Alê Oliveira

1. O Brasil que trabalha e produz, quer se ver livre o mais depressa possível dos gigolôs da pobreza alheia, aqueles que tudo prometem aos mais necessitados, explorando a sua credulidade, com o fim de cada vez mais enriquecerem, além de obterem mais poder.

O povo argentino acaba de nos dar um grande exemplo de como se pode ordeiramente virar esse jogo, através das urnas. A vitória de Macri condena a experiência local do bolivarianismo, pensamento político inspirado em Simon Bolívar, que, todavia, lutava pela independência dos países da América Latina, ainda dominados pelos colonizadores.

Estamos falando do fim do século 19, quando o ideal separatista estava no auge, culminando inclusive com a independência brasileira, em 1822.

A História hoje é outra e nem mesmo a divisão de esquerda e direita é mais aceita, a não ser como ponto de referência para entendermos a geopolítica do planeta, que ensejou a Guerra Fria entre as grandes potências do chamado mundo ocidental e os países integrantes do bloco soviético.

Optando mais recentemente pela rejeição à economia de estado, esse bloco desmoronou e o mundo passou a desempenhar as regras do capitalismo, descobrindo a partir daí que um dos seus maiores problemas passaria a ser o capitalismo selvagem, o lucro a qualquer preço, a ganância sobrepondo-se a qualquer ideia de fraternidade.

Não se trata de uma luta desigual e sem fim. Se antes os eufemistas nos ensinavam que o mundo caminhava para o socialismo, hoje aprendemos que, pela necessidade de progresso e sobrevivência, a trilha do capitalismo é a mais promissora, com todos os defeitos e problemas que possa apresentar.

Um deles é a impossibilidade de elevar no curto prazo a vida dos cidadãos, porque isso exige muito mais de cada um de nós do que o rebaixamento proporcionado pelas ditaduras que, via de regra, costumam nivelar todos por baixo, salvo desonrosas exceções.

Nesse tempo de maturação em busca de um mundo melhor para todos, entram em ação os aproveitadores, aqueles que, percebendo a insatisfação dos segmentos mais pobres das populações e seu baixo grau de percepção a respeito do tempo necessário para que a vida possa melhorar coletivamente e não apenas para alguns poucos espertos e privilegiados, propõem e até chegam a oferecer situações melhores.

Só que, na grande maioria das vezes até no curto prazo, logo chega a conta dessas falsas promessas, como rapidamente chegou ao Brasil, acelerada por um grau de desonestidade no trato com a coisa pública como jamais havia se visto em nosso país.

Nem houve tempo para se prever a tempestade, que chegou com força avassaladora, prejudicando a grande maioria da população brasileira de forma absurda.

Os arautos das falsas promessas sentiram que seu fim está próximo, tendo já chegado para alguns deles. Se há algo na história da humanidade que não combina entre si, é a convivência pacífica do heroísmo, que aqui pode ser entre aspas, com a desonestidade.

As máscaras estão caindo, os truques sendo revelados, como o das grandes ligações de multimilionários com os autoproclamados defensores dos pobres e oprimidos, que os grupelhos recompensados para repetir bordões mentirosos gostam de chamá-los (aqueles) de “guerreiros, heróis do povo brasileiro”. Quanta impostura!

Ao que tudo indica, porém, o fim dessa era de calamidade que atravessamos está próximo. Os últimos e inesperados episódios (pela forma com que se desmascararam perante a opinião pública) parecem apressar o encerramento do ciclo dessa odiosa tragicomédia.

Ano novo, vida nova, diz o bordão, este sim verdadeiro, da esperança do povo brasileiro. Temos fé que, já na virada do ano, o país será outro, mais fortalecido por ter acordado desse pesadelo incrível, ao qual foi levado pelos ditos salvadores da pátria, todos muito bem de vida com as suas famílias e alguns até comemorando pelo fim da necessidade de representar, o que deve ser de fato muito cansativo, apesar das recompensas.

