“Por que demorou 62 anos para o Brasil conquistar um GP de Film em Cannes e será que vamos levar outros 62 para ganhar o próximo?” Essa pergunta guiou, neste domingo (20), durante o Festival do Clube de Criação de São Paulo (CCSP), um debate que contou com a participação de Fabio Fernandes, presidente e diretor de criação da F/Nazca Saatchi & Saatchi, e Fernando Nobre, diretor de cena da Barry Company que foi jurado da premiação que consagrou o filme Leica, da agência brasileira, além de Rodrigo Saavedra, sócio e diretor de cena da produtora Landia, e Caíto Ortiz, diretor de cena da Prodigo.

O debate foi conduzido por Fernando Campos, presidente do CCSP, que fez uma análise sobre o assunto. “Antes, a propaganda brasileira era comparada com a própria propaganda brasileira nos breaks do Fantástico. Hoje, no YouTube, por exemplo, um filme brasileiro aparece junto com comerciais internacionais. Por isso, buscar a excelência virou uma questão de sobrevivência, mais além da busca por prêmios”.

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Para Fábio Fernandes, que conquistou o GP de Film com a peça “100”, criada para a Leica, prêmio que inspirou o debate, o Leão mais importante da categoria demorou a ser conquistado pelo Brasil por uma série de fatores históricos. “Anos atrás, demorávamos uns quatro meses para ter acesso aos filmes produzidos no exterior. Havia uma distância da informação. Além disso, não trabalhávamos com marcas globais, que em geral chamam mais a atenção e têm mais chances de ganhar nesta categoria, ao contrário de outras”, opinou o presidente da F/Nazca. “É mais fácil ganhar GP com a Guinnes do que com a Skol”, acrescentou.

Já Fernando Nobre ressaltou a importância de dar tempo para o amadurecimento de uma ideia e da produção para que o resultado atinja a excelência necessária que coloque um filme entre os Leões de outro e dê a chance de disputar GP. Outro ponto reforçado pelo diretor da Barry Company é o compromotimento dos profissionais envolvidos. Tem muita gente acomodada no mercado. Tem gente que está afim e gente que não está”, disse. Fábio Fernandes também interveio e deixou seu ponto de vista sobre este tema. “As agências estão focadas em entregar o trabalho e ganhar dinheiro, ainda mais em tempos de crise”, participou.

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Rodrigo Saavedra também destacou o aperfeiçoamento técnico como diferencial para fazer uma ideia vencer a maratona de chegar ao GP em um festival como Cannes. “O craft melhorou muito. O nível da produção brasileira tem crescido bastante, o que também conta”, diz.