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Os modelos tradicionais das agências são questionados constantemente. Muitos afirmam que seus dias estão contados e que novas formas de trabalho chegarão e abrirão novos caminhos para a publicidade. Neste momento de transição, quem têm vantagem são as pequenas e médias agências independentes, cuja própria direção pode decidir em pouco tempo se haverá ou não mudanças. Mas, será que as pequenas podem ensinar as grandes? Pensando nisso, PROPMARK ouviu alguns nomes do mercado em busca de respostas.

Algumas situações exigem tomadas rápidas de decisão e que levariam tempo se dependessem de uma estrutura multinacional. Exemplos? “Em campanhas de oportunidade, de guerrilha, em mudanças de estratégia de comunicação em campanhas de curto prazo e até mesmo em definição de foco de atuação de marca no cenário digital/social”, opina Erich Lago, diretor de operações da fri.to.

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Para Moacyr Maciel, copresidente da Ideia 3, estruturas mais enxutas e com poder de decisão loca, conseguem lidar melhor com a necessidade de mudanças ou adoção de caminhos alternativos no desenvolvimento de propostas, modelos de atuação e formatos de remuneração. “O nosso negócio está mudando constantemente. A todo momento surgem novas ferramentas e modelos alternativos de atuação. Então, na verdade nosso negócio não mudou, está mudando, todos os dias. A todo instante surge uma necessidade de rever algum processo ou forma de atuar e se não formos ágeis na adoção de novos caminhos, não atenderemos as novas oportunidades que surgem a todo instante”, explica.

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“Um navio transatlântico transporta cerca de cinco mil pessoas ao redor do mundo com o máximo de conforto e luxo. Um veleiro também é capaz de fazer a mesma viagem. Com um número bem menor de pessoas e em mais tempo. O primeiro não pode, por simples desejo, mudar a rota traçada. Milhares de pessoas estão envolvidas. Dentro e, principalmente, fora do navio. O veleiro pode”, a metáfora é de Álvaro Rodrigues, CEO e CCO da Fullpack. Ele continua: “Não gostou daquele porto, iça as velas e muda de direção. Basta combinar com todos os presentes no barco, o ônus e o bônus da decisão tomada. O que é melhor? O transatlântico ou o veleiro? A questão não é essa. […] A analogia vale para exemplificar a tomada de decisão. Decisões do dia a dia, como compra de equipamentos, budget para contratação de pessoas ou instrumentos de pesquisa, por exemplo, tendem a ser mais rápidas em operações independentes”, explica.

Segundo Rodrigues, uma tomada de decisão mais rápida significa também flexibilidade, estar aberto para as transformações que acontecem no dia a dia. Cada vez mais, independentemente do número crescente de ferramentas de análise, a comunicação está voltada para pessoas. “Esse nunca pode deixar de ser o nosso foco. Pessoas mudam de opinião, de visão, de comportamento de compra. Nós precisamos nos antecipar a essas mudanças. E mudança não combina com modelos engessados. Nesse sentido, líderes com autonomia para dar a palavra final e que vivem o mesmo cotidiano, incluindo os problemas e questionamentos dessas pessoas, tendem a estar mais próximos da solução de um problema”, analisa o CEO da Fullpack.

Mas mudar também significa correr riscos. Como prevenir que algo saia errado? “Procuramos sempre elucidar para todos os envolvidos, internamente e externamente – sejam clientes, fornecedores, veículos, ou qualquer stakeholder envolvido no processo – os motivos que levaram a nossa nova proposta, mostrando de forma clara os benefícios que visamos atingir, os pontos negativos que serão mitigados e de que forma cada parte envolvida será readequada para essa correção de rota que se faz necessária”, esclarece Erich Lago.

Já na Fullpack, primeiramente, é feito uma análise sobre quais seriam os impactos de qualquer mudança. “Toda decisão estratégica é embasada em números, fatos e dados e apresentada em reunião de conselho com os sócios Mauricio Marquez e Paulo Gatti para que, a partir daí, possamos promover a mudança”, elucida Álvaro Rodrigues. Na Ideia 3, o procedimento é semelhante: “É sempre bom testar, prototipando os novos caminhos e soluções”, diz Moacyr Maciel.

Exemplos de práticas que saíram das pequenas agências e foram para as grandes não faltam. Todo o processo das aprovações de artes e textos em campanhas, por exemplo. “Antes haviam inúmeros processos, que muitas vezes exigiam documentos físicos de aprovação, com assinaturas em papeis que iam de cá pra lá, com vários steps e revisões, para algo que é tão simples e que hoje se dá por um simples e-mail, contendo um mero ‘bora!'”, exemplifica Erich lago.

E você? Já trabalhou em grandes e pequenas agências? Quais as principais diferenças? Comente.