Alexis Thuller Pagliarini

O filme é bem antigo (1990), mas quem assistiu ao belo Campo dos Sonhos, que teve Kevin Costner como protagonista, certamente se lembrará. Vozes vindas do milharal de um fazendeiro americano apaixonado por baseball o fazem construir um campo de baseball no meio do nada.

Vou poupá-lo de uma narração total do filme, mas o que interessa é que, para surpresa dos familiares e de todos, o campo atrai gente de todos os lugares.

Uma viagem a Campos do Jordão, uma semana atrás, me fez recordar o filme. Explico: eu vou a Campos com frequência e chega um ponto que você começa resumir sua ida a um programa gastronômico e “beberônico”.

Isso mesmo: você sente que já viu tudo e começa a curtir muito mais os comes e bebes e o interior das casas de Campos (principalmente quando você tem anfitriões fantásticos como os meus).

É claro que tem uma caminhada por trilhas bacanas. Tem também inescapáveis idas ao centro (Capivari) para uma olhada geral e… comer e beber… Mas nessa última ida a história foi diferente. Fomos conhecer uma das mais novas atrações da cidade: o Amantikir.

Na verdade, não é tão nova assim. O parque já tem uns quatro anos de vida. São 26 jardins, com 700 espécies de plantas, espalhadas com muito bom gosto por 60 mil metros quadrados.

É uma experiência que mistura botânica com arte e cultura. E tem jardim para todos os tipos de gostos. Você encontra um lado lúdico, com o labirinto de plantas; o lado romântico; o lado geográfico, com os jardins japonês, inglês, austríaco, alemão e chinês, se é que eu me lembrei de todos os temáticos. E tem muito mais, mas não vou relatar aqui porque o objetivo deste artigo é outro que não ser mais um guia turístico.

Refiro-me ao lado empreendedor desses visionários que criaram mais uma opção para os turistas que querem algo mais do que sentir o ar da montanha e beber e comer… Por um acaso, tive chance de conhecer alguns dos idealizadores do empreendimento e posso afirmar que o sucesso da iniciativa já está estimulando outras “aventuras” nesse campo. E é assim que funciona: “construa que eles virão”.

Estive recentemente na Disney, a convite dos próprios gestores do parque, e conheci melhor o megaempreendimento e sua história. Walt Disney viu num terreno pantanoso, de pouca atratividade para investidores imobiliários, a chance de empreender o seu sonho e dar vazão às suas ideias fantásticas além de Hollywood. E foi assim que nasceu o Disney Parks & Resorts, em Orlando.

Não preciso dizer o que aconteceu. Aliás, já expus os números impressionantes do complexo Disney em um artigo recente, aqui neste espaço. Eu acho que iniciativas visionárias como essas – de proporções variadas, mas sempre com empreendedores corajosos por trás – servem de exemplo para os nossos negócios. Construa que eles virão! Crie um novo conceito que você realmente acredita e vá fundo!

Sei que esses tempos bicudos são um tanto quanto desanimadores, mas será que a hora de ousar não é agora? Ninguém queria as terras pantanosas de Orlando e, por isso mesmo, Walt Disney as escolheu. Não seria viável plantar um parque com as dimensões pretendidas na Califórnia, por exemplo. O preço da terra seria proibitivo.

E quem foi o maluco que achou que podia criar o maior centro de cassinos do mundo no meio do deserto? Mas eles construíram e as pessoas foram até eles.

Já enfatizei por aqui mais de uma vez o potencial que esse ‘Brazilsão’ tem, mesmo com essa sensação de terra arrasada que os sucessivos escândalos de corrupção nos passa. Mas não penso no potencial literal, de se empreender no universo de entretenimento e turismo.

Penso num potencial muito mais abrangente, de um país de dimensões continentais, com mais de 200 milhões de habitantes e sem a ameaça de desastres climáticos. Um país que deverá ressurgir das cinzas e voltar para o patamar de potência emergente. Não é um ufanismo barato. Há sinais de tempo bom por trás das nuvens carregadas do momento. “Construa”, que as coisas boas virão!

Alexis Thuller Pagliarini é superintendente da Fenapro (Federação Nacional de Agências de Propaganda)