Onde e Quando. Onde é como tudo começa e se define. Por exemplo, eu nasci numa família de três filhos. Fui o segundo de três, portanto, o filho do meio. Hoje uma espécie em extinção. Não se faz mais filhos do meio. Exagerando dois, normalmente um, e excepcionalmente um cachorro – ou gato. E assim segui a vida.

Como filho do meio, era um ensanduichado. Por um irmão mais velho, que merecia todas as alegrias e agrados dos que chegam antes, e por uma irmã, caçulinha, que pegava os pais meio que cansados de dar bronca – no filho do meio – e recebia doses de muito e permanente carinho. O do meio, na porrada. Calma, amigos, não estou reclamando. Amo meus saudosos pais e a eles agradeço por tudo o que fizeram pela família – muito além das suas possibilidades financeiras, físicas e intelectuais. Heróis de verdade. Mas sei o que é ser filho do meio; repito, uma espécie em extinção.

Quando é o momento em que você nasce. E agora, e por causa disso, tem um novo ensanduichamento na praça. Os 40, quarentinha, nascidos na década de 1970. Sentia isso no ar, no comportamento dessas pessoas – tenho dois filhos e mais de uma dezena de sobrinhos nesse time –, mas não conseguia entender direito qual a razão. E aí assisti a um filme meio que enrolado, mas inteligente, delicioso e revelador, que se propôs a desvendar o mistério: o mistério dos quarentinhas – pouco mais, pouco menos. “Enquanto Somos Jovens”, com Naomi Watts e Ben Stiller – eles, o casal de 40 –, rodeados de amigos que têm filhos pequenos e só falam disso, que optaram por não ter filhos e se entusiasmam com os casais na faixa dos 20 que estão se formando. A direção é de Noah Baumbach.

Traduzindo, sem tirar a emoção e prazer de ver o filme que recomendo, 20, 40 e 60. Os de 40 sofrem. Educados pelos que hoje têm 60, seguiram à risca a educação e os exemplos que receberam, sentem-se na obrigação de dar para seus filhos o mesmo ou mais que receberam de seus pais, não se conformam com as facilidades, folgas e descontração dos de 20. Procuram enquadrar-se, de forma constrangedora e desajeitada, na idade que têm em função do quando nasceram, assim como sonham em voltar para os 20 e, quando tentam fazer, o resultado é ainda mais constrangedor e trágico.

Quando a crise se estabelece, decidem recorrer aos de 60. E, para espanto deles, os de 60 têm a maior admiração pelos de 20, que tiveram a coragem que os de 40 não tiveram de contestar muitos dos “consagrados valores”. E claro que o digital tem muito a ver com isso. Os de 40 fazem parte do que Don Tapscott chamou de Growing Up Digital. E os de 20 são os Grown Up Digital. E, se quiserem, os de 60, mais rápidos e sensíveis, integraram-se à Flux Generation. Onde o que importa não é a idade que se tem, mas a atitude que se toma em relação ao novo.

É isso. 20, 40, 60. Se seu phocus encontra-se em uma dessas três tribos, mergulhe de cabeça e procure compreender por que essas pessoas comportam-se do jeito que se comportam. Muito diferente do que você imaginou até hoje. Comece, por exemplo, assistindo ao filme.

Francisco A. Madia de Souza é consultor de marketing, sócio e presidente da MadiaMundoMarketing