Pedro Garcia é uma figura genuinamente criativa.  Carioca, fundador da Queremos! e dono do personagem Cartiê Bressão, ele circula por diversas áreas e usa seu poder multiarefas para assumir o posto de head of concept do Grupo Isobar Brasil. A seguir,  Pedro fala ao PROPMARK sobre suas expectativas, inspirações e sua paixão por tudo o que é humano. 

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O posto ‘head of concept’ é algo novo, que te dá certa liberdade de atuação para construir esse perfil. Qual vai ser a sua atuação e como você vai trabalhar?

Esse posto é legal porque não só a criação faz parte do trabalho como faz parte de criar o próprio lugar. A gente está trabalhando com todas as empresas e podemos criar desde modelos de negócios até programas de TV. O objetivo é juntar várias coisas disponíveis e ver o que elas podem fazer em conjunto, como isso pode se integrar com as propostas e necessidades dos clientes ou as nossas próprias.

No Grupo Isobar Brasil, você tem circulado por áreas que antes você não circulava?

Com certeza. Eu acho que muito intensamente. Mesmo em áreas que eu já tivesse tido contato, mas não tão profundo, está sendo um banho de loja de conhecimento e de oportunidades. Eu gosto de funcionar como um intermediário, um tradutor ou guia de vários assuntos.

Por que topar esse desafio depois de empreender?

Eu trabalhei muito tempo em agência, tanto online, quanto offline. Depois disso, sai para fazer o Queremos! e, ao mesmo tempo, usando tudo que aprendi, entrei no entretenimento, na assessoria de programa de TV. Até hoje faço o Prêmio Multishow, além da direção de carreira de músicos. Apesar de ter ido para esse caminho, quando comecei a conversar com a Isobar foi muito interessante, porque essa posição (head of concept) dá muita escala para os projetos. Uma coisa é eu estar sozinho fazendo projetos, outra coisa é estar em uma estrutura nova em que eu acredito. Uma coisa é você ver consultorias que estão tentando ficar mais criativa, outra coisa é um lugar que une inovação e criação e isso faz parte da essência, da estrutura. O que a Isobar enxerga como presente e futuro é muito parecido com o que eu acredito. Não é uma agência no sentido careta da coisa, é mais um agente que agencia marcas, projetos, etc. Eu acho que esse mix de expertises e visão faz com que a gente possa criar startups, produtos, eventos, desde modelos de negócio até programas de TV.

Qual é o momento atual do Queremos!?

Eu continuo como sócio, mas não estou mais no dia a dia. Quando a gente criou o Queremos! ele era uma ferramenta de financiamento coletivo, que era um modelo inovador. E aí nos associamos a uma aceleradora de negócios e fizemos uma expansão para os Estados Unidos com o nome de We Demand, com sede em Nova York. O mercado americano é mais estruturado que o brasileiro em termos de música. Então fizemos uma plataforma social de música onde os fãs podem pedir os shows que eles querem. No entanto, a análise de dados fez com que a gente não precisasse que o financiamento fosse a única maneira de possibilitar a realização de shows. Criamos uma plataforma e quem se interessou muito pelas nossas ferramentas foram novos artistas digitais, como Youtubers. No ano passado a gente fez mais de 3 mil eventos com YouTubers, porque eles são muito mais ágeis e tem menos a perder. E aqui no brasil a gente tem utilizado esses dados que coletamos com os fãs e realizado shows com os patrocinadores. Estamos há três anos com Heineken, mas já trabalhamos com Tim, por exemplo.

O que você vai trazer das suas experiências como empreendedor para o Grupo Isobar Brasil?

Eu acho que são duas coisas principais. Primeiro é o olhar de público. Eu estou mais interessado em coisas que façam parte da vida das pessoas e não que sejam uma interrupção na vida delas, mas que seja a própria coisa que as pessoas se interessam. E eu acho que tem também uma visão de negócios. Por exemplo, quando você está em uma startup, você não pode tolerar nada que não traga retorno. Então é uma mentalidade muito legal, porque você está interessado em dar um retorno para o investimento. Acho que essas duas mentalidades juntas casam muito bem com o que o Grupo Isobar Brasil tem.

