“O coaching é normal em grandes empresas”

Conceito em alta, o coaching nada mais é do que um processo de desenvolvimento pessoal, muito voltado para solucionar questões profissionais. A definição é de Rodrigo Goecks, sócio da consultoria Adigo, que usa conceitos de antroposofia para treinar lideranças. “As empresas nos procuram porque querem mudar alguma coisa. A gente tem uma série de caminhos para fazer isso. O coaching é um deles”. Segundo Goecks, o coaching é um processo normal dentro das grandes empresas porque existe forte preocupação com a formação dos líderes. Ele destaca ainda que as habilidades técnicas perderam relevância na era da Inteligência Artificial. “As habilidades comportamentais estão fazendo a diferença”. Veja a seguir os principais trechos de sua entrevista.

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Rodrigo Goecks: “Temos uma metodologia própria muito experencial”

TRANSFORMAÇÃO
A Adigo tem todos os tipos e perfis de clientes, atuando basicamente na transformação, mudança, estratégia e cultura da empresa. Hoje em dia um pilar forte é o desenvolvimento de lideranças. Dentro disso, temos o coaching, assessment, para mapear e desenvolver as lideranças dentro de uma empresa. Trabalhamos com multinacionais como Bosch até uma Porto Seguro, que é uma empresa tipicamente familiar, apesar de não ser mais bem assim. Aliás, atuamos nesse processo.

PROCESSO NORMAL
As empresas nos procuram porque querem mudar alguma coisa. Temos uma metodologia própria muito experencial, que tem a visão integrada do ser humano. A gente entende que a transformação das empresas depende da transformação dos grupos, do indivíduo. Dependendo da empresa, a gente tem uma série de caminhos para fazer isso. O coaching é um deles. O coaching é um processo normal, estruturado dentro das grandes empresas. Qualquer diretor, gerente e assistente de RH sabe o que é e contrata um coach, que custa de R$ 1.200 a R$ 1.600 a hora.

TIMIDEZ
TNós trabalhamos com poucos clientes, mas com profundidade. Para nós, não faz muita diferença essa polêmica que ocorreu na novela (O Outro Lado do Paraíso, da Globo, gerou discussão ao mostrar que a hipnose seria um dos recursos de coaching) porque não afeta o mundo corporativo. O coaching, na verdade, é um processo de desenvolvimento pessoal. Vou dar um exemplo clássico. Fui coach de um presidente de uma empresa que tinha dificuldade de falar em público. Ele sempre foi querido pelos funcionários, mas era muito tímido. Tinha dificuldades. Se essa dificuldade é fruto de um problema de trauma de infância, por exemplo, isso o coaching não trata. Isso é terapia. Agora, entender esse problema e trazer uma estratégia conjunta para que ele supere isso, o coaching trata. É uma metodologia, a gente diagnostica, traça metas, avalia e retroalimenta.

AÇÃO
O coaching é ação, diferentemente da terapia. Existem casos extremos que a gente não trabalha com coaching e indicamos a terapia. Isso é raro, mas pode ocorrer. Com o coaching, as pessoas saem da sessão com o dever de casa. Por exemplo, um dever de casa para uma pessoa tímida como o caso que mencionei pode ser ir até a mesa de tal pessoa e conversar com ela sobre determinado assunto. Porque para ele, como é tímido, é muito mais fácil chamar as pessoas para falar em sua mesa, na sua zona de conforto. Pode ser um passo para ele começar a superar esse desafio. O diagnóstico é um processo de mergulho em si. É preciso entender quem é esse indivíduo, o que move ele, quais são as suas crenças e valores. A partir daí, a gente cria um plano de ação. O objetivo é o desenvolvimento profissional.

HABILIDADES
Antigamente, uma pessoa, para ser gerente ou diretor, precisava ser um bom técnico. Hoje em dia, as habilidades técnicas são menos importantes. As habilidades socioemocionais são muito mais importantes, porque as habilidades técnicas são de fácil resolução. Já as habilidades interpessoais, comportamentais, estão fazendo a diferença hoje.

INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL
Saiu agora no Fórum Mundial que das dez principais competências para 2030, oito são comportamentais. O LinkedIn fez uma pesquisa em que havia 60% de insatisfação em competências comportamentais dentro das empresas. Isso é um movimento que já vem ocorrendo há algum tempo e agora fica cada vez mais claro porque temos Inteligência Artificial. O que uma máquina faz vale por 20, 30, 100 funcionários, dependendo da área. Já existe, por exemplo, processo de inteligência artificial para fazer processo de pré-seleção de currículos.

BRANDING
Muitas vezes as agências fazem um trabalho de branding, mas a cultura da organização não acompanha. Fica algo só para fora, porque dentro não se realiza. Várias empresas que fizeram rebranding nos procuram para fazer isso virar realidade dentro das organizações. A gente entra como parceiro das agências, neste caso. Talvez uma solução para as empresas de propaganda é se associar a empresas como a Adigo para fazer trabalhos conjuntos.

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