O que você vai fazer quando puder fazer qualquer coisa? Essa foi a provocação deixada por Fabiano Coura, SVP managing diretor da agência R/GA, e de Jeferson Ricardo Garcia Honorato, superintendente executivo do Bradesco, nesta quarta-feira (8), durante o Festival Internacional El Ojo de Iberoamerica.
Em um mundo de transformações digitais que torna possíveis grandes projetos inimagináveis em um passado recente, como Uber, Whatsapp e Airbnb, como garantir que seu negócio não seja engolido por tudo isso? A inquietação levou agência e cliente a criarem o Next, um banco pensado para a era digital.
O processo de concepção do negócio, bem como seus aprendizados foram apresentados pelos executivos no festival, que acontece até esta sexta (10), em Buenos Aires. “Vivemos num momento em que novas tecnologias e devices invadem nossas vidas e transformam a forma como pessoas conhecem marcas e adquirem serviços”, lembra Coura. Segundo o executivo, empresas que ficam acomodadas em seu próprio negócio morrem, daí a importância de viver em constante senso de urgência.
“As empresas ou estão numa crise de ameaça ou crise de oportunidade. Os clientes vitoriosos são os que estão olhando com senso de urgência. Se você não tem uma crise, invente uma, não se acomode em cima de sua vaca leiteira, senão será extinto”, provoca Coura.
O Next, que começou a ser pensado há cerca de três anos, surgiu não de uma crise de ameaça, mas de oportunidade. Segundo Garcia, o novo projeto tem sido utilizado como teste para sua empresa-mãe, o Bradesco. “Acreditamos que os modelos não são substitutivos. Formatos tradicionais somados a canais digitais têm mais longevidade. Mas existe um mercado de bastante relevância que é o público dos nativos digitais. Mais do que completar o portfólio de serviços, estamos testando modelos que podem ser replicados também para o Bradesco”, destaca o executivo.
Com 75 milhões de clientes na América Latina, a instituição financeira enxergou no Next uma força de andar a segunda milha no processo de digitalização que já tem sido feito na companhia. “95% das nossas transações são feitas por meio digital, mas não é suficiente. No Brasil, temos 58 milhões de millennials que foram impactados e mudaram completamente sua forma de consumo”, diz Garcia.
Muito além da propaganda
Parte fundamental no processo de lançamento de uma nova empresa, a comunicação seguiu a mesma proposta de disrupção que orientou a criação do Next. Contrariando campanhas tradicionais de instituições financeiras, a R/GA convocou o ator sul-coreano Ken Jeong, o Mr.j Chow, da franquia “Se beber, não case”, para protagonizar sua campanha de estreia.
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“Temos um produto à frente do mercado, e o que a gente vê são bancos em cima de campanhas que falam em metáforas, bike sharing, programas sociais, como se estivessem escondendo por trás disso tudo. Criamos, então, a lógica de demonstrar o produto, criar uma maneira que não se parecesse propaganda, mas com conteúdo”, destaca Coura.
No vídeo veiculado desde o último dia 30 de outubro, Chow apresenta os serviços do Next de forma irreverente e bonachona do personagem. Ele parece em diversas situações do dia a dia dos jovens consumidores, sugerindo soluções financeiras para problemas como fazer uma vaquinha para uma pool party, morar sozinho ou fazer um intercâmbio. “Preferimos a demonstração e não metáforas. Chow é um cara que não parece banco. Por isso contratamos ele”, afirma Coura.