Cartiê Bressão tem 23 mil seguidores no Instagram, 67 mil no Facebook. Como funciona? É um projeto pessoal?

Eu me dei conta da minha missão com o Cartiê Bressão. É um projeto que me energiza e não um projeto que me drena energia. Ele não é algo que eu tenha que me dividir, é algo que me nutre. E, principalmente, eu não saio para tirar foto. Então são as minhas fotos do Instagram com um storytelling de um personagem que é francês, sobre o complexo vira-lata brasileiro, que valoriza o que vem de fora, que não dá valor e que não se conecta com as pessoas de classes diferentes. Ele acaba falando sobre várias coisas que eu penso sobre o mundo e acabou tendo uma conexão super legal com a internet. 

Quais são as suas inspirações e referências?

Eu sou muito curioso e gosto de coisas interessante, desde negócios até criatividade. É aquele lema dos bombeiros: ‘nada do que é humano nos é indiferente’. Então eu gosto de ser humano e o que cada pessoa quer, pensa, anseia, além de cultura, dança, viagem. Eu acho que eu não tento colocar as pessoas como um público. Eles são indivíduos como eu e juntos eles são uma massa de pessoas, mas são indivíduos.

E a internet?

A internet é como uma extensão da vida real. É um novo órgão de comunicação entre seres humanos. É como se adicionasse uma nova camada de comunicação entre as pessoas. Para mim, tudo faz parte. Tanto o Queremos! que é uma questão de unir o online com o offline, as experiências do mundo real, quanto isso que sai do mundo real e traz para a internet. É um ciclo que fica indo e vindo, nunca é estático.

Você gosta de tecnologia?

Gosto bastante. Minha história pessoal com tecnologia é antiga. Eu montava computadores quando era pequeno. Um dos primeiros projetos que eu fiz no colégio foi um boletim automático com um programa que calculava suas notas e quanto você precisava de nota final. Ele era uma mini empresinha.

Quais tecnologias você tem consumido e acha que valem a pena?

Tecnologia é uma ferramenta e não um fim. Quando a internet surgiu, era focado na tecnologia, mas depois fomos migrando para as experiências limpas e hoje os sites não são mais mirabolantes, apesar de produzirem mudanças mirabolantes na vida das pessoas. Então, para mim, é ser algo que impacte a vida pessoal das pessoas. Tem muitas tecnologias que estão ficando maduras e, nesse sentido, toda tecnologia começa realmente a ter um impacto na vida das pessoas quando ela começa a se disponibilizar e a atrair gente que está querendo resolver os seus próprios problemas. Temos a internet das coisas e inteligência artificial que fornecem ferramentas que estão ficando muito acessíveis.

Como você vê a criatividade brasileira?

Eu acho que o brasileiro é um dos povos mais criativos do mundo. Eu estou feliz por estar aqui neste momento de tantas mudanças que estão acontecendo na internet, em termos de relações dos seres humanos. Eu acho que a internet se estruturou de uma maneira muito parecida como a que o brasileiro funciona. Essa interação, criatividade, público e privado, para povos mais educado e ricos, como o europeu e o americano, não é a maneira deles se relacionarem com outros seres humanos. Então a internet é um jeito que o brasileiro tem de interagir entre si. Isso coloca a gente numa posição de vanguarda, muito diferente de qualquer outro tipo de inovação tecnológica que a gente está sempre atrás. Em termos de comportamento digital, é um dos poucos lugares que onde a gente pode estar na vanguarda mesmo. Algumas ferramentas ganham usos no Brasil que os próprios criadores não sabiam.  

Qual a sua expectativa em relação a essa nova fase?

Quanto maior o problema, mais legal o cliente. Eu acredito que poucos lugares vão ter condições de resolver problemas de maneira tão completa quando a gente aqui. Então é uma ótima maneira de se diferenciar. Eu estou pessoalmente bem empolgado e com muita vontade de fazer coisas diferentes. Eu acho que eu gosto de impactar realmente a vida das pessoas.