O 'Big Brother Brasil' está na reta final e, apesar de críticas, é possível dizer que foi uma boa temporada, principalmente em comparação com as últimas duas. O elenco deste ano foi diverso e tenho percebido um aumento da diversidade, em alguns aspectos, ao longo das edições. Para entender a questão, o InstitutoZ, uma iniciativa da Trope, consultoria de geração Z na qual sou fundador, fez um levantamento sobre o assunto, que analisou os 408 participantes e os 70 finalistas do reality show.

Para obtermos os resultados, foram feitas análises com recortes das 24 temporadas do programa. No entanto, apesar da diversidade ter de fato aumentado, é preciso deixar claro que a quantidade de participantes também aumentou, conforme os anos foram passando. As primeiras edições tinham entre 12 e 15 participantes na casa, enquanto a temporada atual foi a maior até o momento, contando com 26 participantes.

Ou seja, notamos uma movimentação do reality show em trazer pessoas diferentes, com personalidades, regiões, raças e sexualidades distintas uma da outra, no intuito de aumentar a pluralidade de seus participantes e conversar melhor com o público e com as marcas. É óbvio que isso também é feito com o objetivo de gerar brigas e confusões, porém, já é um ganho, visto que as idades e até mesmo o biotipo corporal de boa parte dos selecionados acaba seguindo um padrão.

Quando se trata de regiões, tendo o 'BBB24' como exemplo, apesar de termos pessoas do Brasil inteiro, os participantes do Sudeste ainda prevalecem, com uma marca de 56,8%. E mesmo a quantidade de participantes no geral tendo aumentado por volta de 50% em cada ano, o número do Sudeste se manteve em torno da mesma quantidade, ou seja, praticamente metade de todos os elencos fazem parte dessa região.

Isso deixa claro que o programa tende a valorizar bastante o Sudeste, principalmente o eixo São Paulo e Rio de Janeiro (onde está localizado o Estúdios Globo), pois entendem que são os locais que possuem os grandes centros e cidades ‘coringa’ para ações, especialmente envolvendo as marcas. Além disso, existe o fato da procura de pessoas dessa região para entrar no 'BBB' ser mais alta que o normal, afinal, as inscrições para o Sudeste sempre esgotam antes.

Por outro lado, isso não é motivo para não valorizar mais as outras regiões. Ao longo das temporadas, tivemos apenas 16 participantes da região Norte (3,9%) e além da representatividade ser pequena, existem estados que nunca tiveram representantes, como Tocantins e Amapá. Regiões Centro-Oeste e Nordeste também estão em minoria, marcando 31 (7,5%) e 59 (14,4%) participantes respectivamente.

O que é uma pena, visto que ter pessoas com regionalidades diferentes na TV aberta pode ser bastante positivo, incentivando a cultura, a economia e até mesmo o turismo dos locais. O exemplo mais recente é o que aconteceu com o Festival de Parintins, que passou a despertar curiosidade no público por causa da participante Isabelle Nogueira, que veio de Manaus, e é a Cunhã-Poranga do Boi Garantido durante a festa.

A partir disso, percebemos o quanto as mudanças do 'BBB' refletem as cobranças do público, principalmente, da geração Z nas várias redes sociais, que puxam mutirões e levantam hashtags. Essas mobilizações tornam o reality show mais moldável aos novos comportamentos e necessidades de ouvir os consumidores que influenciam as marcas, fazendo com que sejam parte do processo e tomadores de decisão para que a audiência do programa permaneça viva.

Luiz Menezes é fundador da consultoria Trope