram esporádicos e devidamente localizados. Nestes tempos de desgoverno em que mergulhamos, pelo menos até o impeachment de Dilma Rousseff, estamos todos boquiabertos com a revelação diária de falcatruas, assemelhando-se o noticiário jornalístico a um verdadeiro circo de horrores, com alguns fatos sendo desnudados que são até difíceis de merecerem crédito, tamanha a vulgaridade do cometimento e o valor das cifras auferidas pelos meliantes.
Até acreditamos que o grande Rui Barbosa, quando redigiu “De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver crescer as injustiças e de tanto ver agigantar-se o poder nas mãos dos maus”, estava escrevendo para os dias atuais e não para aquele período da sua vida e da vida nacional.
O que mais causa asco é a aliança de grandes personalidades bandidas com políticos de proa na administração pública brasileira.
Como se roubou tanto, descobre-se, agora, sem que lá atrás não tenha havido o mínimo de movimentação das autoridades ainda sérias do país, no sentido de coibir no nascedouro essa multiplicidade criminosa?
Tem sido um escárnio para a população que luta no dia a dia pela sua sobrevivência perceber que as ratazanas que nos adularam na hora dos votos não possuíam o menor objetivo de servir à pátria. Seus planos indecentes objetivaram apenas e tão somente locupletar-se, como agora se verifica com clareza que nos cega de estupefação.
Vamos torcer para que realmente o país esteja sendo definitivamente passado a limpo, para que, se não nós, pelo menos os nossos filhos tenham com que se orgulhar um dia da classe política que ajudarão a eleger.
Seria pedir muito?
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Nestes tempos de indignação com a má-fé da maioria da classe política brasileira, muito se fala que o exemplo vem de cima. E vem mesmo.
Quando quem tem de dar o exemplo dá o mau exemplo, não resta dúvida que acaba contaminando boa parte dos degraus abaixo, gerando uma cadeia corrompida que causa revolta ao cidadão de bem, atingido em alta e baixa escala nas suas atividades do cotidiano.
O salve-se quem puder nesse cenário, transforma-se em bandeira de ordem, acenando para os gananciosos a facilidade do enriquecimento rápido.
A conta que todos pagamos hoje no Brasil decorre desse sistema criminoso que a cada dia se revela mais vivo que nunca, ainda que surpreendendo parte da população com nomes até então impensáveis.
A cota de marginais da nossa sociedade tende a aumentar, pois para eles não há razão suficiente para a regeneração. Não só pela falta de exemplos a serem seguidos, como pela desumanidade com que são tratados nos presídios, de há muito verdadeiras escolas do crime.
O Brasil está doente e não será fácil a descoberta e aplicação geral de um antídoto que comece a reverter o quadro.
O cenário é desanimador.
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O Prêmio Colunistas São Paulo, o mais tradicional da propaganda do maior centro publicitário do país, realizou, através de um júri especializado, a sua escolha dos melhores dos últimos 12 meses.
Os resultados estão publicados e devidamente detalhados nesta edição do PROPMARK.
Nosso destaque inconteste vai para a AlmapBBDO, que, mais uma vez, após um sem-número delas, sagra-se a Agência do Ano no segmento publicitário, o mais difícil e complexo de todo o hoje largo espectro da comunicação do marketing.
Como se atinge e se mantém esse tipo de pódio permanente é um segredo que o mercado tenta desvendar, mas quando relaciona alguns itens, vai sempre encontrar os mesmos em concorrentes da AlmapBBDO, na mesma ou até melhor intensidade.
Fala-se muito em cumprir à risca a herança criativa do passado, quesito em que a Agência do Ano sempre se deu bem. Basta verificarmos as gerações anteriores de profissionais criativos e de outros setores da agência, para se constatar que as suas sucessivas direções jamais descuidaram disso.
Mas, podemos dizer o mesmo em relação a outras concorrentes da AlmapBBDO, igualmente criativas em todos os setores e por muitas gerações as que já possuem um bom tempo de atividade no mercado.
Qual é o diferencial, então? Talvez seja a sua configuração de clientes, sempre extremamente voltados para a importância das boas ideias, da inovação na comunicação, do frescor das mensagens. Sim, é possível que seja esse o “diferencial”.
Mas muitas agências em todo o território nacional também possuem clientes com esse perfil. Arriscamo-nos até a registrar que a grande maioria sempre se espelha nos melhores anunciantes e procura assim cumprir à risca a condição de “sócio” da sua agência no produto final da mesma.
Então, qual é a diferença? Bem, devem ser muitas, não facilmente percebidas a olho nu. Uma delas, talvez seja a persistência em não perder clientes. Vimos há pouco a disputa pela Volkswagen, que abriu concorrência e fez a AlmapBBDO literalmente não dormir enquanto não tivesse a certeza de que manteria a apreciável conta em seus domínios.
Podemos então dizer que a diferença é a garra, a aplicação absoluta nas razões do seu ofício e o amor próprio ferido quando um cliente acena com a possibilidade de desligamento. Aí, o bicho pega e os caras que lá trabalham pulam, do último degrau da escada que já ocupam, para as nuvens mais altas desse universo.
Assim, fica difícil alcançá-los, pois deixam o concreto pelo abstrato, o possível pelo impossível, a realidade pelo sonho que retorna em forma de uma nova realidade mais dourada, mais consistente, a que mais povoa o escaninho de consumo das mentes consumidoras.
N. do R.: Este bloco do editorial é uma homenagem a Alex Periscinoto.
Armando Ferrentini é presidente da Editora Referência, que publica o PROPMARK e as revistas Marketing e Propaganda