O exemplo do piloto Ayrton Senna, mesmo após 30 anos, remete a tudo o que fazemos no dia a dia dos nossos clientes

A consultoria suíça de soluções em nuvem SoftwareOne reuniu parceiros e a imprensa na manhã desta terça-feira (11) para falar sobre o impacto da tecnologia nos negócios das empresas. Como não podia deixar de ser, a inteligência artificial roubou a cena no Autódromo José Carlos Pace, em Interlagos (SP), mostrando que velocidade, destreza e estratégia não são características inerentes apenas ao automobilismo.

“O exemplo do piloto Ayrton Senna, mesmo após 30 anos, remete a tudo o que fazemos no dia a dia dos nossos clientes”, garante Otávio Argenton, country leader da SoftwareOne no Brasil. Com mais de oito milhões de usuários e 3,5 mil cloud experts em 150 mercados, a companhia pretende voar além da nuvem. “Queremos ser uma empresa de gestão empresarial ERP (Enterprise Resource Planning) até 2026”, planeja o COO Eronides Júnior.

Microsoft, Google Cloud, Adobe, IBM, Pars, Quest, Veeam, Distec, Ingram, Suse e o serviço de computação em nuvem AWS, da Amazon, estão entre os parceiros da SoftwareOne atualmente. Durante o 'SoftwareOne Experience', representantes dessas marcas e participantes do encontro puderam percorrer a pista de Interlagos a bordo de modelos de corrida Mercedes-Benz AMG GT4.

Sonia Caso, presidente da SoftwareOne para a América Latina, garante a relevância do Brasil para o crescimento da empresa. “É o motor da América Latina, com investimentos, aquisições e cada vez mais tecnologias puxadas por inteligência artificial”, confirma.

Otávio Argenton: "Não adianta captar uma massa gigantesca de dados se a empresa não consegue convertê-los em decisões" (Divulgação)

A busca por dados se transformou em uma verdadeira caça ao tesouro, inclusive na publicidade. Mas antes de se investir em inteligência artificial, por exemplo, é preciso organizar a infraestrutura em nuvem. Um dos benefícios é a escalabilidade do negócio, que ganha mais musculatura para promover crescimento de forma sustentável.

“Não adianta captar uma massa gigantesca de dados se a empresa é incapaz de convertê-los em decisões”, adverte Argenton. O alerta não é novo, porém permanece latente. “Precisa entender primeiro o que a tecnologia pode fazer pela empresa. Com a evolução da inteligência artificial, entramos na era do prompt e não mais do search”, insiste Argenton.

O economista Ricardo Amorim, que conduziu um dos painéis apresentados no evento, lembra que a oportunidade vem quando as pessoas menos esperam. “Utilizem a inteligência artificial. Os ensinamentos vão preparar o avanço do negócio”, recomenda.

Carros utilizados para imersão no 'SoftwareOne Experience' (Divulgação)

Segundo o consultor, a transformação promovida pela tecnologia acompanha o momento favorável para investimentos na América Latina, que vem atraindo recursos antes direcionados à Rússia e China. “As guerras mudaram esse contexto. Investidores querem evitar o risco de ruptura”, explica. A Rússia invadiu a Ucrânia em fevereiro de 2022, alterando a geopolítica global, agravada pelo ataque do Hamas a Israel, em outubro do ano passado.

Nesse período, as moedas que mais se valorizaram foram as da América Latina, especialmente Brasil e México. Mais empregos com poder de compra em alta e menos inflação ancoram a conjuntura, embalada ainda pela melhora da competitividade do país. A reforma tributária, que neutraliza impostos em cascata, anima o mercado.

O Brasil ainda ostenta vantagem no mercado mundial de energia. Uma das riquezas mais promissoras do país, os biocombustíveis se destacam no processo de transição energética. Fontes de energia limpa, como o etanol, ganham importância ao lado da abertura do segmento livre de energia, que avança no mercado corporativo, podendo chegar ao consumidor final até 2028. “As pessoas poderão escolher o seu provedor de energia”, pontua Amorim.

Ricardo Amorim: ventos favoráveis (Divulgação)

Com as maiores economias globais enfraquecidas, o cenário estrangeiro empurra o crescimento do mercado nacional. “O Brasil, porém, está ganhando por W.O.”, compara Amorim, referindo-se à expressão comumente utilizada no esporte, que vem do inglês walkover e define vitórias contra oponentes impedidos de participar das disputas. “Os ventos favoráveis dependem também do rumo que o governo escolherá para o país daqui para frente”, pondera Amorim.

Para o especialista, o desafio é sustentar a confiança no país a fim de manter o otimismo. O humor político-econômico impacta também o mercado publicitário. De acordo com dados do Cenp-Meios, a compra de mídia atingiu R$ 4,5 bilhões no primeiro trimestre de 2024, alta de 23,1% em relação ao mesmo período do ano anterior. O impulso foi determinado pelo meio out-of-home (OOH), com 2,85% de aumento, seguido pela internet (2,39%). Já a televisão encolheu 3,89%.

Embora positivos, os indícios deixam um aviso para o mercado de agências. Clientes como a SoftwareOne necessitam de conhecimentos específicos sobre o mercado B2B, “algo que falta no setor”, aponta Renata Mello, diretora de marketing da SoftwareOne no Brasil.

Acompanhe a entrevista com Renata Mello na edição impressa do dia 17 de junho.