“Quem nunca clicou o ‘skip the ad’ em um canal do YouTube, ou acredita estar muito distante de assistir filmes ou seriados em plataformas online, como o Netflix, sem comerciais durante a exibição?

As marcas que estão fortemente presentes em séries como ‘House Of Cards’ nos ajudam a entender a trama e a nos identificarmos com os personagens de maneira orgânica. A publicidade interruptiva deixa de fazer sentido para uma audiência que já possui ferramentas para evitá-la. A relação entre o consumidor hiperconectado e as novas plataformas de distribuição de mídia está cada vez mais direta, e a comunicação por conteúdo de marca evolui ao entender que é preciso investir em segmentação com base no que as pessoas são, de olho na segmentação com foco no que elas estão fazendo no momento.

Ironicamente, a tecnologia começa a nos permitir aprofundar as relações e torná-las mais pessoais. Indivíduos escolhem a plataforma pelas quais vão se engajar na história (naquele momento) e qual aspecto daquela narrativa lhes interessa conhecer mais profundamente e eventualmente compartilhar com sua rede.

Como disse o escritor americano Alvin Toffler, ‘mudança é o processo no qual o futuro invade nossas vidas’.

O live marketing que promove experiências de marca por meio das sensações humanas é uma das atividades que, com muita propriedade, poderão assumir a vanguarda e se beneficiar deste momento onde acompanhar as mudanças é imperativo.

Independentemente da ferramenta utilizada, ao associar-se ao transmídia storytelling o live marketing valoriza a experiência ao vivo da marca, produto ou serviço, com maior engajamento e resultados imediatos, que poderão continuar acontecendo em outros meios até uma nova ação ser deflagrada.

Neste cenário surge uma grande oportunidade cujo foco está na produção audiovisual, que vive seu melhor momento com maior demanda de produções nacionais (Lei 12.485/11) e um novo sistema de financiamento público e privado para sua viabilização.

O crescimento da base de assinantes de TV paga somado ao desenvolvimento dos serviços de vídeos por demanda, além da expansão da banda larga fixa e móvel, irão gerar centenas de novos filmes, séries, minisséries em live action ou animação que por meio de suas histórias e personagens vão entreter e engajar a audiência, criando oportunidades sem precedentes para marcas, produtos e serviços muito além do tradicional licenciamento de marca ou branded content. Pois o transmídia storytelling trará longevidade a estas produções para um público que, cada vez mais, procura entretenimento e informação a qualquer hora, em qualquer lugar, em qualquer dispositivo e, muitas vezes, usando mais de um dispositivo.

Colocando na prática este assunto, que tem sido objeto de muitas teorias, acabamos de estrear a série em animação ‘Zica e os Camaleões’, no Nickelodeon, que viajará por 51 países na América Latina falando com um público pré-adolescente por meio da história de uma garota conectada e cheia de atitude que se expressa pela sua arte. A personagem sai da tela convencional e gera clipes no YouTube, eventos presenciais como shows de uma banda cover, oficinas de stencil e live painting que permitem que a audiência vivencie o universo da personagem, acesse games que proporcionam imersão neste universo com maior engajamento, livros ‘escritos’ pela Zica e, por meio das redes sociais, seu vlog ou em breve sua rádio, seguidores poderão conhecer melhor a personagem, o que ela pensa e o que ela faz.

As marcas passam a poder centralizar informação, entretenimento e negócios em um personagem que, por meio do live marketing, poderá disseminar tendências, estilo e comportamento jovem para um público que pode criar sua própria leitura e seu próprio modo de apropriar-se da história.”

* Entre em contato com o autor, que é fundador da Conteúdo Diversos, no email sergiolopes@conteudosdiversos.com.br