Você tem orgulho das campanhas feitas para a comunidade LGBT?
A política vai e vem. Mas o progresso fica
Há orgulho em lançar uma campanha para a Parada LGBT, no mês de junho, e não alimentar o engajamento genuíno com a comunidade ao longo do ano? Essa foi a crítica feita por Alia J. Daniels (Revry), John McCourt (Weber Shandwick) e Tiq Milan (Self-employed) na sessão ‘Pride campaigns vs. proud campaigns: The new queer marketing’, mediada por Kurt Osenlund (PrideNOW, Mark Allen & Co.) na manhã deste sábado (8), durante a 39ª edição do South by Southwest (SXSW), festival de inovação realizado entre os dias 7 e 15 de março, em Austin, no Texas (EUA).
Cultura e contexto devem ser pilares de estratégias que realmente tenham o propósito de se engajar com um grupo “que detém um potencial de consumo da ordem de US$ 4,7 trilhões”, lembra Osenlund. “As campanhas são uma oportunidade de reconhecer e celebrar a comunidade”, complementa John McCourt. Mas é preciso ter mensagens verdadeiras para causar o impacto necessário. “Qual é o seu plano para interagir com essa comunidade e acessar uma audiência propensa a consumir a sua marca?”, questiona Alia J. Daniels.
Para McCourt, a sociedade ainda está aprendendo a criar uma cultura que respeite as pessoas LGBT. “É importante identificar esses consumidores e futuros trabalhadores da geração Alpha, que deve puxar o crescimento da comunidade”, adverte.
A despeito do retrocesso em políticas de diversidade e inclusão anunciadas recentemente, especialmente pelas big techs, os palestrantes ressaltam os avanços conquistados até o momento e destacam o papel das marcas em continuar a educar a sociedade a fim de evitar o isolamento da comunidade. “A política vai e vem. Mas o progresso fica”, critica Osenlund. “Qual é a cultura que você quer criar em torno de sua marca?”, instiga Tiq Milan.
“Sei que o medo circula e o ambiente é mais vulnerável, mas as marcas precisam insistir em conversas com a comunidade para encarar os desafios”, defende Alia. John McCourt alerta para o perigo do brandwashing, termo direcionado a marcas que não cumprem o que pregam em suas campanhas. “Há orgulho nisso?”, pergunta Osenlund.
Trabalhar em parceria com as organizações, abrir espaço para a colaboração, proteger as pessoas LGBT, criar conversas autênticas, preservar a confiança de marca a partir de atitudes verdadeiras, planejar estratégias de longo prazo e não apenas ações pontuais são algumas das orientações deixadas pelos painelistas a fim de que as empresas, enfim, tenham orgulho de suas ações de marketing.