YouTube mostra clássicos da literatura mundial em apenas 6 segundos
Barata em cena de “Metamorfose” em releitura da obra de Kafka feita em vídeo de seis segundos
Drácula, Peter Pan, O retrato de Dorian Gray, Moby Dick, Metamorfose ou Romeu e Julieta em apenas seis segundos. Sim, isso mesmo! Grandes clássicos da literatura mundial ganharam uma releitura especial em uma estratégia do YouTube para promover o Bumper Ad no SXSW 2017. Bumper Ad é como ficou conhecido o formato de seis segundos, sem possibilidade de “skip”, lançado pela plataforma de vídeo há cerca de um ano, para uso em aparelhos mobile.
Os filmes das releituras literárias foram apresentados neste último domingo (12), em Austin, em um painel sobre storytelling organizado pelo Google no YouTube Corner. No desafio proposto pelo YouTube a agências e diretores de filme, as histórias não puderam ser divididas em capítulos e tiveram de ser produzidas na duração exata de seis segundos. Confira os 19 filmes de seis segundos aqui.
O YouTube fez uma ação semelhante em janeiro passado, também nos Estados Unidos, durante o Sundance Films Festival.
Em Austin, o diretor de criação do Google, Ben Jones, que participou do seminário sobre storytelling, conversou com o PROPMARK sobre o formato de seis segundos e sua capacidade para contar histórias. Veja abaixo os principais trechos da entrevista.
– Por que seis e não cinco ou sete segundos?
– Nós analisamos o comportamento do usuário e seis segundos foi o ponto máximo de valor. É o ponto em que a tolerância é alta, a atenção é alta e também o ponto em que o tempo é suficiente para contar uma história. Acima de seis segundos, há uma redução do potencial de engajamento com o usuário.
– Quanto tempo depois de seis segundos começa a ficar mais complicado para o engajamento com o filme no YouTube?
– Começa a cair imediata e gradativamente até dez segundos , quando o nível de engajamento já diminuído começa a ficar estável.
– Qual dica você daria para um diretor de criação ou para um diretor de marketing de alguma marca para fazer um filme de seis segundos?
– Eu diria que você tem de pensar como um quadro criativo, não pode ser um corte, uma edição de um filme de 30 segundos, por exemplo.
– Você acha que o formato é aconselhável para todo e qualquer tipo de mensagem, para todos os segmentos das marcas?
– Acho que a abordagem em seis segundos tem de ser uma coisa só, um ponto só. É claro que você não pode contar uma história longa, complexa, que precisa de persuasão. Você pode mostrar uma característica do produto, uma mensagem específica, uma piada. Acho que é um formato bom para marcas CPG (Consumer Packaged Goods), é bom para marcas de automóveis, que precisam destacar uma única característica do modelo. O interessante é que, em termos criativos, as pessoas geralmente não contam a história em apenas um único vídeo de seis segundos, elas tentam contar em quatro ou cinco quadros de seis segundos. São como episódios. A mágica dos seis segundos é atrair o consumidor para uma história mais longa, atrair o usuário para querer assistir mais sobre aquela história.
– Quais os trabalhos já feitos que você gosta mais?
– Na ação para o Sundance Films, que fizemos, o meu favorito é o “Mergulho”. Dos projetos literários que fizemos aqui para o SXSW, gosto muito do “Peter Pan”.
– Por que as pessoas pulam os anúncios?
– Porque elas não veem valor neles e ficam com a sensação de perda de tempo. Se elas têm a opção de pular, elas pulam. Acho que os publicitários têm de contar melhores histórias, temos de ser melhores contadores de histórias.
– Os formatos de 30 segundos ou de 15 segundos vão sobreviver?
– Os formatos de 30 segundos sem opção de skip vão deixar de existir no YouTube até o final deste ano. Os de 15 segundos vão continuar porque ainda estão dentro das expectativas dos usuários. Mas estamos vendo uma grande explosão do formato de seis segundos. É um equilíbrio perfeito entre o tempo para contar uma história e o grau de engajamento do usuário.
– Quais marcas estão fazendo o melhor com stortytelling?
– Sou um grande fã da Under Armour. Acho que o que eles fizeram na Olimpíada com o Michael Phelps é o meu trabalho publicitário preferido de todos os tempos.
– Qual sua opinião sobre os vídeos publicitários do Brasil no YouTube?
– Os brasileiros são os mais inovadores na minha opinião porque vocês têm essa integração de mídia e criação dentro das agências, ou seja, têm de pensar nas duas áreas junto. Nos Estados Unidos, por exemplo, isso é tão diferente com pensamentos de mídia e criação em contextos diferentes. A maioria dos meus filmes favoritos vem do Brasil.
– Algum trabalho brasileiro especifico que já chamou a sua atenção?
– O meu favorito é “Fãs imortais”, para o programa de doação de órgãos feito por um clube de futebol do Recife.
Ben Jones, diretor de criação do Google: “Precisamos ser melhores contadores de histórias”