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É fato recorrente: uma grande agência digital perde uma ou duas contas fortes e acaba sendo vendida, pois não consegue se manter. Então, o que as empresas com mais de 20 anos de mercado podem ensinar às novas? Esse foi o tema de um dos painéis deste sábado, 24, do Festival da Transformação – FT18, evento promovido pela ADVB/RS que acontece neste fim de semana em Porto Alegre.

O bate-papo foi acalorado e discutiu temas polêmicos, como o modelo de negócios das agências tradicionais vs. digitais. A conversa foi mediada por Jonatas Abbott, sócio da Dinamize. “É preciso ouvir as empresas que não foram vendidas”, diz o profissional.

Ricardo de Bem também participou. Ele comanda a Divex há 23 anos. “A batalha das agências digitais e das tradicionais não teve um fim previsto. As tradicionais esgotaram seu modelo e as digitais, que estavam esperando como filhotinhos de passarinho a verba de mídia cair, não viram isso acontecer. O modelo de agencias digital também se esgotou. O dinheiro acabou indo para outros métodos de venda. Na construção civil, por exemplo, houve foco em corretor e imobiliária, por exemplo. A gente está atrás de um novo modelo de digital. E falar em digital já está ultrapassado, estamos no pós-digital”, explica.

Melissa Lesnovski, que comanda a Aldeia também há mais de 20 anos, lamenta que no digital as agências não ganhem comissão do Google e Facebook e acredita que isso afeta a performance das empresas. “Não existe esse lastro financeiro [da comissão]. Temos que lidar com uma outra composição de custos e preços”, elucida dizendo que, muitas vezes, as agências maiores oferecem o digital “de graça”.

Qual a solução?

Segundo Moyses Costa, diretor da Ondaweb, empresa que está no mercado desde 2005, o mercado digital é completamente diferente. Para ele, a pulverização de serviços afeta a percepção do cliente. Por isso, mesmo que se opte por um modelo full, a agência consegue entregar um trabalho completo, mas isso é ocasional. “Acho que não é um modelo que se sustente”, explica.

Por isso, é preciso repensar o modelo de trabalho a todo momento. A Ondaweb já decidiu não focar mais no Facebook. “A gente já teve trabalhos fortes, inclusive com inboud marketing, mas a partir do momento que começaram a entrar muitos players, com muitas formas de negócio e apelo agressivo, foquei no básico”, explica o profissional.

Abbott levantou outra possibilidade interessante: atender as PMES. Para Melissa, isso faz sentido. Ela diz que, muitas vezes, faz mentoria para esse tipo de cliente e, depois, o “solta no mundo”. “Eu fico feliz, ele fica mais feliz ainda porque ele está fazendo”, analisa.

E a automação? Atrapalha? Um site de mil reais que fica pronto em algumas horas, por exemplo. “É maravilhoso. Se der certo tudo bem, se não, eu tenho trabalho”, brinca Melissa.

No caso da Divex, há reflexão diária para oferecer algo novo. Uma novidade que “ainda é um serviço” é uma espécie de campanha digital por assinatura. Mas sem interferência do cliente. Segundo Ricardo, o pequeno empresário contrata uma campanha de Adwords por um mês, por exemplo, e decide se continua ou não após analisar o relatório do trabalho.

Porém, um dos grandes problemas do mercado são as “Falsianes Corporativas”. O termo, segundo o diretor da Divex, classifica profissionais que prometem Deus e o Mundo para as empresas e acabam ganhando os trabalhos das empresas honestas. Uma espécie de clickbait em forma de agência: prometem algo que não é aquilo que entregam.

Se o futuro reserva dias melhores para as agências digitais, só o tempo irá dizer.