“Com tanto ruído publicitário, é difícil ser relevante sem tomar posição”

“Tem gente que gosta de reclamar, mas, se continuar assim, que seja de boca cheia”. O discurso da nova campanha da Chevrolet para a S10 modelo 2020 continua dando o que falar. Depois de ser um dos assuntos mais comentados nas redes sociais desde que entrou no ar, no último domingo (28), o filme criado pela Commonwealth // McCann, divisão da WMcCann responsável pelo atendimento do anunciante, corre o risco de ser analisado pelo Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar).

Não seria a primeira vez que uma campanha do anunciante passaria por análise da entidade. Em 2017, um filme para o mesmo produto foi julgado pelo Conar após denúncias de que a peça endossava “discurso raivoso e vingativo” contra ambientalistas. À época, após defesa do anunciante, o processo foi arquivado e a comunicação não foi suspensa.

Diante da possibilidade de passar novamente pela situação, Hermann Mahnke, diretor de marketing da GM para o Mercosul, se diz tranquilo com o posicionamento que vem sendo adotado pela Chevrolet. A discordância de parte dos consumidores, na opinião do executivo, é efeito natural para uma empresa que tem mantido opiniões muito bem estabelecidas.

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Hermann Mahnke é diretor de marketing da GM para o Mercosul

“A partir do momento em que tomamos posição como marca, ela tem que ser relevante para nossa audiência. A gente também cria algum ruído com o outro lado, é natural. Se  no filme de S10 eu falasse de um lindo céu azul, de uma família feliz e contente passeando em um fim de semana, provavelmente eu não teria nenhuma queixa sobre a campanha, mas a conexão com a minha audiência seria muito mais baixa”.

Segundo Mahnke, “com tanto ruído publicitário exposto diariamente, é difícil ser relevante sem tomar partido ou posição”. Por outro lado, defende que a marca tem responsabilidade pelo que produz  e comunica devido ao impacto que tudo isso gera. Na campanha Nova Chevrolet S10 – Jornada – #feitapraquemfaz, de 2017, o executivo reforça a vitória do anunciante no Conar, demonstrando que não tinha intenção de ofender, mas sim dar voz a uma classe relevante dentro da nossa economia com quase ¼ do PIB.

“A defesa no Conar mostrou que a gente não teve má intenção. E com essa campanha [a de 2019] não vai ser  diferente. Tenho certeza que caso a gente precise discuti-la no Conar, vamos tranquilos porque a gente acredita no que estamos fazendo”.

Um dos fatores que ampliaram a repercussão da campanha Boca Cheia foi o endosso do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, em seu perfil no Twitter. Sobre o tom político que foi dada a comunicação, Mahnke reforça que a marca se posiciona como apolítica e sem relação com qualquer candidato ou governante. Na próxima edição impressa do PROPMARK, o executivo dá mais detalhes sobre a repercussão da campanha e dados do monitoramento feito em redes sociais sobre seu impacto para a marca.