Formar e não "deformar" novos talentos é desafio da criação
O glamour da profissão, os festivais e o reconhecimento do mercado publicitário baseado nas premiações podem estar deformando jovens talentos antes mesmo que eles atinjam a maturidade profissional. Atentos a esse movimento, os clubes de criação na América Latina têm se voltado a formar e não “deformar” as novas gerações.
O assunto permeou o debate “Círculos criativos: desafios e oportunidades”, nesta quinta-feira (9), durante o El Ojo de Iberoamerica, em Buenos Aires. “Há uma série de características do mercado que tende a deformar um pedaço do jovem criativo. Ele é treinado, desde o primeiro dia, para fazer algo que ganhe prêmios, pois sabe que isso vai favorecer sua carreira. O problema é que isso deforma toda a geração”, pontuou Fernando Campos, sócio e diretor-geral de criação da Santa Clara e ex-presidente do Clube de Criação do Brasil.
Fernando Campos (ao centro) durante debate com líderes dos círculos criativos da América Latina
O desafio de formar novos talentos para o futuro e de saber quais políticas práticas podem ser aplicadas pela entidade permearam as discussões do painel, que contou também com a participação de Luis Gaitan, head de criatividade do Google México e presidente do Círculo Criativo no país, e Ciro Sarmiento, chief creative officer da agência Dieste e presidente do Círculo Criativo Hispano, nos Estados Unidos.
“Parte do nosso trabalho é criar atividades ao longo do ano inteiro e não apenas na época que antecede um grande festival internacional”, destacou Sarmiento. “Ainda falta amadurecimento. Devemos compreender que o círculo é voltado para jovens talentos que buscam oportunidades de melhorar seu craft. Temos que estar abertos para treiná-los para o futuro”.
Luis Gaitan (ao centro) falou sobre a necessidade de mudança cultural no mercado
Gaitan, do México, lembrou que essa responsabilidade passa pela mudança cultural dos padrões da indústria, que não costuma dividir conhecimento, mas apenas competir. “Estamos saindo de um modelo de festival que simplesmente concorre para o modelo de festival para compartilhar conhecimento. Saindo do conceito de melhor campanha para mostrar como você fez a melhor campanha. Não temos como indústria o hábito de compartilhar, apenas de concorrer. Não há compartilhamento de dicas para você concorrer melhor. Temos que mudar essa questão”.
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