“Meio rádio empatou receita com o ano anterior, não dá para se queixar”

Este ano ainda não trouxe resultados para serem comemorados, mas o otimismo, aos poucos, vai voltando aos discursos dos porta-vozes do mercado. O rádio, assim como ocorre com outros meios, é muito suscetível ao PIB (Produto Interno Bruto), segundo Luis Roberto Antonik, diretor-geral da Abert (Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e TV). “Estes três últimos anos não foram bons para ninguém. 2017 foi até um pouco melhor para o setor de rádio. A gente empatou a nossa receita com o ano anterior. Então, não dá para se queixar”, diz Antonik.

A boa capilaridade e o aspecto local são algumas das vantagens do meio. “O número de emissoras é estupidamente grande. São 4.650 emissoras comerciais. Somos muito esparsos. Quanto mais espalhado você é, menos você sofre”, fala. O executivo destaca a importância do meio no âmbito local. “As mídias locais estão desaparecendo. O jornal local está sumindo, a TV é uma mídia poderosíssima, mas é de massa. Sobrou para o rádio fazer serviço, trânsito, conteúdo, esportivo e policial locais”, fala.

A entidade tem investido em tecnologia, incentivando emissoras a entrar de vez no mundo digital com sites e aplicativos, além de apoiar a migração das emissoras da faixa AM para FM, para que possam ser sintonizadas nos celulares. “Investimos muito recurso no MobiAbert. 2017 foi muito bom neste sentido. O meio rádio não pode ir contra a internet, tem de lutar junto”, afirma. O Projeto MobiAbert contempla um aplicativo que integra mais de 2.500 emissoras do país, um portal e aplicativos exclusivos.

A rádio Transamérica também percebeu a importância da atualização tecnológica para o meio. “Com o crescente investimento das emissoras para estarem presentes em diferentes plataformas digitais, ocorreu mais uma vez o fortalecimento do poder e do alcance do rádio. Os tradicionais valores intrínsecos do meio, como mobilidade, acessibilidade e imediatismo, continuam cada vez mais consolidados e têm entusiasmado os profissionais do segmento”, diz Luiz Guilherme Albuquerque, diretor-superintendente da Transamérica FM.

Outra emissora que deu atenção à necessidade de aderir às novidades foi a Rádio Globo. “Também investimos em tecnologias de ponta, que não só integram as praças da rádio, mas também permitem transmissões em tempo real, 360 graus, via Facebook Live. O investimento em todo o negócio nesse biênio de crise mostra a confiança e a aposta que estamos fazendo no meio rádio, além de chancelar o projeto de sinergia entre as empresas do grupo Globo”, explica Julio Pedro, diretor da Rádio Globo.

O veículo foi lançado neste ano, em um “projeto ousado e inovador”, como diz o executivo. “Levamos às ondas do rádio nomes que não circulavam neste meio, mas que tinham grande representatividade na TV e nas redes sociais. O lançamento veio em época de turbulência econômica, em que a crise exigia renovação”, fala.

Ricardo Gandour, diretor-executivo da CBN, conta que o ano também foi de mudanças na emissora. “Tivemos transformações plásticas (com novas trilhas sonoras), mudanças na grade da rádio (além de novos programas, mais comentaristas e mais representatividade feminina), e, acima de tudo, grande investimento na digitalização da emissora (com transmissões via Facebook e conteúdo jornalístico e de branded content exclusivos para podcast)”, diz.

kjekol/iStock

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