Nesse último mês de setembro, estive em Miami para participar de um encontro de presidentes e heads de negócios das agências DDB Latina, da qual meu grupo faz parte. Ao longo de dois dias, cerca de 40 executivos do grupo dedicaram tempo para alinhar suas visões sobre as grandes transformações e mudanças que estão pautando o mundo dos negócios, especialmente para entender essa nova sociedade impactada pelas novas tecnologias. Entre os muitos países latinos, ao lado do Brasil, estavam representantes da Argentina, Peru, Colômbia, México, Espanha e Guatemala, além dos Estados Unidos. Durante o evento, tive a oportunidade de compartilhar com os participantes um pouco da trajetória da Tudo, agência do Grupo ABC Omnicom que lidero, e meu olhar sobre o futuro da comunicação no Brasil e no mundo.

Em várias oportunidades estive em Miami, mas essa visita foi diferente das anteriores, porque esse encontro da DDB Latina me fez refletir que o Brasil pede hoje uma oportunidade de se sentir latino, de fazer parte dessa comunidade especialmente maravilhosa e gigantesca, à luz de suas populações e de suas culturas. Afinal, somos latinos. E esse evento permitiu um intercâmbio de ideias, visões e culturas, dentro desse grande mercado. Acredito que nem os Estados Unidos pensem assim, apesar de a Flórida ser quase um país latino dentro da América do Norte, um reduto dessa cultura formada por uma grande combinação de povos. Para mim, foi uma experiência maravilhosa conhecer profissionais que pensam num mundo global latino formado pela complementariedade de nossos países. Durante dois dias, convivemos e debatemos como o mundo digital nos permite uma aproximação real.

Cumprida a agenda corporativa, como ninguém é de ferro, estendi minha estada por mais três dias para circular por Miami e dar uma checada no que há de novo na mais latina e talvez antagônica das cidades americanas. Estereotipada e “fake” para alguns, especial e maravilhosa para outros. Independentemente do que você pensa, Miami é uma cidade encantadora para quem vive por lá. Talvez um dos principais fatores seja a qualidade de vida. É um cotidiano diferente do que estamos acostumados nas grandes metrópoles brasileiras. Em quase qualquer atividade, os compromissos profissionais acabam entre 5h e 6h da tarde, porque as pessoas precisam ter tempo para cuidar de si, curtir a família e os amigos, ter vida.

Na minha programação, incluí alguns locais que revelam uma Miami que se reinventa, como o Pérez Art Museum, o esplendoroso museu de arte contemporânea que em 2013 foi totalmente redesenhado pelos famosos arquitetos suíços Jacques Herzog e Pierre de Meuron, e hoje é um dos destaques de Downtown. Ao seu lado estará, no início de 2017, o Patricia and Phillip Frost Museum of Science, que está sendo totalmente reformado, e infelizmente não pude visitar. Muito me encantou o Wynwood Art District, antigo bairro degradado localizado em uma zona industrial, reduto de drogas, que foi totalmente revitalizado para abrigar um celeiro de arte urbana, composto por mais de 70 galerias, 5 museus, 6 complexos artísticos, 12 estúdios de arte, 5 feiras de arte e os coloridos Wynwood Walls (muros de Wynwood), o “Beco do Batman” de Miami. Através da street art e do grafite de jovens talentos de vários países, o local ressurge totalmente hypado. Lá, vi os Gêmeos e outros artistas brasileiros, que, com suas obras de rua nas paredes do bairro e nas inúmeras galerias, cafés, restaurantes e lojas, revigoram uma área dada como perdida. É um exemplo extremamente significante para a gente entender a importância do planejamento urbano para a revitalização das grandes metrópoles.

Nessa segunda etapa da viagem, escolhi ficar no Stanton Hotel, um hotel pequeno e charmoso, na beira do mar, em South Miami Beach. Quase na ponta da península, o lugar perfeito para um convite a botar o pezinho naquela água quente do mar que lembra o Caribe e, por que não?, minha Bahia. Miami nunca está no meu raio prioritário de viagens, mas, quando estou lá, sempre experimento dias maravilhosos e trago na bagagem muitas histórias para compartilhar.

Por fim, uma recomendação aos “gastrônomos” viajantes, o  Restaurante Milos, um restaurante grego em Miami Beach. Fui duas vezes apenas porque não tive tempo de ir mais. Simplesmente não pesquise no Trip Adivasor. Vá!