Após crescer 0,1% no primeiro semestre, WPP vende a consultoria FGS para a KKR

"Estabelecemos um preço à altura do valor da empresa e capaz de manter o crescimento do WPP em seus principais negócios"

O grupo britânico de comunicação WPP acaba de anunciar a venda da consultoria FGS Global para a Kite Bidco, companhia controlada pelo fundo de investimentos Kohlberg Kravis Roberts (KKR), que pagou US$ 775 milhões por uma fatia de cerca de 50% da empresa, avaliada em US$ 1,7 bilhão.

Com o negócio, o grupo WPP poderá concentrar esforços em suas operações de relações públicas, criatividade e mídia. Essa última, é justamente a área que puxa a expansão do grupo atualmente.  

A reorganização de negócios do WPP começou com a fusão entre Finsbury, The Glover Park Group e Hering Schuppener, em 2021, seguida pela aquisição da Sard Verbinnen no mesmo ano, além da incorporação da KKR como acionista minoritária em 2023, transformando a FGS em uma empresa com 1,4 mil especialistas e 1,6 mil clientes.

O acordo não interfere nos resultados do WPP em 2024. A expectativa é de que a transação seja concluída ainda neste ano por meio das devidas aprovações regulatórias. O processo foi conduzido pelo Goldman Sachs International.

“A venda da FGS representa uma excelente oportunidade para o WPP. Com a gestão da FGS, construímos uma liderança global em estratégia de comunicação e consultoria, criando valor para os stakeholders. Estabelecemos um preço à altura do valor da empresa e capaz de manter o crescimento do WPP em seus principais negócios, incluindo a Burson e Ogilvy Public Relations”, esclarece em nota Mark Read, chief executive officer do WPP.

Para Alexander Geiser, global CEO da FGS, esse novo momento enaltece o trabalho feito ao longo dos últimos quatro anos a partir de três consultorias independentes, ao lado da Sard Verbinnen. “Agradeço ao WPP por ajudar a impulsionar o crescimento da empresa. Estamos ansiosos para dar continuidade ao apoio estendido pela KKR, que compartilha a nossa visão e estratégia, para ajudar os clientes a navegar no complexo ambiente dos seus públicos-alvo”, declara Geiser.

Mark Read: incertezas levaram grupo a rever previsões para o ano (Divulgação)

Mídia continua puxando crescimento
A receita do grupo WPP alcançou £ 7,2 bilhões no primeiro semestre de 2024, alta de apenas 0,1% em relação ao mesmo período do ano anterior. Já com despesas descontadas, o valor é de £ 5,6 bilhões, redução de 3,6% em comparação à cifra de £ 5,8 bilhões registrada em igual intervalo de 2023.

A operação de mídia GroupM avançou 1,9%, puxada pela conquista da conta da Nestlé. Já a rede global de agências integradas declinou 2,8%.

A Ogilvy se destaca com a conquista da conta da Verizon, além de clientes da área de consumo e estabilização de gastos com players de tecnologia, enquanto a Hogarth se fortalece com demandas guiadas por inteligência artificial (IA) para soluções cada vez mais customizadas.

A VML segue impactada pela perda da Pfizer, mas apresenta reação no segundo trimestre embalada pela área de tecnologia. Na AKQA, os resultados foram abalados por atrasos de projetos. América do Norte (-1,6%), Reino Unido (-2,6%), Europa Continental (-4.8%) e China (-20,3%) apresentaram queda, enquanto a Índia cresceu 8,1%.  

Segundo trimestre
A receita do WPP caiu 0,5% no segundo trimestre de 2024. A companhia já havia reportado um recuo de 1,4% no resultado dos três primeiros meses do ano, para £ 3,4 bilhões.

Nesse novo recorte, o crescimento apontado na América do Norte (2%), Europa Ocidental (0,3%) e Índia (9,1%) contrasta com a queda observada no Reino Unido (-5,3%), China (-24,2%) e no restante do mundo (-2,2%).

“O segundo semestre entregou uma melhora sequencial nas vendas líquidas com crescimento contínuo do GroupM, Ogilvy e Hogarth, Burson e VML, além das operações especializadas. Vale ressaltar que a América do Norte voltou a crescer. Dito isso, temos visto pressão na China e em nossos projetos relacionados que, com as incertezas do ambiente, nos levou a moderar as nossas previsões para o ano”, comenta Read.

A performance das agências integradas também regrediu, para 0,6%. Apesar do avanço de 1,4% registrado pela agência de mídia GroupM, as operações integradas de criação amargaram diminuição de 2,4%. Os dez principais clientes cresceram 2,5%. Players do setor automotivo atendidos pelo grupo alavancaram receita, enquanto os de tecnologia mostraram estabilidade.  

O faturamento originado por novos negócios atingiu US$ 1,7 bilhão. AstraZeneca, Colgate-Palmolive, J&J e Governo do Canadá estão entre as conquistas.  Já as soluções encampadas pela plataforma de inteligência artificial WPP Open ajudaram a otimizar as operações da Burson, GroupM e VML.