Fim do plano básico da Netflix impulsionará pacote com publicidade, dizem especialistas
Serviço de streaming terá apenas os planos básico com anúncios, padrão e premium
A Netflix anunciou para o mercado brasileiro, na semana passada, o fim do plano básico sem anúncios. Com isso — a partir de agora —, o streaming terá apenas três opções de plano: o básico com anúncios, padrão e premium, que passam a custar R$ 18,90, R$ 39,90 e R$ 55,90, respectivamente.
Em nota, a Netflix disse que a descontinuação do plano básico deve acontecer para os novos assinantes ou para aqueles que forem renovar a assinatura. Os usuários que já assinam o plano padrão atualmente continuarão com a opção disponível. A mesma mudança será adotada em outros países, como Alemanha, Espanha, Japão, México e Austrália.
O streaming vem registrando um crescimento no número de assinantes. Segundo dados referentes ao terceiro trimestre de 2023, a Netflix teve um aumento de 8,76 milhões de assinantes — o serviço totalizou 247,15 milhões de assinantes no final do período fiscal, em 30 de setembro. Ainda de acordo com o documento, o maior crescimento era, até então, na adesão ao plano com anúncios, um incremento de 70% em relação ao trimestre anterior.
Miguel Valione Junior é publicitário, mestre em Comunicação e Semiótica, e coordenador da Grande Área da Comunicação na Universidade Anhembi Morumbi. Para ele, as mudanças nos planos da Netflix tem, como umas das intenções, incentivar o plano com anúncios.
“A Netflix sabe que muitos assinantes estão relutantes em pagar por um serviço com anúncios. Com o fim do plano básico, a Netflix espera que os assinantes que não querem pagar mais caro pelo serviço optem pelo plano com anúncios”, afirmou.
O plano com anúncios, ao qual se refere o docente da universidade, foi apresentado pela Netflix no final do ano passado. Criada após um período em que o Netflix perdeu quase 1 milhão de assinantes, a opção conta com publicidade antes e durante a reprodução do conteúdo, além de não possuir catálogo de séries e filmes completos da plataforma.
Valione Junior ressalta que ainda é cedo para avaliar qual será o impacto da decisão numa real medida. “No entanto, acredito que a medida pode ser positiva para a Netflix, e pode ajudar a empresa a continuar a crescer”, destacou.
Coordenador do curso de Cinema e Audiovisual da ESPM, Pedro Curi concorda com Valione. Ele explica que, até então, o limitador do plano básico era uma qualidade de imagem inferior, e acesso a todo acervo.
“Agora, o que temos é um plano mais barato e com a mesma qualidade de imagem. Ou seja, isso faz com que a Netflix entregue a mesma qualidade de imagem, independente da velocidade de internet, mas que, quando você tem a possibilidade de anúncio, aumenta outra forma de entrada de receita”, disse.
Compartilhamento de senhas
Desde maio, no Brasil, o compartilhamento de senhas da Netflix passou a ser pago. A medida prevê que uma assinatura pode ser compartilhada apenas entre pessoas que moram na mesma residência.
Em comunicado, divulgado à época, a Netflix afirmou que a medida se estende às pessoas que compartilham senhas e perfis com pessoas que moram em outras residências. Segundo a plataforma, “a conta Netflix deve ser usada por uma única residência”.
A medida, que também valeu para o mercado da Austrália, provocou uma debandada de clientes da Netflix no país. A consultoria Telsyte estima que 200 mil consumidores abandonaram o serviço de streaming nos últimos 12 meses, cerca de 3% da base no país.
(Crédito: Foto de Sunder Muthukumaran na Unsplash)