Wunderman amplia atuação na Shell com customer experience

Há pouco mais de um ano, um incômodo pairava na relação da Wunderman com seus clientes. Como Pedro Reiss, seu CEO, define, a sensação era de que a agência estava sempre atrasada quanto às demandas e briefings que lhes eram passados.

Como alternativa para se manter mais próxima e atualizada quanto ao dia a dia do cliente, a Wunderman Brasil resolveu investir em uma nova área de customer experience (CX). O modelo baseado no mapeamento da jornada do consumidor como forma de ter insights para propor novas soluções já vinha sendo desenvolvido pela operação de Londres há três anos.

Alê Oliveira

Reiss (Wunderman), Carla Salgueiro (Shell) e Silveira: nova área gera insights para soluções

O Brasil foi o segundo escritório da agência globalmente a apostar no formato. “Quando o desafio era apenas de comunicação ficava mais fácil de brifar a agência, mas hoje ele é também de produto, negócio, design etc. É difícil que os nossos clientes consigam brifar em todos os cantos, e as agências começaram a ficar para trás. Trabalhávamos em cima de um briefing que não tinha a visão do todo, não contemplava todas as frentes necessárias”, explica Reiss.

A solução foi enviar Alexandre Silveira, diretor de criação da agência, para Londres para entender os processos, e assim implementar o conceito de customer experience na operação brasileira. O executivo se tornou também head de CX e, de lá para cá, lidera a nova área.

Relevância
O primeiro projeto do departamento está sendo feito há cinco meses com a Shell para sua linha de lubrificantes. “Essa questão do customer centricity a gente já ouve há cinco, 10 anos, mas é muito difícil de fazer. Você quer colocar o cliente no centro, mas a empresa tem dez ou mais departamentos, então não é fácil. Com a área de CX a gente achou uma forma de resolver esses problemas. O que fazemos nada mais é que desenvolver um conjunto de métodos, tecnologias e processos para trazer a visão do consumidor para o centro. E a agência, ao fazer isso, consegue chegar para o seu cliente e trazer algo novo”, defende Reiss.

Para a Shell, a Wunderman dividiu o projeto em duas fases. A primeira delas é baseada em análises e mapeamento de hábitos de consumo, e está praticamente completa. Os resultados foram apresentados para líderes de diversas áreas dentro da companhia.

A partir de agora as equipes da marca e da agência se aprofundam para entender as soluções, oportunidades e como desdobrá-las. Segundo Carla Salgueiro, head de marketing & pricing da companhia, é comum ter uma visão mais externa sobre qual é a jornada do consumidor e como ele percebe os produtos e serviços da marca. Mas a ideia é fazer o caminho inverso.

“O trabalho baseado em CX internaliza isso e nos ajuda a pensar no nosso planejamento, como a gente vai conversar com esse consumidor dada a visão dele e não o que a gente acha que deve ser”. Para a executiva, com as descobertas até agora, é possível trabalhar tanto no planejamento de comunicação de marca quanto no de marketing, promoções, programas de fidelidade e relacionamento.

“A partir do momento que você tem mapeado todos os momentos e os canais, a marca percebe o que ocorre até a compra. Daí fica fácil de identificar o que precisa para cada momento, quais oportunidades”, ressalta Silveira.