Alê Oliveira

Vice-presidente de Integração e Inovação da DM9DDB, Igor Puga será o representante brasileiro no júri de Cyber Lions. Para o publicitário, os projetos mais interessantes na área são aqueles que se transformam em algum tipo de serviço ou entretenimento para a sociedade. Ele diz também acreditar que, com o redesenho das subcategorias de Cyber, os jurados terão mais tempo para julgar, o que é bom para o resultado final. Outro ponto que ele destaca é que Cyber precisa reconstruir seu lugar e contribuição no festival, como uma categoria que tem um território definido capaz de apontar relevância para nossa indústria. Confira abaixo algumas opiniões de Puga.

Júri heterogêneo
É um ano complicado para o júri, por termos um redesenho das subcategorias de Cyber. Craft ganhou status de categoria, Data já tinha passado por isso e temos o protagonismo de Mobile. Somado à categoria Innovation, Cyber precisa reconstruir seu lugar e contribuição no festival, como uma categoria que tem um território definido capaz de apontar relevância para nossa indústria. Como a categoria estava muito inchada, foi bom que subcategorias viraram categorias. No raciocínio que o festival está fazendo, o júri vai ter mais tempo para apreciar as peças com mais cuidado e tomar decisões mais maduras. Nesse sentido, me agrada um júri bem heterogêneo, com muitos profissionais que não são provenientes de criação, o que deve fazer um processo de julgamento mais plural. Estou animado.

Mais tempo
O que mais me incomoda hoje em júri é essa história de você ter de cumprir um prazo supercurto e julgar muita coisa. Todo mundo pensa no raciocínio inverso. Por que tem múltiplas categorias? Do ponto de vista do jurado, é o contrário. Que bom ter múltiplas categorias, porque você tem mais tempo para julgar e menos peças. Estou feliz por estar no júri de Cyber por isso também.

Rethink ornament
Os cases marcantes são aqueles que eu só vou saber no processo de júri. Ficamos muito inclinados a premiar alguns projetos de repercussão internacional, que tivemos acesso previamente, vide sua popularidade, e deixamos de valorizar ações em países e mercados que possuem insight e execução dignos de serem notados. Mas, para não ser o ranzinza, gosto muito do case de Rethink Ornament, uma iniciativa canadense que polariza muito as pessoas: ou gostam muito ou odeiam (a campanha criada pela Rethink transformou o celular em um enfeite da árvore de Natal. Eles desenvolveram um acessório para pendurar o smartphone na árvore e um app com ornamentos animados. A ideia é que as pessoas deixem o celular de lado para se confraternizar com a família e amigos).

Serviço ou entretenimento
O que me agrada são os projetos que parecem perenes e quando viabilizados se transformam em algum tipo de serviço ou entretenimento que perdure por meses e anos e não aqueles factoides que, ainda sendo incríveis, tenham o mérito de encantar ou engajar por alguns meros segundos na vida do consumidor.

Julgamento
Insight, execução e resultados são a tríade de qualquer julgamento, mas me preocupo muito com a relevância e verdade dos problemas diagnosticados – que são o ponto de partida na condução dos cases.

Participação brasileira
Com essa diluição de muitas categorias na área digital, é difícil fazer um prognóstico sobre como será a participação brasileira nesta edição. De qualquer modo, em função da crise, creio que teremos mais aproveitamento entre inscrições e prêmios que nos anos anteriores – as agências brasileiras devem estar mais seletivas nas inscrições, num filtro prévio mais austero. Agora, em número absoluto de metais, não fico confortável em prever algum resultado.