Alê Oliveira

Se há um segmento de mercado que tem a obrigação de vender otimismo, esse é o da comunicação do marketing. 

É chegado o momento de prepararmos a comemoração de uma nova fase política para o Brasil, com os embusteiros próximos do fim e a perspectiva de um novo governo se instalando, com outra visão de mundo e sem arrogância. 

Os que prometeram o paraíso esqueceram de acrescentar que era para eles a promessa. Conseguiram com a sua desfaçatez quase quebrar o país e não apenas pelo aspecto econômico. Provocaram e prosseguem provocando a inversão da verdade, que sempre vem à tona por mais fundo em que esteja. 

Sem dúvida devem ter confundido muita gente simples do povo com as suas empulhações, com a sua retórica repetitiva a respeito das circunstâncias que eles próprios criaram. 

Como já se disse aqui, usam de um jogo com regras previamente combinadas, onde prevalece (para eles) a tese de Goebbels sobre a mentira mil vezes repetida que vira verdade. 

O bordão de que o impeachment é golpe foi o mais recorrido, aproveitando uma certa dificuldade de compreensão por parte dos segmentos mais desassistidos da população – que eles juram proteger como nunca antes neste país e que basta dar uma volta apenas por São Paulo para se ver o quanto se multiplicaram esses grupos de pessoas –, a respeito dessa figura jurídica que consta da nossa Constituição da República e sob a qual ficam sujeitos os governantes que, dentre outros, cometem crimes de responsabilidade. 

Outros bordões são também com frequência utilizados, chegando a causar enfado e até revolta em quem já não se deixa mais enganar pelos farsantes, além daqueles que neles jamais confiaram. 

Um dos mais ridículos reside na repetição do número de votos que teve a presidente Dilma Rousseff nas eleições de 2014, por sinal o mesmo número que coube ao seu vice, em vias de assumir o poder. 

Mesmo que S.Exa. houvesse tido 99,9% dos votos, ou até mesmo 100%, hipóteses absurdas, mas apenas para fins de raciocínio, estaria sujeita ao impeachment caso houvesse praticado crimes de responsabilidade como aqui ocorreu. 

Há outro bordão que “praticam” e se configura em uma espécie de omertà, através do pacto de silêncio sobre os malfeitos que toda a quadrilha pratica (e nesses crimes de corrupção não enquadramos Dilma Rousseff, pelo menos de forma direta). 

Muito dificilmente seus integrantes quando vêm a público comentam sobre esses malfeitos (que julgavam serem benfeitos). Quando instados, mesmo os seus simpatizantes, tergiversam, mudam de assunto e preferem falar em golpe, nos 54 milhões de votos, nos indiciamentos de Eduardo Cunha (cujo dia também chegará) e, o mais insensato de todos os argumentos, a afirmação de que outros governos também fizeram. 

Collor, por exemplo, fez. Foi um caso infinitamente menor se comparado à roubalheira que vem vindo à tona nestes últimos meses e da qual tudo indica que pouco ainda sabemos. Mas fez. E pagou caro por isso, o mesmo preço que Dilma Rousseff está prestes a pagar com as suas pedaladas fiscais não permitidas pela legislação do país. 

Como se recorda – e de forma que agora não se repete, em colossal contradição de princípios –, Collor foi despachado da Presidência da República por pressão diuturna do mesmo partido político hoje na contramão da própria história.

A luta pela manutenção do poder – para não dizer do momento de conquistá-lo, que já ficou para trás – levou seus mentores a uma grotesca incoerência e isso a população não perdoa. 

Voltando aos dois parágrafos iniciais deste editorial, chegou a hora de a atividade publicitária, muito retraída – e de forma até compreensível nestes últimos tempos -, dar a sua valiosa contribuição para rapidamente o Brasil ser reconstruído. 

É através dela que os negócios são em grande escala ativados. É ela que impulsiona o consumidor para as compras e, se ele hoje padece de falta de recursos como nunca antes tenha ocorrido em nosso país, cabe a ela comunicar as mudanças na concessão de créditos que sem dúvida ocorrerão neste novo país que já se vislumbra no horizonte. 

Falta pouco, mas não podemos deixar as providências de reerguimento para a última hora. Se Churchill acenou com sangue, suor e lágrimas para os ingleses bombardeados pelos nazistas, nosso empresariado mais que nunca deve usar a força da comunicação para apressar a reconquista de um mercado sempre favorável quando seu povo trabalha e se expande sem apreensão, certo de que seus governantes podem até não acertar procurando fazer, mas agem com a melhor das intenções. 

Não se trata de utopia, mas da primeira e mais essencial obrigação de qualquer liderança. 

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Ney Lima Figueiredo, sócio da Metro 3 que originou a DPZ em 1968, trabalhando depois na Almap de José de Alcântara Machado e Alex Periscinoto, lançou na última sexta-feira (29), na Universidade Mackenzie (SP), seu novo livro 1989 – A Fiesp e os empresários na eleição de Collor, editado pela Manhanelli Editorial. 

A obra, que explica muito do atual momento do nosso país, contém a íntegra de um debate pré-eleitoral na Fiesp com a presença de Olavo Setúbal, Miguel Reale (pai), Bolívar Lamounier, Josaphat Marinho, Abílio Diniz, José Carlos de Figueiredo Ferraz, Roberto Magalhães, Cirne Lima e Nelson Marchezan, dentre outros. 

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Elogiável decisão da diretoria comercial da TV Record, congelando sua tabela de preços até março de 2017 tendo em vista o cenário econômico que o país atravessa. E que, na opinião do PROPMARK, começará a apresentar melhoras já a partir dos próximos dias. 

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Importante matéria de responsabilidade do jornalista Paulo Macedo nesta edição, abordando o atual momento da TV Aberta, protagonista das verbas de mídia dos principais anunciantes do nosso mercado. 

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A edição comemorativa dos 51 anos do PROPMARK circulará no dia 23/5, com roteiro editorial desenvolvido pelo diretor de Redação Marcello Queiroz, onde se destaca o registro de 51 boas ideias publicitárias, aquelas que mais sucesso de memorização tiveram junto ao público consumidor brasileiro de todos os tempos. 

É evidente que em uma lista restrita ao número de anos vividos pelo PROPMARK e abordando temas famosos de um mercado publicitário extremamente criativo de uma economia situada entre o 7º e o 8º lugar no ranking mundial, muitos deles estarão ausentes. 

Inegável, porém, que os 51 escolhidos por Queiroz não podem ser contestados na contribuição dada à construção do repertório criativo da propaganda brasileira e mundial.

Armando Ferrentini é diretor-presidente da Editora Referência, que edita o PROPMARK e as revistas Marketing e Propaganda