Se é importante para as marcas ter um propósito, a Lush faz questão de levantar suas bandeiras claramente. “A Lush sempre teve os direitos humanos como algo genuíno. Nós vendemos cosméticos para financiar causas ativistas, não o contrário”, declara Alessandro Comisso, que responde pela diversidade e causa LGBT na empresa.

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O executivo veio visitar a operação brasileira da Lush, no fim do ano passado, acompanhado de Adam Goswell, responsável pelo e-commerce, inovações tecnológicas, design e éticas digitais da marca. “A nossa viagem para o Brasil é parte de uma visita à América Latina. Fomos ao México, ao congresso IGF (Internet Governance Forum), para entregar 45 mil petições assinadas de 150 países de nossa primeira campanha de direitos digitais com a organização AccessNow. O Brasil é um mercado importante, já que temos uma fábrica e o primeiro e único spa da América Latina. Também adoramos o nosso time local e, claro, caipirinhas!”, declara Comisso.

A campanha #KeepitOn, da AccessNow, que defende os direitos digitais pelo mundo, foi apoiada pela marca no fim de 2016. A loja colocou nas prateleiras a bomba de sal de banho Error 404, em alusão à mensagem que aparece quando há bloqueio à internet. “A campanha foi incrivelmente bem recebida, considerando a complexidade do tema, que são os bloqueios de internet no mundo”, explica Goswell.

Em 2015, a marca lançou uma campanha que levava os clientes a refletir sobre os direitos LGBT, feita em parceria com a instituição All Out, que luta contra a proibição dos relacionamentos homossexuais. Nela, os consumidores foram levados a pensar sobre a questão: “E se o seu amor fosse ilegal?” e eram incentivados a usar a postar uma foto com o sabonete Amor, que trazia a #GayIsOk. “A campanha só fez com que algo que sempre existiu ganhasse mais força”, fala Comisso.

O executivo nega que a criação de produtos dedicados aos propósitos da marca seja apenas para chamar a atenção. “O ganho de awareness da marca não é algo que levamos em consideração. Nós facilitamos a comunicação de causas em que acreditamos ao oferecer todos os nossos melhores esforços para levar suas mensagens ao nosso público. E, geralmente, dedicar um produto para a campanha é a melhor maneira de nos comunicarmos com a audiência”, conta. De acordo com o executivo, no caso da campanha Gay Is OK, a intenção da mensagem principal era chamar a atenção para o fato de que, em muitos países, o amor entre o mesmo gênero é ilegal. “Nós desenvolvemos um sabonete chamado Amor com a #GayIsOK que, por este motivo, teve sua venda proibida em alguns países, como a Rússia ou a Arábia Saudita”, afirma.

A marca mantém permanentemente entre seus produtos o creme corporal Charity Pot. “A causa LGBT é um tema constante na Lush, ou seja, muito maior do que uma campanha específica. Sempre damos voz a organizações locais e estamos em contato com grupos ativistas no Brasil, devemos ter algo em breve!”, conta Comisso.