Pelas urnas e, portanto, democraticamente, uma parte ainda não de todo calculada do estamento militar brasileiro, retorna ao poder central.

O discurso de posse do presidente Jair Messias Bolsonaro, que anteriormente cumpriu 27 anos consecutivos no Congresso Nacional, somando diversas legislaturas, detalhou toda a história da sua candidatura, impulsionada por um sintoma que facilmente se detectava junto à população do país: a insatisfação geral contra os desmandos de antigos revolucionários e muitos pós-aderentes, desnudando suas intenções nada democráticas e ainda revestidas de incalculáveis ilícitos, com alguns chefões sendo julgados e condenados pelas leis do país.

Não tivesse esse clima chegado ao auge e muito provavelmente não teríamos sequer a candidatura Bolsonaro disputando a Presidência da República.

Foi o exagero da nova esquerda brasileira, que preferiu deixar o centro e abraçar em todos os sentidos, a postura radical maoísta, somada ao que de pior o stalinismo reservou para a antiga URSS, que serviu de estopim para acordar um segmento militar, cujos antepassados julgavam ter cumprido uma séria missão entre 1964 e 1984, que segundo seus líderes completava-se com a entrega do poder às lideranças civis do país.

Uma pena que não durou muito para tudo começar de novo, com a volta das bandeiras vermelhas nas manifestações públicas, um dado que Bolsonaro não deixou escapar no seu discurso de posse.

A pergunta que não quer calar se repete entre os mais experientes: Desta feita, o novo processo de combate ao beabá socialista que estava novamente se instalando no país, será para valer? Ou, isso se trata, como tantos outros, de um movimento pendular da História, em países ainda incompletos como o Brasil, com incontáveis carências e muito ainda a ser feito pelos milhões de desassistidos que somos incapazes de diminuir?

Não se sabe, ninguém sabe. Mas, acredito que pelo menos e aos poucos deixarão de ser massa de manobra de lideranças espúrias e mal-intencionadas, que prometem resolver o grave problema da miséria, aumentando-a diuturnamente.

Atrevo-me a afirmar que não foi exatamente a corrente Bolsonaro que venceu, embora uma facada criminosa em muito tenha ajudado a crescer sua candidatura, por pelo menos dois fatores que ficaram evidentes após o ato criminoso: o sentimento de pena que impera na maioria dos corações brasileiros, acumulado com o outro sentimento, o da indignação popular a respeito da tentativa de homicídio: não podendo ser combatido no bom combate, o lado contrário a Bolsonaro resolveu elimina-lo do jogo, sem levar em conta que se a vítima sobrevivesse, como de fato ocorreu, seria transformada em mártir.

Bolsonaro e seu grupo souberam aproveitar bem essa deixa, transformando aos poucos (havia que se dar um tempo para recuperação do capitão) a vítima em herói e o agressor não só em vilão, como o representante ainda que meio desconhecido do lado de lá, o lado que não queria ser atrapalhado em suas ambições de há muito sendo satisfeitas no país.

Uma vez mais, dizem, foi a mão de Deus que salvou o Brasil. Para quem acredita, trata-se de um prato cheio e bem temperado, jogando a favor do capitão e sua grei. Para quem não acredita, ocorre o pior: o novo presidente da República é um homem de sorte, bem protegido por outras forças místicas que o salvaram da morte e o conduziram ao Planalto.

O homem certo, no lugar do certo, na hora certa, falando e prometendo o que a maioria até então silenciosa da população brasileira, andava sedenta para ouvir.

As condenações penais de velhos líderes do sistema moribundo, foram a pá de cal nas desencontradas manifestações de uma esquerda, que jamais deixou de gostar do que os nossos antepassados recentes chamavam de boa vida.

Seus sinais exteriores de riqueza material superaram o falso ideal que apregoavam às massas. Faça o que eu digo e não faça o que eu faço, é uma ordem perigosa de ser dada a quem aprendeu a ler e a escrever, além de hoje se conectar até com um certo esbanjamento nas redes sociais, onde mora a verdadeira voz do povo.

Marcelo Camargo/Agência Brasil

O que vai acontecer daqui para frente ninguém sabe. Mas, é grande a esperança da maioria do povo que votou em Bolsonaro, contingente hoje aumentado depois do que se viu nos atos públicos de antes e depois da posse, com a televisão mostrando a todo o país que uma grande mudança estava se processando, ornada ainda mais pela beleza, cultura e inteligência ímpares da nossa nova primeira-dama, que além de tudo, ao se dirigir em libras não apenas aos necessitados , mas a toda a população brasileira que a assistia, encantou o país, emocionando não só a sua tradutora (que cena, meu Deus!), como provavelmente até os mais ferrenhos adversários do seu marido, agora presidente da República.

Mas, e a economia?

Ainda é uma aposta. O novo governo mal começou. Mas, bem antes da posse, pudemos sentir os primeiros e fortes sinais de uma melhoria que não vai parar por aqui.

Porque muito da economia, para cima ou para baixo, deve-se ao astral dos mercados e estes inegavelmente estão reagindo, como demonstram os índices mais recentes da sua medição.

Acredito sinceramente que já entramos em um novo ciclo econômico, a ser comemorado a cada dia das próximas semanas, meses e anos.

Tenho para mim que o Brasil, finalmente, livrou-se das amarras que o prendiam a um imenso porto com dezenas de naus encalhadas e se desfazendo pela ação das intempéries, enquanto seus capitães jazem contando bravatas imaginárias de uma felicidade que jamais tiveram.