Web Summit: grandioso, questionador e reflexivo
Portugal vive um momento econômico e uma grande expansão do turismo. O sucesso do Web Summit incentivou o governo português a fechar um novo contrato que garante o evento por mais 10 anos em Lisboa.
O Web Summit é tão grandioso e complexo que torna-se impossível para o participantes acompanhar sequer 20% da agenda. São 1.200 palestrantes e 1.800 startups, 24 palcos e 68 mil inscritos. Logo minha leitura do evento está focada em alguns destaques nas minhas áreas de interesse.
Este Web Summit acontece em um ambiente de questionamento sobre privacidade, cyber secutiy, fake news e manipulação de opinião política.
A primeira proposta neste sentido veio do próprio fundador da Web, Berners-Lee, que entende que a Internet está sob risco e sugeriu a criação do #fortheweb, uma convenção internacional de valores e condutas.
Curioso que as vésperas das eleições americanas de 2018, Christopher Wylie, ex-diretor da Cambridge Analytica disparou: “O Facebook sabia de tudo desde o início e não fez nada.” Lembrando que a Cambridge Analitica foi acusada de obter e usar de forma ilícita os dados de milhões de usuários do Facebook na eleição de Donald Trump.
Jornalistas do Financial Times e The Guardian discutiram a questão da pós-verdade e fake news com a primeira ministra da Sérvia: “as pessoas gostam de passar adiante informações falsas. A mídia profissional é a sustentação da liberdade e a maior arma contra a corrupção”, comentaram.
O Web Summit também destacou bastante a evolução do IA, seus limites éticos. O uso da tecnologia para matar foi criticado pelo secretário geral da ONU, Antonio Guterres.
O presidente da Microsoft, Brad Smith, defendeu na Web Summit a necessidade de criar legislação internacional sobre o uso da Inteligência Artificial (IA) que garanta a segurança e a liberdade das pessoas.
Os espectadores ficaram maravilhados com os Bots ultra-empáticos que até alteram suas expressões e sotaques. A principal estrela robótica, Sophia, decepcionou por não responder perguntas, estava desconectada da Internet.
Eu pude assistir uma apresentação da Penrose onde uma personagem de um desenho de computação gráfica podia interagir com a plateia e responder perguntas. Realidade aumentada, realidade virtual e AI, tudo mixado.
Netflix e CBS reuniram multidões para discutir o fim da TV linear.
Aqui e ali, falou-se sobre o imediatismo envolvendo as redes sociais e a forma apressada com que as pessoas analisam e comentam as informações as rédeas sociais.
A indústria automobilística estava representada sobretudo por BMW, VW e Volvo, tratando do tema Auto-tech e o futuro dos transportes. E, ainda, havia muitos conteúdos sobre música, esportes, ecologia, diversidade, medicina, crypto e comportamento.
Web Summit é o maior e mais amplo evento de tecnologia e empreendedorismo. Um ambiente jovem e dinâmico que provoca muitas reflexões sobre os nossos dias e o futuro.
Lisboa está linda, explodindo em cultura e vida cosmopolita. É um must have de todo cidadão do mundo.
Paulo Queiroz é CEO e fundador da PQ Consultoria