Sábado o SXSW 2024 acordou mais cedo. O motivo, simples: se Amy Webb fala às 10h, a internet começa a falar sobre Amy Webb bem antes disso – repararam?

Tudo ao redor do seu badalado "Emerging Tech Trend Report" é assunto: das filas na entrada do Ballroom D às tendências e cenários futuristas, o que não vira headline nos jornais, vira post nas redes sociais.

O report deste ano mapeou 695 tendências que nos levam a 95 possíveis cenários futuros. Trocando em miúdos, são quase 1000 páginas de análises, possibilidades, probabilidades e cheiro de neurônios queimando.

Como é humanamente impossível se aventurar a uma opinião relevante sobre tanta coisa em tão pouco tempo, elenco aqui alguns insights que, com certeza, levarão você a reflexões interessantes.

Afinal, ainda melhor que um dia vendo Amy Webb são os dias seguintes pensando sobre tudo que ela falou. Aqui, vou elencar os pensamentos que mais me chamaram atenção.

Inteligência Artificial e Ética: quem assume o erro?
Em sua fala, a autora americana deixou claro que discutir sobre a Inteligência Artificial não é falar sobre um tópico futuro, mas sim algo que já está no nosso dia a dia. Logo, é preciso se preparar para ela e ter responsabilidade com o seu uso. Até aí, nenhuma novidade, senão pensar sobre uma questão fundamental, mas ainda pouco discutida entre nós: qual é a ética da Inteligência Artificial? Quais são os seus preconceitos? Um exemplo perfeitamente possível: você vai lá na sua IA favorita e dá um prompt como "CEO de grande sucesso". Que imagem provavelmente teremos? A de um homem branco em um terno caro e bem cortado?

Para Amy, a necessidade de escalar ferramentas rapidamente cria ambientes propícios à reafirmação de preconceitos, e isso, sim, deve ser motivo de grande preocupação e cuidado. Afinal, se uma inteligência artificial erra, quem assume o erro?

Depois do FOMO, o FUD
Amy bem lembrou também que a Inteligência Artificial pode ser o motor de qualquer coisa, do conceito à concretização. Parece prático, né? Mas pensar nisso nos coloca em um limbo infinito de possibilidades. E essa  angústia diante das tecnologias digitais e seus impactos na nossa forma de existir têm provocado um conjunto de sintomas e comportamentos de estresse até então inéditos na sociedade global. Que o diga a FOMO (síndrome de comportamento ansioso resultante da percepção de que se está perdendo experiências que outras pessoas estão vivendo). Para Amy, sem saber o que fazer ou pensar sobre a Inteligência Artificial neste momento, as lideranças, em especial, têm sentido na pele esses efeitos. Muitos têm agido baseados no medo – "Eu sei que todos vocês sofrem de FUD agora", disse a americana.  (FUD =  Fear, Uncertainty, Doubt - Medo, Incerteza, Dúvida).

Biotecnologia, AI e IoT - o Superciclo da Tecnologia
Mas talvez uma das principais contribuições de Amy Webb no SXSW tenha sido a explicação do conceito do "superciclo da tecnologia". Segundo ela, a combinação de três tecnologias que, de forma isolada, têm o poder de gerar um impacto superlativo em nossas vidas, mas que, quando juntas, podem redefinir muitos aspectos da existência humana. São elas: Inteligência Artificial, Biotecnologia e Internet das Coisas.

Face Computers
E, por fim, falando em redefinir aspectos da nossa vida, em breve, um computador facial saberá o que você está prestes a fazer antes que você perceba o que quer fazer. Segundo Amy, adventos como o Apple Vision Pro estão desenvolvendo uma capacidade impressionante de leitura da íris. E como nossos olhos reagem de forma praticamente imediata ao que pensamos, esses componentes logo estarão aptos a decifrar os pensamentos que estamos prestes a ter.

Astério Segundo é fundador e CEO da agência 35