2. Em visita à redação do propmark, Nizan Guanaes, Guga Valente e alguns companheiros do Grupo ABC vieram até nós para agradecer à lisura do noticiário produzido pelas nossas plataformas jornalísticas, a respeito da venda das empresas que compõem o ABC à gigante multinacional Omnicom. Os visitantes nem precisavam praticar o saudável exercício do agradecimento, pois, como nos últimos 50 anos, apenas cumprimos com o nosso dever e a sólida profissão de fé de que o melhor jornalismo, em todas as suas múltiplas áreas de atuação, é sempre o que respeita o seu compromisso com a verdade.

Muito se especulou nos últimos dias sobre a venda do Grupo ABC, que ainda este ano era tido como futuro integrante da rede mundial WPP. Até Martin Sorrell chegou a garantir a um dos nossos jornalistas que via com bons olhos a ideia.

O destino do grupo brasileiro, porém, mudou de direção, atrelando-se a outra rede mundial, a Omnicom, que aqui no Brasil, entre outras operações, tem na AlmapBBDO sua mais importante parceira até então.

A partir daí – poucos dias passados – o tema ganhou espaço em todas as mídias, inclusive as que pouco falam do mercado publicitário. Ajudou muito a nosso ver nessa importância dada não só pela mídia brasileira ao fato, como também por boa parte da mídia internacional, a figura polêmica de Guanaes, que, como todo grande líder, tem o condão de juntar prós e contras em tudo que faz, com uma velocidade às vezes estonteante.

No caso de Nizan, é inegável a sua capacidade de produzir fatos de grande repercussão, aumentando o contingente dos prós e contras agora não apenas em nosso país, mas também em outros centros do mundo, com destaque para aqueles em que a comunicação do marketing é forte, significativa e variada.

Guanaes, Guga Valente e ex-sócios e agora (a partir dos próximos dias) executivos remunerados do Grupo ABC prometem outras novidades já para o início de 2016. Quem conhece e admira seu líder, Nizan Guanaes, sabe que se trata de uma promessa com grande possibilidade de se transformar em fatos.

No meio desse sonho que ele confessa estar vivendo, não perde o sentido do seu negócio (ainda seu) e das coisas que o envolvem e reafirma: “Sou desde já candidato à presidência da Abap Nacional nas próximas eleições”.

Sendo também inegavelmente controvertido, pode provocar, com esse seu autolançamento “político” no mundo das agências, dúvidas e certezas, além de gerar expectativas sobre o que na verdade pretende dizer com isso.

Façam suas apostas.

3. José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, comemorou seus 80 anos na última semana, aqui em São Paulo, com 160 dos bons e muitos amigos que soube cultivar ao longo da sua criativa jornada.

Pode-se mesmo dizer, sem receio de erro, que o maior crédito pela qualidade e avanço da nossa televisão cabe a ele, com o trabalho incansável (para ele) que desenvolveu por anos a fio na Globo e repete em sua afiliada, a Rede TV Vanguarda.

Quem foi ao Fasano na última quinta levar o seu abraço ao Boni, encontrou um mestre sorridente, feliz por tantos amigos à sua volta e disposto a enfrentar novos desafios, pois é isso que o move.

4. Esta é a última edição do propmark no atual formato. A partir de 7/12 (data de capa), adotaremos o formato tabloide, com impressão em casa (Referência Gráfica), em papel couche e dando um salto rumo ao futuro na sua já longa trajetória de 50 anos completados em maio último.

O projeto gráfico é de autoria de Sergio Gordilho, copresidente e diretor-geral de criação da Africa, que, juntamente com sua equipe, trabalharam semanas a fio para nos entregar o melhor do seu inegável talento.

A virada que o Brasil está prestes a dar nos inspira.

*Ano novo, vida nova: só falta um mês.

Armando Ferrentini é diretor-presidente da Editora Referência, que edita o propmark e as revistas Marketing e Propaganda